Japão, Paraíso
O ataque veio do céu e, pior, foi uma completa surpresa. Era uma bola de fogo, não de lava, como deveria ser com os Filhos do Abismo comuns. Duas possibilidades foram discutidas entre mim, Týr e Lana. Tratava-se de um Heyroryak ou, então, algum dos estranhos Filhos que havíamos encontrado durante todo o caminho até Nagano, onde estávamos no momento.
O estranho Filho do Abismo que não parecia pensar e que encontramos em Tóquio não fora o único a tentar a sorte contra nós. Outros cinco nos atacaram, e nenhum deles parecia estar ciente disso. Pareciam bonecos eletrônicos criados para matar. Lana e eu os tirávamos do caminho com dificuldade crescente. Levamos quase cinco horas para matar o último – aparentemente um Louryak, pois ele usava água para atacar. Depois disso, perdemos pelo menos doze horas descansando dessa batalha.
Týr, usando de sua fabulosa magia, desviou a bola de fogo, que nos atingiria diretamente. Contudo, a explosão derrubou-nos. Outra vez, a fada nos salvou de ter alguns ferimentos graves. Todavia, minha moto recebeu alguns arranhões. Levantei-me no segundo seguinte, procurando pelo inimigo; ele iria pagar pelo que tinha feito a minha Harley.
– Algo está errado. – Týr disse alto o bastante para que Lana também ouvisse. – A sensação que tive... Não era a de um Filho do Abismo, mas algo completamente diferente.
– Como assim? – Perguntei, ajeitando meu cinto e desembainhando a espada.
– Seja lá o que tenha nos atacado, não foi um Filho. – Ela retrucou; sua paciência começando a ir embora devido a minha pergunta um pouco idiota.
O ser veio do céu. Pulara do topo de uma árvore que estava à beira da estrada. Ele era diferente de tudo que eu já tinha visto, fosse em vida ou morte. Sua pele era vermelha e brilhante, refletindo a luz que brilhava sobre nossas cabeças. Dois chifres cresciam de sua testa, faziam o contorno de seu crânio e terminavam na nuca; contudo, um deles partido na metade, como se tivesse sido partido brutalmente.
No entanto, havia algo de familiar nele: os olhos. Eram pretos e laranjas, como os dos próprios Filhos.
– Um demônio. – Lana falou. – Da espécie Latvicā. Naturais do Sexto Círculo do Inferno, mas eu não creio que eles tenham olhos laranja.
– Como sabe de tudo isso? – Týr perguntou, surpresa.
– Nós, Heartless, estudávamos muito antes de irmos para o campo e caçar anjos caídos. E como alguns demônios foram anjos caídos, também estudamos a todos os tipos que existem.
– Você acha que alguém uniu um demônio com um Filho? – Perguntei, observando à criatura vinda em nossa direção com uma das mãos em chamas, mesmo que ainda não engolia; mas bem, existiam anjos, por que não demônios?
– É uma possibilidade. – Lana respondeu.
Ele lançou as chamas em nossa direção, que foram habilmente bloqueadas por um raio de Lana. Aproveitei para correr contra ele, que não pareceu surpreso com o ataque. Antes que eu pudesse atingi-lo, um raio veio dos céus e acertou-o em cheio; os segundos de dor que ele sentiu foram o bastante para cravar minha espada em sua coxa.
Irado, ele lançou-se de um tapa contra meu rosto, que me jogou a alguns metros de distância. Senti muita dor quando meu corpo chocou-se contra o asfalto, mas tirando alguns arranhões, eu estava intacto. Lana avançou contra ele, lançando raios a todo o momento. As habilidades da Heartless iam muito além de controlar eletricidade; ela era uma lutadora incrível, capaz de desviar dos socos velozes do demônio/Filho do Abismo.
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Afterlife: Heartless
Fantasy"A Morte tem seus planos, e sei que em nosso segundo encontro, nem tudo foi revelado. Algumas peças ainda estão faltando, e eu sou aquele que está próximo o bastante para descobrir. Mas... Por quê? Ela... Ela se foi. Presa em sua própria falta de co...