XXVI

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Já era quase 23h quando ele entrou em contato comigo. O John estranhou o fato de a ligação ter sido para o meu celular ao invés de ser para o dele, mas qual o problema? A pessoa mais interessada em saber o rumo das investigações era eu e nada mais natural do que não ter intermediários omitindo fatos.

- Desculpe te acordar.

- Eu não consegui nem pensar em dormir. Estava angustiada esperando a sua ligação.

- Posso dar uma chegadinha aí? Vou demorar um pouco ainda, mas preciso te ver.

- Claro que sim. Estou te esperando.

Comuniquei ao porteiro que podia liberar o acesso do delegado, mesmo sabendo que ele não seria barrado. O John havia pego no sono na minha cama e eu o deixei sozinho. Abri a porta da sala para que não fosse despertado com o barulho da campainha.

Estava com um baby-doll curto e até um pouco transparente, mas diante da situação, não me incomodei em trocar de roupa. Vesti um hobby do mesmo conjunto e encolhi-me no sofá aguardando ansiosa. Ele realmente demorou de chegar e terminei cochilando sem querer. Dedos percorreram o meu rosto e eu despertei assustada. Minhas pernas tremiam e meu coração disparou antevendo o pior. O Alvarez cobriu a minha boca fazendo um barulhinho, pedindo que eu fizesse silêncio e eu me tranquilizei um pouco abraçando-o.

O que será que deu em mim para que eu me tornasse essa mulher insegura e cheia de carências? Ou melhor, uma mulher que demonstra que as sente? Ele sentou ao meu lado envolvendo-me e afastou os cabelos do meu rosto encostando os lábios nos meus com docilidade. Falou baixinho:

- O John está aí?

- Dormindo. Ele ficou muito estressado quando contei a reviravolta do caso.

- Ele é a 1ª pessoa que eu vejo dormir quando fica estressado. Deveria ter ficado de olho em você...

- Deixa o John quieto. Eu estava precisando ficar sozinha e ele não parava de falar criando situações. Até sugeriu pintar o meu cabelo e mudarmos de cidade.

- Isso é bem a cara do John. Se eu não o conhecesse tão bem, até ia achar que estava apaixonado por você.

- Queeeee nada!! Como te disse, apenas bons amigos. – Falei exagerando um pouco e certamente, sagaz como é, ele notou.

- Uma ressalva: Você está proibida de cogitar mexer nos seus cabelos. – Ele acariciou uma mecha enrolando-a no dedo.

Abaixei os olhos envergonhada.

- Posso usar o seu banheiro? Queria passar uma água no rosto. Estou na rua desde muito cedo e parece que tem um quilo de poeira entranhado em mim.

- Claro que sim. Tem umas toalhas limpas lá e tudo o que você pode precisar para tomar um banho decente. Fique à vontade e use o que quiser. Estarei bem aqui te esperando...

Ouvi o chuveiro se abrir e o perfume do meu sabonete líquido de mel espalhou-se pelo ambiente. Imaginei o corpo dele despido e cheio de espuma. O centro entre as minhas pernas se contraiu e instintivamente apertei as coxas tentando reprimir a excitação, o que só a ampliou em níveis ilógicos. Mordi os lábios e fechei os olhos ansiando por ser tocada. Escondi as mãos espremendo-as e curtindo a ânsia. Quando os abri dei de cara com o delegado de pés descalços e enxugando os cabelos com a toalha. O movimento era másculo e muito sexy. Os botões de cima da sua camisa estavam abertos, mas cobriam a sua pele deixando-me curiosa quanto ao que escondia. Fiquei sem-graça e ele manteve-se sério, vindo em minha direção. Pôs a toalha sobre uma cadeira e já deitou arrastando meu corpo para debaixo do seu.

Não estava conseguindo racionar e quando a língua dele invadiu a minha boca, minhas pernas o circundaram fazendo com que os nossos sexos ficassem em contato. Senti a sua ereção e o persistente pressionar como se já estivéssemos no ato sexual. Suas mãos abriram meu hobby e ele desceu a cabeça em direção aos meus seios. Sentir a barba dele raspando a minha pele me deixava ainda mais inflamada. Afastei as alças da peça dando-lhe livre passagem para as carícias. Fui beijada com ardor e recordei-me da última vez que havia me permitido experimentar essas sensações, para mim, íntimas demais. Minha respiração estava acelerada e ele parou de me beijar ficando em alerta por alguns segundos. Colocou a minha roupa de volta no lugar e me sentou fazendo com que parecesse composta.

Adeus, tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora