Capítulo 33: Castelo em Mente

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Nobuyori, Japão

Terra, 903 d.C.

Voltar à moradia da Dama da Máscara fora a caminhada mais difícil da vida de Minato, ele apenas não tinha certeza do motivo. Talvez fosse o filho que estivesse deixando na sua antiga casa. Talvez fosse os riscos da missão que tinha aceitado por dinheiro. Talvez fosse por saber que ele estava levando uma menina inocente para morte certa pelas mãos de um sádico senhor feudal; um homem sem qualquer escrúpulos ou empatia.

Entrou na casa e encontrou Aihara deitada em uma mesa alta, que ia até quase a altura de sua cintura. Ela estava em transe; seus olhos estavam extremamente abertos, as pupilas dilatadas. A Dama andava em volta dela, cantando uma forma de haikai poético; as palavras rimavam, Minato percebeu pelos sons, contudo, seus significados não eram de seu conhecimento já que se tratavam de um nihongo tão antigo quanto os deuses.

A Dama apontou para uma mesa que, tão alta quando a de Aihara, estava ao lado. Minato entendeu o recado e deitou-se. Mais palavras sombrias de haikai foram ditas, até que finalmente ela cessou, apesar de sua voz ainda parecer ecoar dentro da mente de Minato.

– Um feitiço poderoso a protege. – A voz da Dama soou por toda a sala, e ao mesmo tempo, dentro de sua mente. – Para quebrá-lo, você precisa entrar nas partes mais profundas de seu cérebro. Eu criei um cenário na mente dela, um desafio, de modo que você pudesse entender e saber o que fazer. Entretanto, não será fácil. A mente de uma pessoa é uma das coisas mais poderosas do mundo. Está preparado?

Ele não teve tempo de responder. A Dama colocou dois dedos em sua testa; um líquido gosmento escorreu pela lateral de sua cabeça. Antes que a gota encostasse-se à mesa, o feitiço da Dama surtira efeito. Ele não estava mais em Nobuyori, ou pelo menos, sua mente não estava.

Diante de Minato, um imenso castelo de paredes foscas, colunas vermelhas e dragões, leões e outros animais imponentes nas quinas do telhado. De onde estava, ele podia ver alguns guardas; todos vestiam armaduras de samurais; katanas estavam em suas cinturas, preparadas para combater. Minato entendeu o que a Dama quis dizer com o cenário que ela tinha feito.

O samurai levou a mão à lateral de seu corpo, mas não encontrou sua própria espada. Entendeu que aquilo seria mais difícil do que previamente pensara. Ao dar o primeiro passo em direção ao castelo, notou que sua armadura havia desaparecido, deixando apenas um traje de pano em seu lugar. Desarmado e sem qualquer proteção no corpo, ele avançou para enfrentar os perigos que o aguardavam a frente.

O primeiro desafio era mais sobre quantidade do que qualidade. Eram, pelo menos, quarenta e sete homens, mas nenhum deles possuía todas as habilidades de Minato. Eles não atacavam mais do que três juntos, o que permitiu ao samurai desarmá-los com facilidade. Tentou pegar uma das espadas de modo que pudesse facilitar sua vida, mas toda vez que tocava uma, ela queimava-o como se ele fosse um pedaço de churrasco.

Sentiu um corte nas costas, que o fez urrar de dor. Sangue encharcou sua roupa de pano. Irado, ele virou-se com as mãos levantadas. Ignorou a queimadura quando tomou-lhe a espada e o cortou no estômago. Com o rosto claramente em dor, ele foi ao chão. Minato largou a espada e voltou e lutar com as próprias mãos, no estilo de luta característico de samurais.

Jujutsu, como era conhecida a técnica de luta que Minato utilizava, havia sido criada há muitos anos. Utilizado principalmente por samurais, o objetivo do estilo era desarmar seus oponente usando suas próprias mãos, além de utilizarem-se golpes certeiros no pescoço ou outras áreas vitais do corpo para paralisar seus oponentes. Minato era um verdadeiro mestre do Jujutsu, já que conhecia poucas pessoas capazes de superá-lo na técnica.

Afterlife: HeartlessOnde histórias criam vida. Descubra agora