Capítulo 40: Senhora de Guerra

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Chengdu, China

Paraíso

Conseguimos descer a montanha sem sermos detectados, o que não foi uma tarefa difícil. Ambos os lados da batalha estavam distraídos demais para notar um grupo de almas. Diante de nós acontecia aquela que seria chamada de a Batalha Sangrenta, pois seriam milhares os anjos que morreriam. Procuramos pelo Senhor de Guerra Kane; Hayley principalmente. Ela sentia que sua vingança estava próxima, praticamente palpável.

A fábrica estava em chamas, então era bem provável que ele não estava lá. Ao mesmo tempo, Hayley explicou, ele era covarde demais para enfrentar os anjos em campo aberto. Ele devia estar escondido em algum lugar, fazendo o possível para coordenar suas defesas.

Decidimos avançar, porém, Hayley hesitou. Ela não queria levantar suas sombras contra seus irmãos; queria apenas Kane, e não aqueles que o seguiam, seja por juramento de lealdade ou não. Ela ficou para trás; graças à luz do fogo, ela tinha sombras praticamente em todos os lugares. Poderia usá-las para localizar o alvo. Assim que o fizesse, deveria nos chamar – Týr criou uma linha de comunicação mágica .

Depois de invocar minha armadura – e Lana fazer o mesmo graças ao feitiço de Týr – e sacar minha espada e adaga, transformei o Filho do Abismo mais próximo em centenas de vagalumes. A memória coletiva imediatamente avisou aos outros que eu estava na área; todas as cabeças se viraram para mim. Até mesmo os anjos tinham os olhos em mim. Sorri.

Minha pequena distração foi boa o bastante para fazer os anjos selarem milhares dos Filhos quase simultaneamente. Três deles avançaram contra mim depois de matarem um anjo. Um feitiço de Týr desviou a bola de lava do Abismo; usei o braço da armadura para defender um ataque que veio de cima. Girei num grau de 360, ficando atrás do Filho que acabara de atacar. Cravei a espada entre suas costelas e ele virou vagalumes.

Os outros dois Filhos me encararam com olhos arregalados. Eles tinham matado um anjo, e ali estava uma única alma fazendo o mesmo com eles. A resposta era óbvia: o anjo estava cansado e eu estava apenas começando.

Voei para cima deles, cortando com ambas as lâminas que possuía. Atacava rápido aos dois, alternando quem eu acertava a espada e quem ganhava um corte da adaga. Quando finalmente eles viraram vagalumes, eu respirei fundo.

Meus olhos captaram um estranho movimento a minha direita. Quando me virei, vi que cinco Filhos sobrepujavam um anjo. Corri até ele. Neste ponto, eu já não sabia onde Lana estava, mas sabia que ela podia cuidar de si mesma.

Lancei minha adaga, que atingiu o pulso daquele que mirava o golpe final no anjo. A espada do Abismo desviou-se no último segundo, atingindo o chão. Quando eles se viraram para ver o que estava acontecendo, saltei, chutando dois deles na face e cravando minha espada em um terceiro. Uma vez no chão, girei, acertando uma rasteira no quarto. Assim que ele caiu, o anjo selou-o.

Para minha surpresa, era um anjo de aparência feminina. E, ainda, era ninguém menos que Rachel, meu ex-anjo da guarda, de quando estava vivo. Ela ficou surpresa por um momento, mas não tivemos muito tempo de esclarecer as coisas.

Enquanto combatíamos dois deles, o que tinha a adaga no pulso retirou-a e a jogou no chão. Pude ouvi-la batendo no asfalto. Fiz com que a espada que tirara de Reymocell surgisse de meu braço. Transformei meu adversário em vagalumes a tempo de bloquear outro ataque com a lâmina vermelha. O sangue alaranjado saía do corte dele e ele parecia em dor, mas, ao mesmo tempo, nada disso pareceu influenciar em seu ataque. De certa forma, a ira que sentira de Reymocell estava voltando, correndo em meu corpo junto com a adrenalina, me dando forças extras para entrar naquela batalha.

Afterlife: HeartlessOnde histórias criam vida. Descubra agora