TRINTA E QUATRO

8.5K 640 39
                                    

Wade


Era tarde quando entrei no quarto de Rhea e atei seus pulsos.

A princípio, ela ficou imóvel, encarando a corda em minhas mãos. Por fim, pareceu travar uma árdua luta interna antes de se deitar na cama e erguer os braços para a cabeceira.

– De novo? – perguntou ela com uma sobrancelha arqueada. – Acha mesmo que eu vou sair de madrugada e dirigir com essa chuva toda?

– Já parou para pensar que talvez eu goste de te ver bem atada? – perguntei só para implicar com ela enquanto conferia o nó da corda e se a estava machucando. A verdade era que eu decidi empurrá-la o quanto pudesse. Já veríamos no que aquilo iria dar.

– Claro que já pensei. Mas nesse caso você vai ficar aqui comigo?

Eu vi que seus olhos imploravam e desviei os meus.

– Não. Mas preciso dormir e não vou arriscar deixar você solta.

– Deite comigo, Wade. Podemos distrair um ao outro hoje.

Eu passei a mão pelos cabelos dela como se estivesse lidando com uma menininha.

– Melhor não. Vou deixar as portas dos dois quartos abertas. Qualquer coisa, me chame.

Eu não queria deixá-la ali sozinha, mas precisava. Vi quando ela olhou na direção do livro, talvez pensando que já não poderia se perder nele para não pensar. Foi por isso que decidi voltar ao plano original, o de deixá-la com a mente limpa do sexo e, agora, das leituras. Ela focaria no que se passava entre nós e, esperava eu, refletiria sobre o que estava fazendo ali, atada e na cabana de um homem que não estava nem aí para ela.

– Quero que me prometa uma coisa, Rhea – falei, baixando o rosto até o dela. – Quero que pense a respeito do que quer de mim. Quero que analise com cuidado se precisa mesmo me esconder coisas, se o que você procura de Clayton vale a pena, mesmo que se trate só de negócios.

– Não vou pensar que nós dois podemos ter um futuro juntos, Wade.

– Eu não pedi para que você pensasse nisso – retruquei. – Se você me prometer pensar no presente e esquecer qualquer que seja o passado, eu me encarregarei do futuro.

Ali estava, a confusão no olhar dela. Confusão e algo mais. Satisfeito por enquanto, beijei-a na têmpora e me ergui.

– Deixe a vela acesa – ela pediu.

– Para a cabana pegar fogo enquanto dormimos? Está louca? – perguntei, fechando a jaqueta que ela ainda usava e vestindo-a com as calças que até agora ela deixara de lado.

A noite estava gelada e sem luz eu não poderia ligar a calefação, então busquei um par de meias meu e enfiei nos pés dela antes de cobri-a com a manta.

Ela não disse nada.

Levei a vela dela comigo, deixando-a presa na escuridão.

E, por algum motivo, eu soube que ela nunca teve medo das sombras da noite, e sim das que levava dentro de si.



Eu disse que a Rhea acabaria atada de novo, não disse? O problema vai ser enfrentar a noite toda sem dormir. Vamos ver, no próximo capítulo pode ser que o Wade entenda mais algumas coisas.

Se estiverem gostando, já sabe: comentários, votos, adicionamentos nas listas e indicações são muito bem-vindos! Obrigada!

FUROROnde histórias criam vida. Descubra agora