EXTRA - PARTE UM

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Eu pretendia tirar férias e responder os comentários. Ainda não fiz nem uma coisa, nem outra. Vocês pediram uma história para o Roger, e a ideia me agradou. rsrsrsr Não a de um livro, mas a de um final, curtinho. Esta é a primeira de, no máximo, três partes. Espero que gostem!


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Alice

Quatro anos antes


Só entendi o que sentia por Roger quando cheguei à adolescência. Na época, meu coração ficou esquisito, porque estava diante do meu amigo, mais irmão e protetor do que qualquer coisa, e, de uma hora para outra, tudo se mostrou diferente.

Roger se tornara o meu primeiro amor.

Ele era quase cinco anos mais velho, mas a meu ver isso não era um problema. Nossas famílias se reuniam em churrascos de domingo e datas comemorativas, e desde nova ele cuidava de mim no meio de tantos primos e irmãos que tinham mais o que fazer do que ficarem com a caçula.

Eu gostava da companhia dele. Alguém paciente que não se importava em responder minhas milhares perguntas ou mesmo aturar a minha perseguição constante para onde quer que ele fosse.

Mais tarde, depois de anos amando-o em silêncio, finalmente percebi que ele sempre me consideraria apenas uma amiga querida. E que seria cuidada e protegida como tal, principalmente quando eu fosse morar na mesma cidade que ele para estudar.

Lembro-me de afogar as minhas mágoas em todas as sobremesas que a tia Esme fez na cozinha do restaurante dela durante aquele período. Estava completamente arrasada, e disse a mim mesma que só o que me restava era guardar meus sentimentos. Focaria na nossa amizade dali por diante, e assim ninguém se magoaria.

Assim seguimos até eu ser apresentada a Sarah, a nova namorada de Roger. Ao por meus olhos sobre ela, engoli a dor de saber que o havia perdido de verdade. Sabia que, diferentemente das outras, a ela eu nunca poderia substituir.

E então, poucos meses depois, ele me chamou para almoçar. Exultante, contou-me que Sarah estava grávida e avisou que eu seria a madrinha. Meu coração se encheu de amor e expectativa. Doía, claro, porque eu ainda o amava, mas direcionaria todo esse amor a um novo serzinho, a uma parte do homem que sempre estaria no meu coração. Seria a melhor madrinha do mundo para o meu afilhado ou afilhada.

Nem chegamos a ver seu ventre se expandir e Sarah e seu bebê morreram. Ficamos em luto, Roger e eu, mas eu me obriguei a ser forte e cuidar dele.

Era ele quem precisava de mim desta vez.

Roger se isolou em minha casa, sem acreditar que Sarah havia tirado a própria vida, muito menos a do bebê deles. Ele não conseguia superar a perda, e eu acompanhei seu sofrimento dia após dia, por quase três meses.

Até ele resolver entender o porquê de a mulher que ele amava ter feito aquilo. Roger sabia que Sarah se envolvia com Dana Bryant quando o conheceu, e pretendia falar com sua ex, descobrir se havia alguma coisa que lhe escapara e que a outra soubesse. Também sabia que havia uma amiga e os tios de Sarah, com quem poderia conversar.

Ele preferiu começar pelos tios. Sabia que não eram chegados à Sarah, mas se queria entender a motivação dela, era melhor começar por sua infância.

Foi à casa deles e não havia ninguém. Conversando com os vizinhos, descobriu que eles tinham se matado pela vergonha de terem uma sobrinha suicida.

Aquilo não encaixou com o que ele conhecia do relacionamento de Sarah com os tios. Eles não se importariam a esse ponto com ela, nem mesmo com o indesejado bebê, que não fora concebido dentro de um casamento. Além do mais, se eles tinham vergonha de alguém por tirar a própria vida, por que fariam o mesmo?

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