Desde que eu me entendo por gente, minha mãe me conta a mesma história de uma princesa encantada.
Mas essa princesa não está nos livros infantis ou nos clássicos da Disney. Essa princesa sou eu. Pois é... Sou a princesa Yasmin que está a espera do seu lindo príncipe encantado. Caleb Nahan.
O relato de minha mãe é muito bonito e quando eu era criança adorava a história e a pedia toda noite antes de dormir.
A parte que eu mais gostava era quando minha mãe dizia que quando eu completasse 21 anos, meu príncipe chegaria em seu cavalo branco e me levaria até a igreja para selarmos nossa união. Como conto de fadas, a história é linda. Mas a realidade é bem diferente dos contos de fadas.
Sou descendente de árabes. Muitos árabes vieram ao Brasil deixando sua amada terra para trás. Incluindo meus avós paternos. Aqui conseguiram se estabelecer e meu pai herdou a fábrica de tecidos. Meu pai já nasceu no Rio de janeiro e nunca foi um exímio negociante como seu pai. Sempre gostou de jogar nos cavalos e isso enloquecia meus avós. Minha avó não conseguia engravidar e só teve meu pai aos 42 anos de idade e meu avô já estava com 50. Os dois já foram se encontrar com Alá, como eles gostavam de dizer.
Mas antes, meu adorado avô me deixou um presente. Apesar de ser árabe, ele me deixou um presente de grego.
Firmou um acordo com um homem que lhe salvou a vida. Ismail Nahan. Ele evitara que meu avô fosse morto em um assalto numa de suas lojas no Rio. Ao descobrir que o senhor Naham era árabe também, os dois tiveram a brilhante ideia de unir as famílias. Então o filho do senhor Nahan se casaria com a neta do senhor Sadala.
No caso eu.
Eu tinha sete anos quando vi Caleb pela primeira e única vez. Ele foi um amor e apesar de ter, na época, 17 anos, brincou comigo. Depois daquela visita, Caleb fora estudar nos Estados Unidos e eu nunca mais o vi. Eu, na minha inocência, queria um dia casar com aquele príncipe encantado. Mas o tempo passou e inevitavelmente eu cresci. Minhas ideias de casamentos mudaram drasticamente, até porque eu deixei de acreditar em contos de fadas.
Pelo amor de Deus! Estamos no século 21 e no Rio de Janeiro. Nem morta eu vou honrar com esse acordo. Meu avô nem está mais aqui pra contestar nada. Meu pai sempre foi mente aberta e quando fiz 15 anos me disse que eu não era obrigada a casar com quem não quisesse. Minha mãe não era descendente de árabes, mas adorava me contar a tal história da princesa encantada e fazia muito gosto nessa união.
Minhas inserparáveis amigas sabem dessa história maluca e me apoiam totalmente. Vic até diz que era pra eu dar uns pegas no tal Caleb. Claro que sim... É a Vic e Vic não faria outra coisa. Mas a Bel é mais parecida comigo. Somos mais tranquilas, enquanto Vic é o nosso furacão. Foi Vic, inclusive, que me fez procurar na internet por Caleb Nahan. Nunca nem sequer tive a curiosidade.
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Caminhos Cruzados (FINALIZADO)
Short StoryAs três amigas Maria Yasmin, Maria Isabel e Maria Victoria se conheceram na escola quando tinham 15 anos e se tornaram inseparáveis a tal ponto de serem conhecidas como as três Marias. Elas conhecem o amor ainda na infância, mas os caminhos que a...