01

5.6K 345 9
                                    

01

"Abulia – apatia; falta de motivação que pode levar o paciente à total falta de movimento."

Isso era o que eu estava sentindo no momento.   


A brisa do fim da tarde batia em meu rosto e eu me peguei suspirando novamente, não conseguia controlar enquanto lidava com meus pensamentos, mas dessa vez eu não estava sozinha.

Hugo me fita por alguns segundos antes de voltar a olhar para a estrada em sua frente. Sabia que ele estava pensando se deveria questionar meus pensamentos, afinal, somos gêmeos e desde que nos entendemos por gente conseguimos ter uma boa idéia das ações um do outro.

- Pergunte! – Digo e ele me olha com pouca surpresa.

- Tem certeza que está tudo bem? – Ele já havia ouvido muitos fazer essa pergunta, mas ele sabia que poderia mentir para cada um e sempre seria o mais honesta possível com ele.

- É algo que mexe com você, mas vou superar – Dou o meu melhor sorriso para tranquiliza-lo.

Medicina sempre foi um caminho certo na minha vida, meus pais tomaram esse caminho e me mostraram vários lados dessa profissão e desde então e decidi que seria médica. E me tornei uma médica.

Às vezes queremos ou achamos que devemos sempre fazer coisas grandes e importantes, coisas que vai fazer diferença na sua existência na terra e talvez devemos mesmo, mas aprendi de uma maneira um pouco difícil e necessária que nem sempre os nossos objetivos serão alcançados ou serão como pensamos.

- Você sabe que ficou muito mais tempo que muitas pessoas – Hugo diz e é como eu disse, temos uma ligação e sempre vamos entender um ao outro, mas tem coisas que não consigo dizer nem para ele – Tenho muito orgulho de você, Lia.

- Eu sei – Sorrio com a cara séria dele e sentia falta desses detalhes enquanto estive fora, sentia falta da minha família.

- Eles estão preocupados com você – Hugo diz ainda sério. Meus pais não foram muito a favor de ser voluntária na Turquia, mas entendiam que era algo que precisava fazer e enfrentar sozinha, porém não deixaram de se sentir preocupados o tempo todo.

- Eu sei, mas não tenho o que dizer – Olho pela janela e reconhecia aquele lugar no qual passei grande parte da minha infância – Sabemos que ninguém iria tirar a idéia da minha cabeça e eu sabia para onde estava indo e o que veria lá. Foi minha escolha, Hugo.

- E você não se arrepende? – Essa era a pergunta que eu temia. Eu não conseguia ter a resposta, minha mente queria voltar no primeiro dia que cheguei para trabalhar naquele lugar e percorrer todo o caminho até aqui, mas eu queria apenas esquecer – Me perdoa.

Mais uma vez ele entendia o que eu sentia e estava mais do que grata por essa ligação, me poupava tantas explicações e muitas que eu nem conseguiria dizer para ele.

- Tudo bem. Como está Katherine? – Mudo de assunto e pergunto da minha cunhada e praticamente irmã.

- Me deixando louco como sempre – Hugo bufa, mas logo abre um sorriso – Amo que ela esteja se empenhando tanto na profissão, mas ela já está me enrolando.

- Quanto tempo faz mesmo?! – Pergunto e ele me olha irritado.

- 3 anos, Lia! 3 anos! Pedi ela em casamento e ela esta me fazendo esperar – Entendia o lado dele. Ele certamente a ama de todo o coração, não tem dúvida nenhuma sobre o futuro dos dois juntos.

- Mas ela disse sim, já é uma coisa boa – O provoco e ele pragueja baixo enquanto parava o carro em frente a casa dos meus pais em Hampshire.

- Com a animação dela no dia em que eu a pedi, eu realmente achei que estaríamos casados em uma semana – HH estava apaixonado e era tão bom vê-lo assim, mesmo que frustrado.

- Ela está terminando a tese dela, certo?! – Ele assente com a cabeça e me dá uma mala – Então depois disso vocês podem casar, ela não vai ter desculpas.

- Eu espero que sim – Hugo diz frustrado – Agora vamos, eles estão esperando.

Já tinha uma boa idéia de quem são os "eles", mas estava grata em saber que seria recebida por todos eles, precisava da minha família agora.

Peter foi o primeiro a me envolver em seus braços, ainda não acreditava que meu irmão caçula já tinha 22 anos e já era o mais novo advogado da família, o tempo passava muito rápido.

Noah veio logo depois dele e me apertou ainda mais forte, ele estava pegando pesado no seu treinamento na academia. Ele estava se tornando igual a seu pai e foi ele e minha tia que me apertaram depois de seu filho.

Minha mãe olhou com os olhos cheios de lágrimas quando eles me soltaram e depois de um tempo tentando controlar as lágrimas que queriam escapar dos meus olhos a todo momento, eu decidi soltar e abraça-la em lágrimas.

- Eu sinto muito meu amor – Ela sussurrava no meu ouvido enquanto sentia sua lágrimas umedecerem o meu ombro.

- Tudo bem, Mãe – Abraço ela mais forte e sussurro em seu ouvido – Eu estou bem.

- Tudo bem, tudo bem – Minha mãe respira fundo e seca as lagrimas que ainda caia em seu rosto.

- Vou ter que ser o último mesmo? – Meu pai diz com um sorriso largo no rosto. Corro para seus braços e como sentia falta de estar protegida com ele – Estou orgulhoso de você minha boneca. – Ele sussurra no meu ouvido e aquelas palavras parecem deixar meu corpo menos tenso.

Fomos criados com aquele pensamento que teríamos que crescer e conquistar coisas que tornaria todos orgulhosos de você. Mesmo sabendo que conquistei isso com meus pais, eu ainda não sentia orgulho de mim, mas faria algo para mudar isso.


Hey amores!!

O capítulo foi curto e apenas uma introdução de Amélia e sua família, mas estarei aqui em breve com mais um capítulo!
A programação è para quinta, mas talvez poste antes. Espero a resposta de vocês!

Não esqueçam de votar e comentar, preciso do apoio de vocês.
Beijos amores ❤️😘

Hello Doc.  • Concluída •Onde histórias criam vida. Descubra agora