Capítulo 22: Nihon

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Brooking, Oregon

Paraíso

Ouvíamos as ameaças dos homens de Kane, mas não as obedecíamos. Lana estava com Jared, e portanto, ele estava seguro. Týr, Thais e eu nos preparávamos para lutar. Fui ao início do corredor, próximo aos caixas; olhei discretamente e descobri cinco Filhos do Abismo vindo em nossa direção. Thais fez o mesmo do outro lado, a metade do corredor em que estávamos, e disse que outros cinco viam dali.

Consequentemente, deduzi que outros cinco deviam vir do final do corredor. Fizemos um plano: eu atacaria os cinco que vinham pela frente, o que chamaria a atenção dos outros, que viriam contra mim; então, Thais os atacaria por trás e faria seus feitiços para tirá-los do combate. Se houvesse mais Filhos nos esperando do lado fora, isso com certeza os atrairiam para dentro.

Sai de trás da prateleira e fui à direção deles, minha espada e minha adaga em mãos. Eles estagnaram, surpresos pela minha inesperada decisão de atacar, ao invés de esperar o ataque. Ainda andando, e com a mão esquerda, lancei a adaga contra o Filho que estava no meio. Graças a um singelo feitiço de Týr, consegui acertá-lo no meio da testa; a adaga cravada até o punho. Antes que ele atingisse o chão, eu corri na direção deles.

Com a espada apontada para baixo bloquei um ataque de uma mão transformada em lâmina de lava vinda daquele que estava imediatamente a minha esquerda e, depois, bloqueei outro da direita. Percebi que os dois que estavam mais afastados tentaram contornar pelos flancos. Logo em seguida, levantei a espada para bloquear uma sequencia como a anterior, porém alta; levei minha espada para direita outra vez, bloqueando um terceiro ataque. Chutei o Filho que estava à esquerda; ele recuou dois passos, me dando abertura para abaixar, desviar de um ataque na diagonal do que estava a direita e, enquanto levantava, cortei-o fatalmente e o transformei em milhares de vagalumes prateados.

Senti que Týr parava uma investida que vinha dos que posicionaram atrás de mim. Girei o mais rápido que conseguia e abri dois cortes profundos nas gargantas deles. Viraram vagalumes. O último restante foi fácil de exterminar. Por fim, recuperei minha faca e matei o Filho que a tinha cravada na testa. Sorri de satisfação; as lutas eram a melhor parte daquela estranha jornada de morte.

Ouvi barulho de madeira se esticando, e soube que Thais também estava lutando. Corri de volta alguns corretores e encontrei Thais enfrentando dez Filhos ao mesmo tempo – e eu achando que eu estava arrasando. Três deles estavam presos em árvores, enquanto os outros estavam descobrindo uma forma de tentar superar os estranhos seres de madeira que nasciam dos grãos de arroz que ela tinha pegado de algumas caixas nas prateleiras.

Entrei no combate assim que matei os três que estavam presos – a parte fácil. Em seguida, tive que lutar com três deles ao mesmo tempo. Girei para a direita de um deles e consegui matar um quarto que estava lutando com o monstro de arroz. Desviei de uma marreta de lava com um passo para esquerda, abaixei para desviar de um facão e, em seguida, dei uma cambalhota para trás de modo a evitar uma foice que atingiu o chão, abrindo um rombo.

Outra vez de pé, saquei a adaga de sua bainha a tempo de desviar de outra marretada. Enfiei-a sem dó no ombro do que estava mais perto, que também era o da marreta. O momento de distração serviu para eu me afastar um pouco dele, bloquear dois ataques com a espada e matar os outros Filhos com quem lutava. O da marreta arrancou a faca, soltando um urro de dor; jogou-a no chão e avançou contra mim. Enquanto o ferimento esteve aberto, notei que sua velocidade havia diminuído; girei para esquerda de um ataque. Minha espada transpassou a cabeça do Filho, de orelha a orelha. Vagalumes ficaram em seu lugar.

Quando voltei para Thais, todos os Filhos estavam presos em madeira. Já ela, estava ofegante e suada, recostada em uma das colunas. Aproximei-me dela guardando as lâminas. Ajudei-a a sentar-se e ela sorriu; estava exausta. Como as ameaças tinham parado, deduzi que tínhamos dado um jeito em todos eles. Thais apontou para os prisioneiros e eu entendi o recado; sem hesitar, transformei um por um em vagalumes.

Afterlife: HeartlessOnde histórias criam vida. Descubra agora