XXXIV

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Nosso dia foi o mais lindo que já vivi. Nunca havia caminhado de mãos dadas com um homem saboreando a intimidade de estar verdadeiramente junto. Visitamos o Morro do Elefante, uma fábrica de chocolates que não consigo lembrar o nome, a cervejaria Baden Baden e até andamos de teleférico podendo ser agraciados com a beleza da cidade sendo vista do alto. O dia terminou sendo curto para tudo o que tivemos vontade de conhecer e terminamos sentando no Bistrô da Dona Anjinha já por volta das 20h.

Fomos recebidos com a costumeira amabilidade e eu estava incontida para entregar a Carol a lembrancinha que havia levado para ela. Havia lido o 1º volume da trilogia em um dia, mas com a chegada do Caleb a leitura deixou de ser uma prioridade e eu estava doida para ver a carinha dela quando recebesse os outros dois exemplares. A empolgação dela e a dificuldade de adquiri-lo, tendo em vista que havia esgotado nos sites de compra, eram tamanhas, que me senti fazendo uma boa ação. Assim que chegasse em São Paulo providenciaria outros para mim, afinal de contas, agora é que eu preciso mesmo ler e anotar algumas dicas para apimentar a minha relação. Sei que parece meio precipitado da minha parte, mas estava muito claro que ele queria muito mais do que encontros furtivos regados a sexo e promessas vazias. Ele me fitava com um sorriso estampado e eu não resisti:

- Desculpe por mais cedo, por fazê-lo remexer o passado. Você me parece bem mais à vontade agora.

- Como te disse, mantenho-o no lugar em que deve estar, mas... Conheço alguém que ficou bem à vontade quando recebeu uma massagem hoje mais cedo...

- Você utilizou uma técnica bem safada.

- Que tinha um objetivo! O de oferecer novos caminhos de expansão de consciência através da estimulação de genitais e zonas erógenas. São tantos os benefícios que poderia ficar aqui falando sobre isso por horas sem repetir um único argumento.

Ele continuou explanando enquanto eu folheava o cardápio. Podia até parecer que estava desinteressada no assunto, mas a verdade é que eu estava ruborizada por estar sentada em um ambiente público com um homem lindo e másculo falando sobre um assunto tão íntimo. Eu e os meus pudores...

- Quero um submarino duplo, bolo de cenoura com muita cobertura de chocolate e aqueles pasteizinhos de forno de queijo. AH!! Quero também aquela porção de mini hambúrgueres de picanha. E você?

Ele sorriu.

- Acho que estou te matando de fome e que você já pediu comida por nós dois.

- Nem pense em mexer na minha comida. Cada um com o seu prato!

- Vendo você falar assim vou achar que você passou fome na infância.

- Eu passei fome a vida inteira. Tinha dias que eu ficava a base de alface e maçã. Tem ideia do que isso representa?

- Mas sua fase de modelo ficou para trás tem quanto tempo?

- Cinco anos, mas isso não quer dizer que eu tenha abandonado o hábito de comer igual a um pinto.

- Está justificado e você vai ter que encarar um problema dos grandes.

- Medo, terror e pânico.

Ele gargalhava batendo com os punhos sobre o tampo da mesa.

- Diga logo qual é. Vai me forçar a fazer dieta, é isso?

- Pelo contrário. Eu amo comer e só não tenho embates com o peso porquê sou viciado em atividades físicas.

- Hummm... essa parte eu já percebi, apesar de achar que você ficou cansado demais com o pouco de exercício que fizemos hoje pela manhã.

- Eu não estava cansado, estava exausto. Você sugou toda a minha energia com aquela fome matinal.

Adeus, tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora