Nova Jerusalém
Paraíso
Miguel preparava seus homens. Checava suas armaduras, suas espadas, lanças e, até mesmo, flechas de Fogo Celestial. Esperavam os exércitos de Kifo, que estavam se aproximando. Estimavam que levassem dois dias chegarem, mas três haviam se passado quando fizeram essa dedução. Por isso, esperavam o ataque a qualquer momento.
O General das Legiões decidira que era melhor esperar que eles aproximassem-se dos muros, ao invés de ir até eles. Como estavam em menor número, seria mais fácil usar os anjos que guardavam os muros de Nova Jerusalém e seu conhecimento milenar da cidade para defender-se, já que não tinham como deixar a cidade completamente desprotegida.
Por isso, usaram aqueles dias, desde seu retorno da América do Sul – quando Miguel encontrou o exército de Kifo naquela região, eles se dispersaram e sumiram –, para fortificar a cidade e preparar seus anjos para uma batalha em proporções ainda não vistas desde que a Segunda Guerra Celestial começara. Mais de duzentos mil Filhos do Abismo vinham contra eles, que eram não mais do que setenta mil – Miguel precisou recuar a maioria dos anjos que não estavam protegendo as outras cidades-refúgios. Além disso, o próprio Kifo estava vindo, e sem dúvida, esse era o maior dos problemas.
Depois que a equipe de três anjos voltaram com a notícia de que os exércitos de Kifo estavam a menos de doze horas de distância, Miguel retornou a sala de guerra, onde um mapa do Paraíso o esperava. Os anjos que foram até China jamais voltaram, e ele deduziu que os Filhos de lá os tinham matado ou capturado, entretanto, outro time de anjos informou que Kane, um dos Senhores de Guerra – de acordo com Vizard preso nas masmorras de Nova Jerusalém – havia esvaziado Bucareste completamente, deixando muros quase prontos para trás, e tinham partido para leste, em direção à China.
Algo havia mudado, e Miguel podia sentir isso. Por isso, ele mandou seu melhor arcanjo, para espiar, reconhecer e retornar com informações. Kraes-anorhel voltou dizendo que uma grande quantidade de Filhos se aglomerava na região, e os números apenas aumentavam. Depois, ele fez um voo de reconhecimento em uma área imensamente abrangente – mais de cinco mil quilômetros quadrados – e descobriu que de todos os lados, Filhos estavam indo até aquele mesmo lugar. Países do sul asiático, do Japão e da Mongólia estavam se reunindo na China; um exército maior do que Kifo tinha até então estava se formando.
Com um feitiço, ele atualizou o mapa, mostrando os Filhos que vinham do norte e do sul de Nova Jerusalém, e mais uma concentração quase tão grande quanto na China. Infelizmente, não tinham como lidar com a parte oriental do mundo naquele momento; torcia para que nada de errado acontecesse ali.
Voltou sua preocupação para o maior problema que tinha: Kifo. De alguma forma, após a destruição de sua base no Grand Canyon, ele tinha se recuperado e reunira um exército ainda maior do que tinha nas Américas e se voltara diretamente para o maior tesouro dos anjos: a Cidade de Prata. Miguel sabia exatamente o que o Filho da Morte queria, e por isso, o querubim mandou chamá-lo.
Vizard entrou na sala de cabeça abaixada, abatido e cansado. Miguel não sabia que era possível, mas ele estava mais magro e fraco; será que ele conseguiria manipular suas pedras se fosse preciso? O querubim nunca saberia. Indicou uma cadeira, onde o Filho foi forçado a sentar pelos anjos. O general sentou em outra diante dele, para que pudesse olhar nos olhos de seu prisioneiro.
– Kifo está vindo. – Falou de uma vez o querubim.
– Eu sei. – O outro respondeu, para sua surpresa; sua voz soava fraca como sua aparência. – Eu senti quando ele estava um dia de marcha.
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Afterlife: Heartless
Fantasy"A Morte tem seus planos, e sei que em nosso segundo encontro, nem tudo foi revelado. Algumas peças ainda estão faltando, e eu sou aquele que está próximo o bastante para descobrir. Mas... Por quê? Ela... Ela se foi. Presa em sua própria falta de co...