Japão
Terra, 905d.C.
Minato observou a casa diante de si. Era um imóvel pequeno, de madeira e construído no estilo ocidental. Escondido em um dos pontos mais remotos do Japão, a Floresta Aokigahara. As pessoas não costumavam entrar ali por causa dos fantasmas. O samurai, porém, sabia melhor. A floresta não estava assombrada, mas sim, Magia emanava de seus troncos; uma magia poderosa e ancestral que fazia parte da própria natureza. Algo muito raro no planeta.
Levou dois anos para encontrar aquele lugar, onde vivia Shiori. Muitas coisas haviam acontecido, mas a principal, é que sua mulher o tinha aceitado de volta. Agora, ele era parte de uma família outra vez. Todavia, ele não estava completo, e por isso, não poderia amar sua esposa de todas as formas. Por isso, ele continuou sua jornada depois da Batalha de Yoyun, que apenas piorou a situação política do país.
Sempre que acabava em um beco sem saída, ele voltava para casa; ficava meses com sua família, ensinando seu filho a lutar – o que, na realidade, não agradava muito sua mãe. Então, ele recebia notícias de algum poderoso mago em qualquer parte do país, e ele partia outra vez, para descobrir se era Shiori. Até que ele ficou sabendo sobre a Floresta Aokigahara; e a Dama confirmou que o lugar era repleto de magia.
Caminhou até a cabana e bateu na porta. Levou alguns minutos para ter alguma reação: barulho dentro da casa. Quando finalmente a porta abriu, Minato notou imediatamente os olhos: o direito era azul e o esquerdo preto como a noite. Ele já tinha vistos olhos assim antes.
– Minato Tanizawa. – Ele disse; sua voz era como o badalar de um sino, e seu japonês era perfeito demais para ser natural; magia emanava dele como água vazando de um rio. – Eu estive esperando por você.
O samurai não hesitou ao entrar, no entanto sua mão estava o tempo inteiro no punho da espada. Shiori ofereceu uma cadeira, a qual Minato recusou. Por dentro, a casa era um único cômodo grande de madeira, com as paredes repletas de prateleiras; no centro, apenas a cadeira oferecida.
– Foi você quem conjurou o feitiço em Aihara. – Afirmou.
– De fato, sim. Mas não estamos aqui para falar de mim. – Shiori caminhava por sua casa, pegando alguns frascos de sua prateleira, como se soubesse porque Minato estava ali; e provavelmente sabia. – O que deseja?
– Você sabe. A Morte deve ter lhe dito. – Ele sorriu com superioridade, como se fosse o dono da verdade.
– De fato, eu sei. – Os frascos que tinha em mãos foram depositados sobre uma mesa que não estava ali dois segundos antes. – Mas tudo tem um preço, principalmente o tipo de magia que deseja.
– Que seria...?
– Ao sul daqui existe a morada de um Baku. Traga-me sua carne e restaurarei o que foi perdido. – Shiori informou, com um sorriso.
– Não existe tal coisa como um Baku. – Retrucou; a criatura era apenas uma lenda. – E mesmo que existisse, eles são criaturas boas e não más.
– Isso não é problema meu. Você quer seu feitiço, esse é o preço número um. – O feiticeiro afirmou, sorrindo maliciosamente; havia mais coisas que Shiori queria.
O feiticeiro sinalizou a saída com uma das mãos. Minato tinha uma missão difícil, praticamente impossível, mas ele não tinha muitas opções. Era provável que o Baku nem existisse.
Minato deu alguns passos para dentro da floresta. Quando virou-se, a cabana tinha desaparecido. Ele não se surpreendeu com isso. O tempo inteiro ele ficou com a estranha sensação de que estava sendo observado por olhos escondidos em meio às árvores. No entanto, nada viu.
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Afterlife: Heartless
Fantasy"A Morte tem seus planos, e sei que em nosso segundo encontro, nem tudo foi revelado. Algumas peças ainda estão faltando, e eu sou aquele que está próximo o bastante para descobrir. Mas... Por quê? Ela... Ela se foi. Presa em sua própria falta de co...