Maria Victoria

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Eu não tinha nem completado um ano de idade quando a vida me foi traiçoeira

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Eu não tinha nem completado um ano de idade quando a vida me foi traiçoeira. A vida e um motorista bêbado que tirou minha mãe de mim e de meu pai. Mas meu pai supriu a carência que uma mãe faz. O sr Otávio Ramos é simplesmente maravilhoso. Um pai carinhoso, presente, amoroso e que pega no meu pé como nenhuma outra pessoa. Mas é o dono do meu coração. 

As vezes me pegava pensando na minha mãe. Como seria nossa convivência, como seriam nossos diálogos. Se ela se irritaria por eu ser a pessoa mais desorganizada da face da Terra. Como ela falaria pra mim da minha primeira menstruação, do primeiro beijo, da primeira vez. E quando eu estava muito trsite ou muito feliz, eu pensava nela. Sentia até a sua presença. Acho que era o desejo insano de tê-la comigo.

Meu pai namorava, claro, mas ele nunca levava nenhuma mulher para eu conhecer. Sempre fomos eu e ele. Até a Claudia aparecer. Eu tinha 11 anos quando ele a trouxe pra me apresentar e eu a adorei de cara. Eu não gostei muito foi do filho dela. Miguel. Ele tinha 15 anos e era muito metido a adulto e a saber das coisas. Mas pelo bem do meu pai e da Claudia, eu o aturaria. E só Deus dabe o esforço que eu fiz.

Meu pai e a Claudia se casaram e eu logo passei a chamá-la de mãezinha postiça. Eu a adorava e ela também a mim. Nos dávamos bem. Como mãe e filha. Ela dizia que eu era a filha que ela não teve. O Miguel nunca conheceu o pai e acho que por isso, ele tinha uma carência paterna. Ele fazia de tudo pra agradar meu pai. Até enchia o saco as vezes e me causava um certo ciúme. Eu também sou a pessoa mais ciumenta do mundo. Mas comigo ele sempre foi um pé no saco. Vivíamos num arranca-rabo. O que divertia muito nossos pais, mas não a nós. 

Agradeci aos céus por ter mandado minha mãezinha-postiça, pois foi ela e não meu pai que conversou comigo quando eu menstruei pela primeira vez. Eu tinha 13 anos e quando o Miguel descobriu, ficou me zoando.

Quando eu fiz 15 anos, me descobri bonita. Tinha um corpo legal, um cabelo que eu adorava, uma pela morena que eu amava e vivia me arrumando. O problema era que os garotos não me davam muita bola. A Jas e a Bel, minhas amigas, viviam sendo paqueradas e convidadas pra sair. E eu? Nada. Comecei a examinar melhor o reflexo que o espelho me mostrava. Será que eu tinha uma auto-estima tão elevada que não via a realidade? Só meus pais diziam que eu era linda. As minhas amigas também diziam não entender porque eu afugentava os garotos. Além de eu ser bonita, eu era super legal.

Até o Miguel que era super chato, vivia trocando de namorada mais que trocava de roupa. E eu? Nada.

- O que você tem, Victoria? - indagou meu pai quando almoçávamos. 

Eu olhei pra ele e continuava a brincar com a comida no prato.

- Vai ter um baile na escola no sábado.

Caminhos Cruzados (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora