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O monge que os guiava parou diante da porta de ouro que estava entre eles e a Mãe Sha'mnom. Ela era brilhante em seu tom dourado, com desenhos que pareciam aleatórios, mas de alguma forma, sabia Jared, que formavam palavras e frases em uma escrita antiga, de um tempo em que Ēt'alānktik era um continente, e não meia dúzia de ilhas perdidas no meio do oceano.
Nak encarava a porta com uma estranha surpresa, uma tristeza inexplicável e uma raiva sem sentido. Parecia a Jared que ela odiava a pessoa que estava do outro lado daquela porta. Ele até mesmo se preparou para uma prisão, afinal, sentia que ela, no mínimo, desacataria a sacerdotisa.
– O que foi? – Ele sussurrou, não sabendo que falar enquanto um monge honra a Porta dos Deuses era um crime punido com a morte.
– Antes de eu ser presa, o sacerdote era um homem. – Ela explicou, porém, isso não explicava os sentimentos que expressava em seu rosto.
– E o que mais? – Ela virou-se para ele, e repreendeu:
– Não fale enquanto ele – apontou para o monge – estiver em reverência. É contra lei.
– Agora importas-te com a lei?
Um "shhh" interrompeu a conversa. Ele não tinha ideia de quem tinha vindo, pois não fora nem Nak ou o monge. Quando finalmente ele terminou de rezar ou meditar ou seja lá o que for que ele estava fazendo, ele finalmente abriu a porta.
A sala do lado de dentro era sustentada por nove colunas em formato de animais mitológicos do oceano – ou pelo menos, era o que ele diria antes de ter seu barco, Señora, afundado pelo Leviatã semanas antes. Da esquerda para direita, ele reconheceu quatro das criaturas: o Leviatã, uma Sereia, uma Serpente Marinha, que era quase igual ao Leviatã, mas era mais comprida e parecida com um dragão chinês, e, por fim, uma tartaruga gigante que parecia carregar uma ilha nas costas.
A Mãe Sha'mnom, contudo, era ainda mais estranha do que qualquer uma daquelas colunas. Ela tinha a pele azul, como se a própria magia daquele lugar tivesse possuído seu corpo. Seus olhos estavam fechados e, pior do que isso, estavam costurados, de modo que ela não os poderia mais abrir. Sua boca, também, estava costurada; suas orelhas haviam sido arrancadas. Onde deveria haver os buracos, porém, haviam costurado cartilagem da orelha para tampá-los.
Ela estava nua, mas ambos seus seios tinham sido retirados e costurados de uma maneira rústica. Sua genitália também estava costurada, de modo que Jared ficou imaginando como ela poderia usar a latrina – se é que precisava, pois ela não parecia ter como comer. Jared precisou controlar seu estômago para não vomitar.
Nove monges, sem contar com o que tinha entrado com os dois visitantes, flanqueavam a Mãe Sha'mnom, e nenhum deles parecia se incomodar com a aparência sinistra dela. Todos tinham exatamente a mesma aparência: pele morena, tatuagens brancas no rosto e nas carecas, e olhos azuis brilhantes devido à magia. Exceto um deles, cujo olho esquerdo era preto, mas como Jared não conseguia desviar os olhos da sacerdotisa, simplesmente não se importou com esse fato.
A voz veio de todos os lugares, de dentro de sua mente e de fora. Vinha da mulher, que não abria a boca para falar. Sua voz era grave e aguda ao mesmo tempo, como se uma jovem mulher e um idoso falassem ao mesmo tempo e em sincronia perfeita. Era a voz mais horrível que Jared já tinha ouvido. E era o mais próximo que chegava de ser a voz do deus Rae'au.
– O estrangeiro! – Ela dizia. – Peça, ó esperado, o que teu coração deseja?
Pela cara que os monges ao lado dela fizeram, ele imaginou que não era comum a Mãe Sha'mnom falar com pessoas que não fossem os escolhidos de Rae'au.
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Afterlife: Heartless
Fantasy"A Morte tem seus planos, e sei que em nosso segundo encontro, nem tudo foi revelado. Algumas peças ainda estão faltando, e eu sou aquele que está próximo o bastante para descobrir. Mas... Por quê? Ela... Ela se foi. Presa em sua própria falta de co...