Palos de la Frontera, Terra
1492
Jared agarrou o pulso que tinha adaga com toda sua força, parando a poucos centímetros de seu pescoço; com a outra mão, ele agarrou a mulher pelo cabelo da parte de trás de sua cabeça e a jogou para longe de si. Ela bateu com força contra seu armário. A mulher soltou um grito de dor, mas levantou-se rapidamente e veio outra vez contra o homem, que pegou o travesseiro mais próximo para seu defender. A faca perfurou-o e ele jogou-se para o lado enquanto penas eram lançadas para cima.
– A não, a almofada que trouxe da Inglaterra! – Ele disse, triste pelo ocorrido. – Tens sorte que Isabel pensa que estou morto, ou ela matar-nos-ia aos dois. Essa era a almofada favorita dela.
Irada, a mulher avançou contra ele. Jared, um veterano de guerra, reconhecia estilos de lutas de espadachins, lanceiros e assassinos com facas – não que ele mesmo soubesse lutar com qualquer uma dessas coisas; de fato, fora esse mesmo motivo, além de outros dois, que o fez desertar. Agarrou outra vez o pulso e a jogou contra a janela. O vidro despedaçou-se; ele se afastou outra vez e conseguiu vestir suas calças enquanto ela se recuperava.
Notou que sangue escorria pelas costas dela. Tinha se cortado com o vidro da janela partida. Jared tentou convencê-la a parar, mas ela o ignorou e voltou a atacar, dessa vez mancando, e mantendo certa agilidade. Jared a imobilizou, mas ela continuou lutando e lutando, até que ela soltou um grito tão alto que era impossível que as pessoas lá em baixo não tivessem ouvido.
Levou alguns minutos, mas ela apagou. Contudo, a porta escancarou-se e dois homens estavam ali – um deles era aquele que tinha perdido a mulher na partida, que provavelmente trabalhava para Juan Antonio. Ao verem a mulher sangrando e apagada, deduziram que Jared a tinha matado. Ele sabia bem o que aconteceria se fosse pego por eles, e por isso, ele correu e saltou pela janela.
Jared bateu com força no telhado mais baixo que havia do outro lado da janela. Ele escorregou, mas conseguiu segurar na beirada dele; estava, então, a menos de um metro do chão. Saltou e, pela segunda vez em um tempo extremamente curto, ele correu como um fugitivo. Ele precisava pegar suas coisas que estavam em seu quarto, na sobre loja do Ouriço Azul, ao mesmo tempo, não podia voltar até lá.
Passou por uma casa, onde encontrou algumas roupas penduradas no quintal, entretanto, não eram roupas comuns, mas sim extravagantes, que as pessoas que tem dinheiro ou pertencem à nobreza costumam usar. Roubou-as e as vestiu, tentando evitar parecer realmente um nobre, pois isso renderia um assalto.
Com o rosto coberto, ele entrou no Ouriço Azul e foi até o balcão. Felizmente, os clientes estavam bêbados demais para notá-lo. Ouriço estava servindo algumas pessoas, provavelmente ainda não sabia do que tinha acontecido em um de seus quartos no andar superior.
– Que roupas são essas, Jared? – Ele zombou.
– É uma história complexa. – O outro respondeu, narrando os acontecimentos de minutos antes.
– Tu precisas esconder-te. – O Ouriço disse. – Se Juan está envolvido nisto, ele vai conseguir colocar-te em uma forca. – Jared levou uma das mãos ao pescoço e o acariciou, imaginando a corda em volta dele. – Eu tenho um primo que mora a alguns quarteirões daqui. Vai até lá e diz-lhe que eu mandei-te; ele irá acolher-te.
– Devo contar o motivo de tal acolhimento?
– Não, mas ele vai imaginar que tem algo a ver com a mulher, o que não deixa de ser verdade. – O Ouriço estava muito zombeteiro para uma situação séria como aquela. – A tua reputação te persegue. – Ele explicou como chegar a casa e como ela era.
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Afterlife: Heartless
Fantasy"A Morte tem seus planos, e sei que em nosso segundo encontro, nem tudo foi revelado. Algumas peças ainda estão faltando, e eu sou aquele que está próximo o bastante para descobrir. Mas... Por quê? Ela... Ela se foi. Presa em sua própria falta de co...