Capítulo 31: Lehetesim

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Primeiro Círculo do Inferno, Limbo

O mais improvável dos trios chegou ao Limbo quase instantaneamente. Nathanael usara de sua Magia Celestial para levar a si e suas companheiras, Sabrina Petran e a Exorcista. O Castelo da Ciência Humana estava diante deles, com seus sete muros cercando-o. O Rio da Eloquência corria em volta dele, como uma proteção extra contra invasores que nunca viriam.

Depois de serem indicados, Nathanael e Sabrina recuaram alguns passos e observaram a Exorcista fazer seu trabalho. Ela esticou o braço em direção ao castelo. A primeira coisa a acontecer foi o rio parar seu curso; como que com duas barreiras invisíveis o empurrasse, o rio abriu uma passagem em terra seca para eles passarem – um feito que não chegou nem aos pés do que Moisés tinha feito tantos anos antes, o qual Nathanael fora um dos poucos Caídos a assistir.

Em seguida, os sete muros começaram a girar, como se fossem imensas fechaduras, movendo-se com a inserção da chave para liberar a entrada. O barulho de pedras pesadas sendo arrastadas sobre pedras, sem dúvida, deve ter sido ouvido no Terceiro Círculo. Levou alguns minutos, até que finalmente os muros se alinharam e liberaram a passagem até o portão do Castelo.

– Não existe porta fechada no Inferno para a Exorcista. – Ela comentou zombeteira e com um sorriso, virando-se para os dois companheiros.

– Então, por que não abre o portão de Dite? – Sabrina retrucou, com um sorriso ainda maior.

– Ok. Apenas uma porta não é aberta para a Exorcista. Satisfeita? – Retrucou, dando as costas e caminhando pela nova passagem.

Nathanael simplesmente sorria, divertindo-se com a estranha combinação de alfinetadas. Eles caminharam em silêncio até a porta do Castelo, que era imensa e feita de um metal escuro ornando perfeitamente com as paredes cinzentas. A Exorcista fez menção de abrir a porta da mesma maneira que movimentou os muros, mas parou ao ver que alguém a abriu.

O homem do outro lado era de estatura media; ele tinha uma barba espessa que cobria seu pescoço, contudo sua cabeça era lisa de cabelo, que existia apenas nas laterais. Assim que os viu, ele sorriu, quase como se os reconhecesse.

– Olá, Platão. – A Exorcista disse; então, realmente, ele conhecia um do grupo. – Esses são Nathanael e Sabrina. – Os outros dois sinalizaram com uma das mãos. – Eles precisam falar com Dante.

– Ele está lá em cima, na cela... Digo, no quarto.

Ao contrário do que narrou em seu livro, o Castelo da Ciência não servia de morada para os Heróis do Antigo Testamento – esse papel era da Mansão dos Mortos, que agora servia de prisão para Lúcifer. O Castelo era para as maiores mentes cientificas do mundo, apesar de que aqui, eles estavam fadados a não fazer nada pela eternidade. Essa era a punição deles: parar de criar e pensar. Suas almas ficavam dentro daquele lugar, fazendo tudo, menos usando seus cérebros.

Por dentro, o Castelo era muito mais claro. As paredes eram pintadas de uma cor entre bege e salmão. Havia uma imensa escada que subia logo a frente deles, mas todo o andar inferior era cheio de quartos para os primeiros que chegaram àquele lugar, incluindo o próprio Platão. O filósofo ficou no andar de baixo, e o trio subiu pelos degraus.

Eram milhares deles, que subiam e subiam entre incontáveis andares. Nathanael não pode deixar de notar que o espaço interno do Castelo era muito maior do que aparentava por fora. Talvez, com a passagem dos séculos, o lugar precisou ser expandido para acolher as novas almas que chegavam.

A Exorcista continuou subido confiantemente, como se soubesse exatamente qual daqueles quartos estava Dante Alighieri. Para Nathanael, e a maioria dos anjos no Paraíso, a abrangência das habilidades da Exorcista era desconhecida. Talvez, ela soubesse onde estava cada alma do Inferno ou, então, quantos demônios existem e suas localizações. Nathanael podia apenas especular.

Afterlife: HeartlessOnde histórias criam vida. Descubra agora