Capítulo 11: A Ilha

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Ao abrir os olhos, Jared viu um céu limpo, com uma ou outra nuvem branca como pelo de ovelha passando aleatoriamente. Tentou se levantar, mas não sentiu nada do pescoço para baixo. Começou a se desesperar, mas aos poucos, sentiu os dedos das mãos e dos pés formigando. Logo conseguiu movimentar os dedos, dobrá-los; depois, foi à vez dos braços e pernas. Em minutos, ele pôde se sentar.

Estava em uma praia, com areia fina, branca e macia ao toque. Olhando em volta, ele viu palmeiras e coqueiros plantados bem a beira da praia. Mais a fundo, o verde ficava maciço, indicando que outros tipos de árvores também existiam ali. Para a esquerda e direita, havia duas montanhas altas, formando uma pequena cela linda e natural.

Levantou-se, olhou para os dois lados e identificou, há alguns metros de distância, parte do Señora que havia sido levado a praia pela correnteza do mar. Não viu qualquer corpo ou sinais de que um sobrevivente pudesse ter entrado na floresta. Ele não tinha muita ideia de quando o sol iria se pôr, então ele construiu um pequeno abrigo, armou uma fogueira que acenderia mais tarde e foi atrás de água doce e comida.

Pelos destroços, encontrou uma espada, que reconheceu como a do capitão, e a pendurou no cindo. Depois, achou um balde de madeira. Entrou na floresta com cautela, sempre preparado para defender-se de qualquer atacante, seja homem ou animal. Um pequeno rio fluía a poucos metros da praia; ele pegou água e voltou para seu abrigo. Tinha água e fogo, agora precisava de comida.

Jared tinha passado por algumas árvores que tinham frutos, mas não os conhecia, por isso não poderia arriscar, poderiam ser venenosos. Resolveu pescar usando algumas redes que também encontrou nos destroços. Pescou alguns peixes, e como conseguiu reconhecer o tipo, os assou e comeu. Não foi sua melhor refeição, mas ele sobreviveria; e também, tinha alimento para pelo menos mais um dia.

A noite ainda demorou um pouco para chegar, mas quando veio, ele notou algo extremamente estranho. Era uma noite sem lua, mas um brilho vinha de todo lugar e iluminava sua praia. Notou que, em volta, no céu e longe no horizonte, parecia que existia uma parede transparente-azulada.

Ele já tinha ouvido falar que, no extremo norte do mundo, pela Noruega ou Sibéria, não lembrava direito, existiam as tais Luzes Polares. Isso que ele via agora era parecido, porém era azul, e ele estava em uma ilha tropical, Deus sabe aonde em que lugar do mundo.

Na manhã seguinte, ele usou mais do que restou do navio para ampliar seu abrigo, para deixá-lo mais confortável. Decidiu construir colado a montanha, de modo que pudesse usá-la de apoio para que não caísse em caso de chuva. Sua construção levou cerca de uma semana e, quando percebeu, era uma cabana completa, com folhas de palmeira seca por teto, mas sem porta ou janelas. Jared não tinha ideia de que ele tinha esse tipo de habilidade, mas pelo menos, serviria praquele momento.

Decidiu então, agora que tinha um lugar bom para morar e tinha enjoado completamente de peixe, explorar mais fundo a floresta que o cercava. Ele caminhou cerca de duas horas, mas não encontrou qualquer animal, nem cobra ou pássaros, nem mesmo era capaz de ouvir o som de grilos. Aquele lugar era de um silêncio mortal, como se tudo que tinha vida tivesse simplesmente morrido milhares de anos atrás e tinham apodrecido até não deixarem nem mesmo o cheiro para trás.

A leste de sua cabana praia, encontrou uma árvore imensa, com galhos grossos e altos ao mesmo tempo. Ela era tão grande, que ele poderia deitar no centro dela e dormir sem medo de cair. Por alguma razão, decidiu subir, de modo a ver o que haveria nos seus arredores. Jared subiu o mais alto que ela permitia, tanto, que subiu acima das folhas.

Olhou ao redor, e viu que estava do lado oposto ao de sua cabana da montanha. À frente, ele via o oceano; uma parte que ele não tinha visão da praia. Viu que ali, em meio a algumas pedras acima no nível do mar, havia mais destroços do Señora; se pudesse chegar até lá, poderia encontrar qualquer coisa útil, como um arco e flechas, que o permitiria caçar, isto é, se encontrasse o lugar onde todos os animais se escondiam.

Afterlife: HeartlessOnde histórias criam vida. Descubra agora