Capítulo 25: Notre-Dame

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Tóquio, Japão

Paraíso

Eletricidade correu pelas mãos de Lana. Magia parecia fluir por Thais, pois a tensão em seus ombros aumentou. Saquei minha espada. Jared pegou uma pedra que estava jogada. O Filho aproximou-se de nós com as mãos no alto, tentando mostrar que vinha em paz. Seus olhos laranja, que combinavam com o cabelo quase da mesma cor, não eram desconhecidos por mim. Hayley, a Senhora de Guerra que me contara muitas coisas sobre a Guerra Celestial, parecia abalada. Era a prova que eu precisava para acreditar que, de fato, tivera uma visão.

Olhei para meus companheiros, que não relaxaram nem um pouco. Fui até ela, ainda com a espada em mãos, já que ela tinha uma também. Reconheci-a do meu sonho de semanas antes, quando acessei um pouco da magia de Týr por acidente. Hayley fez menção de dar um passo a minha direção, mas um raio atingiu alguns centímetros a sua frente, o que a fez recuar.

– A única razão por estar ainda viva – Lana disse, seu tom ameaçador – é que ainda não nos atacou, mesmo quando nos pegou distraídos. – Como nem ao menos tínhamos entrado na cidade propriamente falando, estávamos preocupados em tirar nossos últimos pertences do barco e levar para casa onde nos hospedamos, já que não tivemos coragem na noite anterior.

– Meu nome é Hayley Simms. – Ela falou; eu sabia que o sobrenome pertencia alma que ela possuía, já que os Filhos do Abismo tinham nomes estranhos. – Também conhecida como a quarta Senhora de Guerra, Piersym.

– Eu a conheço. – Virei para meus amigos e contei de nosso último encontro em Londres. – O que quer? – Disse eu, tentando soar durão. – Deixei claro que não a ajudaria.

– Acontece que nossos interesses encontram-se neste assunto. – Hayley não parecia estar muito a fim de falar, muito menos de negociar minha ajuda. – Bem, graças a mim eles se encontram. Eu estou com a alma que procuram.

Imediatamente, raios e galhos vindos de Lana e Thais, respectivamente, atacaram Hayley. Contudo, uma esfera de sombras a protegeu imediatamente; no segundo seguinte, ela estava a alguns metros de distância. Eu não tinha ideia de com fora possível que viajasse tão rápido. Antes que as duas pudessem começar um combate maior, eu me interpus entre elas e as impedi.

Nada disse, pois meu olhar era claro: eu cuidaria daquilo. Elas não ficaram felizes com isso, mas me deixaram ir, apesar de que ficariam prontas e a espreita para qualquer movimento brusco de Hayley.

Voltei a aproximar-me de Hayley, que parecia ainda mais abatida do que segundos antes. Talvez os poderes a tivessem consumido até o limite, ainda mais considerando o que eu tinha visto no sonho: a morte de dois de seus irmãos.

– Vamos começar de novo: o que quer? – Fui seco; mesmo não querendo lutar, ela ainda era uma inimiga.

– Sua ajuda. E uma vingança. – Ela suspirou; eu nunca tinha visto um Filho tão cansado quanto ela parecia estar. – O trato é simples: se prometer me ajudar, eu te levo até o local onde está a alma.

– Como sabe quem eu procuro?

– Ele era a única alma restante nessa ilha inteira. – Informou. – Não foi difícil deduzir quando soube que estava vindo para cá.

– E você é quer apenas uma promessa? Não vai esperar chegarmos ao fim dessa vingança para dá-lo a mim?

Hayley nada falou, apenas fitou-me nos olhos. Nenhum outro Filho do Abismo tinha olhos tão profundos, cheios de dor, tristeza e sentimentos. De fato, todos com quem eu cruzara até agora nada mais tinham em si a não ser o desejo de lutar. Ela era diferente e precisava de minha ajuda. Uma promessa. Era o que ela queria, era o que ela teria. Depois disso, conversaríamos se essa promessa seria cumprida ou não.

Afterlife: HeartlessOnde histórias criam vida. Descubra agora