Saikai, Japão
Terra, 903 d.C.
Os dias de viagem descendo até o Sul foram mais tranquilos do que esperado. Desde que o feitiço fora retirado da mente de Aihara, eles não encontraram nenhum soldado. O pai da garota, como general, deveria ter outros meios de localizá-la, mas aparentemente confiava demais na magia. Agora, sem ela, estava completamente desorientado. Minato apenas não tinha certeza se isso era bom ou ruim.
Quando Saikai surgiu diante deles, o coração do samurai rodava em dúvidas. Entregar Aihara, se fosse alguns dias antes, seria a tarefa mais fácil do mundo. Entretanto, depois de conhecer seu filho e, talvez, poder voltar para sua esposa e voltar a ter uma família deixava suas ações muito mais pesadas. Agora, ele apenas precisava garantir que não se apaixonaria por alguma mulher que conhecesse.
Sem pressa, trotou até a moradia de Yoake Mitsuhide. Decidiu não ir diretamente a Eiichi; queria, antes, consultar o velho samurai. Ele tinha experiência e sabedoria, esta última Minato havia evitado durante muito tempo, pois ela vinha acompanhada da culpa por todas as coisas ruins que tinha feito em troca de moedas de ouro.
Yoake recebeu-o de braços abertos, como sempre, e ofereceu o quarto de costume e disse que arrumaria uma cama extra para a mulher que o acompanhava. Deixou Aihara ali; usou um golpe em seu pescoço para que ela adormecesse; não queria correr o risco de ela tentar uma fuga. Em seguida, ele encontrou o velho bebendo chá de folhas na sala principal.
– Problemas navegam em seu coração. – Ele disse, sorrindo. – Sua consciência parece finalmente ter te alcançado.
– De fato, sim. – Minato respondeu; sua voz claramente abalada.
Minato apresentou toda a situação para o velho, que bebia o chá tranquilamente, como se ouvisse uma história sobre os reis do passado, e não uma de sequestro. O samurai nada escondeu, não havia motivos para tal; Yoake sabia que ele era uma espada contratada. Também contou sobre seu filho e seus sentimentos sobre ele.
– Venha comigo. – O velho disse, levantando; ele caminhou lentamente para o jardim e parou diante de um lago de águas tranquilas e paradas. – Aproxime-se e diga-me o que vê.
Minato fez como dito. Nas águas, ele viu a si mesmo; viu-se sujo e cansado da viagem; viu um par de olhos confusos e cheios de dúvida; até mesmo algumas cicatrizes que, se você não soubesse que estão ali, jamais as veria. Seu reflexo não poderia ser mais cristalino.
– Eu mesmo.
– Exato. – Yoake disse sabiamente; seus dedos entrelaçados às costas. – E agora que retornou a vida de seu filho, mesmo que não volte a morar com sua esposa, ele também o verá. Não apenas fisicamente, mas também como exemplo. As decisões que você toma não mais afetam apenas você, mas também a seu filho. Então me diga, Tanizawa-san, que tipo de homem você quer ser para seu filho?
Minato ficou pensativo por longos e longos minutos; o velho não saiu do seu lado. O samurai sabia como responder aquela pergunta: um herói. Queria que Takano o visse assim; o problema era que heróis não sequestravam mulheres por dinheiro.
Ouviram barulho de passos, homens falando alto e Kaiya gritando. Os dois correram para frente da casa, onde um brutamonte agarrava a moça pelos braços e tentava roubar um beijo. Minato pegou uma pedra no chão e lançou contra o homem, que foi atingido na cabeça. Kaiya livrou-se dele e correu para dentro de casa, fechando a porta atrás de si. Seu pai seguiu-a.
Minato, com a mão em sua espada, interpôs-se entre os homens e casa. Estava claro que estavam ali por Aihara; portanto, ele era sua única chance. Yoake surgiu, trazendo consigo três katanas, sendo duas menores do que o convencional. Entregou uma delas para Minato.
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Afterlife: Heartless
Fantasy"A Morte tem seus planos, e sei que em nosso segundo encontro, nem tudo foi revelado. Algumas peças ainda estão faltando, e eu sou aquele que está próximo o bastante para descobrir. Mas... Por quê? Ela... Ela se foi. Presa em sua própria falta de co...