O divórcio havia acontecido cerca de quatorze anos antes, quando Graziana tinha apenas três anos e Carl era novo demais para se lembrar. Mas todos sabiam que Jeremy Keeler e Gianna Paoli haviam sido criados um para o outro. Eles ficavam bem juntos, combinavam, não apenas em aparência – as pessoas os chamariam de irmãos se não soubessem melhor. E os filhos que tinham nascido desse casamento destruído eram tão perfeitos, que, quando crianças, trabalharam com moda – agora, no entanto, eles tinham descoberto suas próprias paixões e seguiam suas carreiras.
Quando Jeremy e Gianna decidiram reconciliar-se, eles não agradaram muito suas respectivas famílias, mas sem dúvida tornaram a vida de seus filhos um pouco mais feliz. A cerimônia foi ainda maior do que o casamento original, afinal, ambos tinham mais dinheiro do que antes. Ela, trajando um vestido simples cor de pérola e enfeitado com tais pedras, estava diante de Jeremy. Ambos sorriam, felizes de se reencontraram e torcendo que dessa vez, eles não terminassem.
Ao fim, eles se beijaram. Algo simples e rápido, porém apaixonado; eles tinham o resto de suas vidas para se apaixonarem outra vez. Graziana estava atrás da mãe; secava as lágrimas de felicidade que escorriam em suas bochechas. Então, alguém na plateia levantou-se; e Jeremy sabia que havia começado, pois no dia da cerimônia de reconciliação ninguém havia se levantado. Ele lembrava-se disso.
Nas últimas semanas, Jeremy conseguira controlar quase perfeitamente o poder elétrico que possuía. Não tinha nem noção se poderia usar em combate e, de fato, não se importava naquele momento. No entanto, ele também estudara sobre o cérebro e descobrira que, basicamente, o que o fazia funcionar era eletricidade. Jeremy passou a usar seu poder para colocar suas memórias em ordem. Sabia quais eram suas memórias em vida, quais eram suas memórias de morte e quais pertenciam ao Filho que o tinha possuído.
Usando as teorias que conhecia, também imaginou como tinha feito para bloquear a memória coletiva dos Filhos na primeira vez que acontecera. Depois de tentar e tentar tantas vezes das maneiras mais bizarras que ele conseguia criar – chegando a forjar um lobo feito de eletricidade – era a hora de testar sua teoria: ao invés de manter a defensiva, ele atacaria os Filhos que viessem contra ele.
Em seguida, outros convidados levantaram. Todos tinham os olhos pretos e laranja; ao levantar o véu de Gianna, descobriu que ela também tinha os mesmo olhos sinistros. Sem hesitar, ele colocou as duas mãos no rosto da mulher, uma de cada lado. Um único pensamento foi necessário para que descargas elétricas amarelas cobrissem seu crânio; em seguida, ela desapareceu.
O juiz que realizava a cerimônia saltou para agarrá-lo. Jeremy usou da mesma estratégia, mas com apenas a mão esquerda. Descargas o fizeram desaparecer. Ao mesmo tempo, os padrinhos que estavam mais próximos vieram para cima dele; eletricidade nasceu de suas mãos e acertou-os, todos sumiram. Sobraram os convidados.
Esticou as duas mãos; os dedos apontando para eles. Os raios saíram das pontas, atingindo a todos em suas testas. Em seguida, outras descargas saíram, atingindo um a um, até que todos finalmente estavam sendo eletrocutados. Segundos depois, todos desapareceram, exceto por um.
Este não tinha o corpo de um convidado, mas ele era tão conhecido a Jeremy quanto qualquer um dos outros, apesar desde ele ter conhecido após sua morte. Decebal estava ali; sua roupa não combinava com a ocasião: jeans e camiseta simples, mas isso não importava de fato.
Ele sorria. Estava genuinamente feliz. Mas, ao mesmo tempo, era chegado o momento do último teste. Decebal avançou devagar; Jeremy lançou vários e vários raios contra ele. Nenhum acertou. Decebal saltou, sua mão fechada em um soco. Uma camada elétrica envolveu o antebraço e a mão do humano. O punho de Decebal foi envolvido pela mão de Jeremy, que imediatamente aumentou a carga. A corrente correu por todo o corpo de Decebal, que desapareceu em seguida.
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Afterlife: Heartless
Fantasy"A Morte tem seus planos, e sei que em nosso segundo encontro, nem tudo foi revelado. Algumas peças ainda estão faltando, e eu sou aquele que está próximo o bastante para descobrir. Mas... Por quê? Ela... Ela se foi. Presa em sua própria falta de co...