Yeddo, Japão
Terra, 903 d.C.
Nas poucas vezes que tinha ido a Yeddo, Minato tinha visitado alguns bares distintos, sendo que nenhum deles era tão bom quanto o que tinha deixado na vila onde morava Yoake. Para observar os movimentos de seu alvo, ele estava no Tano Shiba, um bar onde ela trabalhava como garçonete. O lugar era bem arrumado, apesar dos clientes – a maioria militares – gostarem de levar prostitutas para acompanhá-los enquanto bebiam sake.
Aihara Tai era garçonete ali. Servia os massu cheios de bebida e retirava os que estavam vazios. O lugar também tinha algumas bebidas ocidentais, como vinho e cerveja, mas nenhuma dessas agradava a língua de Minato. O lugar também servia comida, apesar do cardápio ter apenas dois itens: tokatsu e karaage. Minato pediu ambos.
Fazia alguns dias que chegara a Yeddo, e já havia descoberto a rotina de Aihara: acordava, ia até uma casa de banho dia-sim-dia-não e depois ia para o Tano Shiba, onde ela passava o dia inteiro até que fechasse. Sua casa era pequena e ficava a quase trinta minutos de caminhada do bar. Minato chegou a deduzir que havia algo de estranho nisso, considerando quem era seu pai.
Mesmo sem ter a influência financeira do pai, Aihara tinha o respeito. Nenhum dos homens mexia com ela ou colocava a mão onde não deveriam, pois todos sabiam as consequências de tal ato. Todos contentavam-se com as prostitutas que traziam ou com as outras garçonetes, mesmo que estas não chegassem a metade da beleza de Aihara.
Seus longos cabelos negros estavam sempre presos em um coque perfeito, que era segurado por dois hashis vermelhos com detalhes em dourado. Ela vestia um kimono de seda nos mesmos tons, mas os detalhes em dourado faziam flores de cinco ou seis pétalas. Seus olhos eram grandes, diferente da maioria das pessoas que Minato conhecia; eram de um negro tão profundo, que seria muito fácil para qualquer homem perder-se neles. A boca fina e pintada de um vermelho vivo era muito sedutora.
Era por mulheres assim que Minato sentia-se mal por ser eunuco.
Pela milésima vez, esperou as horas passarem observando a mulher movimentar-se, indo de um lado para o outro entregando bebidas e alimentos. Ela era muito boa no que fazia; não derrubava nem mesmo uma gota de sake.
A lua dominou os céus quando ela terminava seu turno de trabalho. Ela deixou o bar e desceu a rua de terra em direção à região mais afastada da cidade. Minato seguiu-a por todo o caminho sem que ela notasse sua presença. Viu-a entrando em sua casa; Minato decidiu que atacaria naquela noite.
Quando todas as velas se apagaram e a sombra de Aihara desapareceu, ele pulou o muro. Minato usou sua katana para abrir um buraco em uma das paredes de papel. Estava em um pequeno corredor, onde no fim ficava o quarto de Aihara. Andou até ele, e descobriu-a de pé, com uma katana em mãos e um kimono que semitransparente comumente usado para dormir.
– Quem é você? – Ela perguntou, observando o visitante com cautela. – Você me seguiu desde que saímos do bar. E você passou um bom tempo lá também, me olhando. Gosta do que vê agora? – Ela indicou seu próprio corpo sob o kimono.
– Meu nome é Minato Tanizawa. E sim, gosto do que vejo. – Uma pena que ele não podia sentir atração por ela. – Preciso que venha comigo.
Ela levantou a espada sobre a cabeça com uma das mãos; a outra, com apenas o dedo indicador e médio levantados, ela apontava para Minato. Ele reconheceu a técnica; era a mesma que tinha ensinado a Taiyo, quando ela era viva, apesar de que ele mesmo não usava aquela técnica com frequência.
Aihara atacou primeiro; se Minato não fosse rápido ao desembainhar sua katana sem dúvida teria sua boa parte de seu tórax cortado. Suas espada chocaram-se, criando algumas faíscas. O samurai afastou-se dois passos, o que pegou a mulher um pouco de surpresa, já que ela esperava continuar atacando sem parar. Ele, então, com um movimento de pés especializados, atacou-a. Aihara precisou adaptar-se para conseguir defender-se.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Afterlife: Heartless
Fantasi"A Morte tem seus planos, e sei que em nosso segundo encontro, nem tudo foi revelado. Algumas peças ainda estão faltando, e eu sou aquele que está próximo o bastante para descobrir. Mas... Por quê? Ela... Ela se foi. Presa em sua própria falta de co...