TRINTA E OITO

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Rhea


Quando Wade saiu, eu revirei a cabana inteira.

E, desta vez, não estava preocupada em tirar a roupa, mandar beijinhos de provocação ou sorrisos maliciosos em direção às câmeras de segurança para o caso de Clayton ou sua esposinha assistirem às gravações depois.

Wade cuidaria de esconder meus rastros pessoalmente, eu sabia. Ele não permitiria que o cunhado ou a irmã interferissem nos nossos assuntos agora.

Nossos assuntos, pensei, confusa em relação ao que isso queria dizer. Não haveria nada entre nós quando deixássemos este lugar e ainda assim eu não sabia o que pensar quanto às atitudes daquele homem.

Nem deveria perder tempo pensando nisso, de qualquer forma. O que importava era focar no que eu viera fazer e, se conseguisse ter sorte, encontrar o necessário para ir atrás de Clayton depois.

Aí nós dois teríamos uma última conversa, e aquela merda toda seria encerrada.

Arrastei cada móvel, passei os dedos por cada fresta. Fiquei por uma hora inteira nisso e nada de útil apareceu.

Fui do escritório à cozinha, da cozinha à sala, da sala aos banheiros e quartos. Então refiz o mesmo caminho, procurando nos mesmos lugares e em novos, além de dar um pulo na garagem antes de voltar para o escritório, onde revirei mais e mais papeis.

Eu estava exausta.

Voltando a me sentar na cadeira de Clayton, pus os cotovelos sobre a mesa e apoiei o rosto nas mãos, sem saber mais o que queria encontrar.

Era foda procurar por algo sem saber exatamente o que. E a dor por trás dos meus olhos estava insuportável, o que não ajudava em nada.

Wade. Não queria fazer o que ele pediu. Espairecer significaria deixar de lado meu objetivo e me focar no que aconteceu entre nós dois em tão pouco tempo, o que estava completamente fora de questão.

Eu não poderia deixar o passado para trás, tampouco permitir que as sombras que me perseguiam fossem afastadas.

Eram elas que me impulsionavam. Eram elas que exigiam a justiça.

Decidida a seguir em frente com aquilo apesar do cansaço, virei-me para o arquivo fechado à chave, destruí o cadeado e procurei mais.

Não havia muita coisa, já que aquela era uma casa de campo, planejada exclusivamente para Clayton levar as amantes e a esposa. Uns poucos papéis velhos e que não me serviriam de nada, apenas isso.

Ergui a cabeça, olhando para a estante. Não encontraria nada entre os livros uma vez que eles poderiam ser manuseados por qualquer um, mas ainda assim tentei.

Retirei o que havia nas primeiras duas prateleiras, amontoando tudo no chão conforme verificava cada livro.

Nada também.

Por fim, quando eu já estava desistindo, olhei para cima, e na última prateleira em que eu ainda não havia mexido, vi uma coleção de livros clássicos. Ao alcançá-los, um em especial escapou da pilha e caiu aos meus pés.

Era um volume antigo de Alice No País Das Maravilhas.

Com o coração disparado, abaixei-me e alcancei o livro.

Dentro dele, na primeira página, havia a frase que eu já esperava encontrar, em letra caprichada e feminina.


Com todo o meu amor, Sarah.


Por Deus, então era verdade.



Olá. Sei que demorei mais a retornar do que pretendia. Questão de saúde, depois a família, e então falta de tempo e concentração. E quando pensei que poderia ser melhor retirar a publicação da obra e republicá-la para avisar vocês, não sabia que todos os capítulos ficariam em rascunho. Então peço desculpas pela demora e também pela quantidade de notificações que vocês devem ter recebido de ontem para hoje.

CeciliaCafe18user19902401galvaolupereiraisabelstosgostosaIviBelchior1helenzinhaalvesRibeGeizyGiselleLeandro3AmandaAlonso830gabrielyDuarte202joene09 e user23227639, obrigada pelos comentários no capítulo de AVISO, de melhoras e pedidos de retorno. Não respondi por lá, mas o farei aqui: melhorei, aproveitei a minha avózinha e não esqueci dos leitores de Furor nunca. :)

Os capítulos continuarão pequenos como antes, com postagem todos os dias a menos que haja algum imprevisto. Prometo que não foi por querer o meu afastamento, senti muita saudade.

Um grande beijo

Ary

FUROROnde histórias criam vida. Descubra agora