SESSENTA E SETE

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Wade


Com uma dor de cabeça dos infernos, voltei para a sala de estar à procura de Dana.

Um dos funcionários assumiu o posto de ficar no corredor enquanto Rhea descansava. Deixei-o com instruções específicas de permanecer com ela e, qualquer problema que acontecesse, ou no caso de ela acordar, ele iria me ligar que eu viria.

Inspirei fundo e olhei o relógio. Aquele dia dos infernos mal tinha começado e ainda havia muito que fazer até ele terminar. Não deu tempo de eu verificar nada sobre os preparativos do velório, nem de saber se Dana já tinha entendido sua nova realidade de viúva.

Mesmo assim, eu sabia que tudo ia se ajeitar ao fim. Inclusive com Rhea, que precisava de tempo para ver que agora poderia seguir adiante. Por Sarah, por mim, e principalmente por ela mesma. Clayton, mesmo não tendo pagado pelo seu crime, já não prejudicaria ninguém mais, e eu cuidaria para que ela quisesse resgatar seus antigos sonhos, além de criar novos comigo.

Já Dana também teria de voltar à sua vida. Uma vida que seria bem melhor, sem dúvida. Superamos as mortes dos nossos pais, pessoas que eram boas, que nos faziam falta até hoje. Clayton não era uma boa pessoa, e estava mais preocupado com a empresa e com as trepadas fora de casa do que com a própria esposa. Minha irmã reconheceria isso com o tempo e então seguiria em frente.

Quando cheguei à sala, vi que Dana havia voltado a se acomodar no sofá e a secretária de Clayton continuava perto, olhando-a com uma expressão irritada.

– Como ela está? – perguntou Dana assim que me viu. Parecia ainda entorpecida com toda a situação.

– Finalmente dormiu.

– Vocês se entenderam, então? Estão juntos?

Eu assenti. Então considerei se deveria explicar sobre Clayton talvez ter sido um assassino ou não. Era importante para que ela entendesse os motivos de Rhea, ainda mais quando as duas estariam na vida uma da outra de forma mais permanente. Além disso, Dana havia ouvido tudo o que foi dito aos gritos e mais tarde poderia se lembrar e questionar.

No entanto, contar-lhe tudo agora estava fora de questão. Seria um novo golpe em seu frágil estado de recente perda. Era melhor eu esperar pelo menos até ela assimilar e se acostumar com o fato de que o desgraçado morreu.

Como se lesse meus pensamentos, Dana murmurou:

– Não sei como isso pode ter acontecido. Não era para Clayton ter partido, não era...

Ela se interrompeu e seus olhos se encheram d'água. Minha irmã finalmente estava entendendo o que aconteceu.

Sentei ao lado dela, ignorando o latejar nas têmporas, e segurei sua mão entre as minhas.

– Vamos lidar com isso, Dana.

– Meu Deus, Wade, eu ainda não entendo...

– Não há o que entender, Sra. Bryant – disse a secretária de Clayton. Linda era o seu nome, se eu não estava enganado. – O seu marido estava na casa de uma mulher e resolveu andar pela rua de madrugada num lugar perigoso. O quanto antes a senhora aceitar esse fato, mais rápido irá conseguir fazer o que tem de ser feito.

Foi ali que eu entendi que Linda na verdade estava furiosa devido unicamente ao ciúme. Claro, Clayton estava com outra mulher, o que não me surpreendia.

– Fazer o que tem de ser feito? – Dana repetiu. – O que seria isso?

A secretária não respondeu na hora. Só olhava para Dana. Então, agarrou a agenda em que estava organizando tudo e, antes de sair, parou em frente à minha irmã. Com os olhos fixos nela, disse num tom mais baixo, carregado com o menosprezo de sempre:

– Enxugue esse rosto e se recomponha. Ninguém jamais conquistou alguma coisa com lágrimas.

Enquanto Linda alcançava o corredor e desaparecia nos fundos da casa, Dana empalidecia.



Estamos na reta final de Furor e eu estou apavorada! rsrsrsr É que eu espero não apanhar, e mais que isso, espero que vocês gostem. :) Vamos ver se tenho sorte ^^

FUROROnde histórias criam vida. Descubra agora