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Eu seguia aquela pequena dos cabelos dourados pela escada de sua casa, ela estava tão animada que também me fazia sorrir por todo o caminho até a primeira porta do corredor.

- É aqui que tenho aula todo o dia – Charlotte entra na sala e puxa a minha mão. A sala era bem espaçosa e tinha um quadro branco na parede além de um piano no fundo do cômodo.

- Hmm... É por isso que a senhorita é tão inteligente! – Digo e ela abre um grande sorriso de orgulho.

- Papai quer que eu tenha uma boa educação, ele diz que sou muito inteligente para minha idade – Ela diz enquanto andava pela sala e me guiava pelas estantes – Mas já vou fazer 6 anos.

Sorrio com a indignação dela, como se realmente a sua idade fosse o suficiente para explicar seu conhecimento. Ela falava muito bem e conseguia captar rapidamente as coisas em sua volta, só não tinha noção de suas outras habilidades.

- Bom, eu já vi algumas crianças com sua idade que ainda tinha dificuldade de escrever o próprio nome inteiro - Dou de ombros e ela parece ficar cheia com minhas palavras, digno de Bransons.

- Quero ser inteligente igual ao papai – Ela diz e me olha com um grande sorriso. Ela certamente séria igual a seu pai, Lotte também tinha o charme dele – Posso perguntar uma coisa?

- Claro que sim! – Digo e sento no sofá no canto da sala e ela logo me acompanha.

- Minha professora disse que você não pode ter 25 anos e já ser médica – Ela fazia a pergunta e me olhava com um grande interesse – Mas falei que você é minha médica agora. Ela está errada, não é?

- Na verdade ela está certa – Digo e gargalho com a careta que ela faz – Vou explicar a você. A faculdade de medicina é uma das mais difíceis e na verdade temos que estudar a nossa vida inteira.

- A vida inteira? – Ela diz surpresa.

- Praticamente. Tem muita coisa para aprender, eu estudo todo dia e sempre tem coisa nova e várias doenças para conhecer – Seus olhinhos brilhavam de interesse e ela me surpreendia mais uma vez – Eu optei por estudar todo o dia por 6 a 7 anos, sem folga e sem férias.

- Sério?! – Charlotte me olhava desacreditada.

- Sim, senhorita! Sou inteligente igual a você – Já percebi que ela amava ser elogiada – Minha mãe me ajudou muito, ela é médica também.

Digo e percebo que falar da minha mãe talvez não fosse uma boa ideia, ainda não sabia como era seus sentimentos por não ter uma mãe por perto.

- Ela é bonita igual a você? – Ela surpreendentemente me pergunta.

- Ela é muito mais bonita que eu – Dou de ombros – Ela tem um lindo cabelo ruivo e olhos de um verde muito bonito, acho que puxei mais ao meu pai.

- Igual a pequena Sereia? – O brilho nos olhos dela ao falar da princesa e me fez gargalhar e querer ter filmado a sua reação, minha mãe iria amar.

- Praticamente, mas ela já perdeu a sua calda – Digo e Lotte da risada.

- Papai disse que elas não existem – Ela diz um pouco confusa e se levanta – Ele não mentiria para mim.

Sua mão captura a minha novamente e me puxa para segui-la pelo corredor de sua casa, tinha esquecido que estávamos fazendo um tour ali.

- Aqui é o escritório do meu pai, mas ele disse que não é lugar para criança – Ela diz um pouco incomodada – Aqui é o meu quarto!!

Charlotte estava no ápice da empolgação, parecia que eu era a primeira amiga que ela trazia aqui.

Seu quarto era praticamente um mundo rosa, sua parede variava no tom branco e papel de parede com flores. Sua cama era um tanto grande para seu tamanho, mas ornava perfeitamente com seu quarto.

- Tenho bastantes ursos! – Sua cama realmente estava cheia de ursos de pelúcias – Tenho uma casa da Barbie também.

Charlotte me puxa até sua casa da Barbie e confesso que fiquei com um pouco de inveja, a Barbie estava vivendo muito melhor do que a mim no meu apartamento.

- Que incrível Charlotte!! – Acendo a luz da casa de brinquedo e cada cômodo era mobiliado perfeitamente. Talvez tenha ficado com vontade de sentar e brincar com ela.

- Meu pai me deu no meu aniversario no ano passado – Ela diz animada – E eu nem tinha pedido para ele.

- Ele sabe que você merece – Digo e sinto certo afeto pela parte paterna de Derek.

Ela continua contando sobre mais detalhes no seu lindo quarto e me mostra mais de sua coleção de ursos de pelúcia que eram lavados toda a semana para não pegar pó e ainda me apresenta sua closet que era cheio de vestidos e sapatos de princesas. Charlotte era certamente filha de um rei.

- Mas papai só quer que eu use eles em casa – Ela diz tristinha enquanto passava a mão pelos seus vestidos. Confesso que fiquei com vontade de vesti-la com um deles e leva-la para algum legal divertido.

- Seu pai parece ser bem rígido com regras, não é?! – Digo e ela assente com a cabeça. – Ele se preocupa muito com você e tem medo de te perder. Você entende isso?

- Eu sei – Ela diz com uma carinha chateada, mas sabia que ela entendia – Mas não tenho nenhuma amiguinha.

Aquilo me acertou em cheio o meu coração, ela tinha tantos brinquedos, mas crianças tem a necessidade de conviver com alguém de sua idade. Charlotte estava rodeada de adultos e ainda adultos muito ocupados, precisava mudar isso.

- Enquanto você não tem nenhuma amiga da sua idade, você aceita que eu seja a sua amiga além de médica? – Pergunta e vejo o brilho em seus olhos.

- Claro que sim!! – Ela diz e me abraça forte. Agradeço por estar sentada no chão de seu quarto ou eu teria caído de bunda no chão – Você pode vir sempre para brincar comigo?

- Não te garanto, pois tenho que trabalhar no hospital também, mas vou me esforçar, tudo bem? – Ela assente e me abraça novamente.

- Agora que você é minha amiga, quero que me chame de Lotte – Ela diz e dou risada de seu jeitinho, estava amarrada nessa criança agora.

- Okay! Então você pode me chamar de Lia – Ela parece amar a ideia e diz meu apelido algumas vezes para ver como soava em seus lábios.

Lotte me leva para conhecer o resto da casa e já sabia onde ficavam o quarto do seu pai, os quartos de visitas e ainda tinha uma sala separada apenas para assistir filmes. Não queria imaginar quantas vezes os desenhos de princesas foram assistidos ali, Derek deve amar isso.

Também fiz algumas perguntas da sua doença e como ela lidava com suas crises asmáticas, não sabia se era o tempo, mas ela parecia ter acostumado com essa parte de sua vida.

Tudo parecia estar controlado, ela tinha problemas com alguns alimentos que faziam atacar sua asma, mas isso era controlado por Lana diariamente. Seus remédios estavam em dia também, eu só teria que acompanhar seu tratamento.

Derek voltava para casa para ter seu almoço e passava um tempinho antes de voltar para seu trabalho. Pegava-me observando os dois juntos e percebi que talvez Charlotte não sentia tanta falta de sua mãe, por causa dos cuidados que seu pai tinha com ela e passei admira-lo por isso.



Hey Loves!!
Como estão?
Espero que tenham gostado do capítulo! o se esqueçam de votar e comentar!
Estou pensando em voltar amanhã mesmo com outro capítulo 😊

Beijão amores ❤️😘

Hello Doc.  • Concluída •Onde histórias criam vida. Descubra agora