Maria Isabel

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Eu tive uma infância rodeada de amor

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Eu tive uma infância rodeada de amor. Meus pais se amavam e me amavam demais. Eu queria um amor daqueles pra mim. Eu quria um dia ter uma família como a minha. Eu sonhava em me casar com um homem igualzinho ao meu pai. E foi assim que aos sete anos eu me apaixonei perdidamente pelo meu vizinho: o Duda. Na época ele  tinha 15 anos. O Duda era um fofo comigo. Me colocava no colo e me jogava pro alto. Eu ria muito. Ele beijava e apertava minha bochecha. Ah... e dizia que eu era a menina mais bonita de todo o mundo. Eu acreditei, na minha inocência, que ele também estava apaixonado por mim. Até que um dia, eu o via na escola de mãos dadas com uma garota da idade dele. 

Quando eu me lembro da cena, me acabo de rir. Eu puxava tanto os cabelos da namoradinha dele. Coitada. O que faz uma criança de sete anos querer namorar? Acho que Freud explica ou eu mesmo posso fazer isso. Eu vivia com tanto amor ao redor que queria a mesma coisa quando crescesse. E queria desesperadamente que o Duda me esperasse crescer, o que, obviamente, ele não fez.

Ele era muito carinhoso comigo e conversava que um dia iria realizar o seu grande sonho. Mas ele nunca me disse qual era o sonho dele.

- Um dia você vai casar comigo? - eu perguntava.

- Claro que vou, Bebelzinha. Nunca vou encontrar garota mais linda que você.

Eu ficava nas nuvens.

Um dia vi o Duda chorar. Entaõ eu sentei no colo dele, o abracei e chorei também. Ele me abraçou e chorou mais ainda. Nunca soube o porquê daquelas lágrimas. Mas não importava, eu só queria que ele sentisse meu amor por ele.

Quando fiz dez anos, o Duda tava com 18 e eu tive a pior notícia de toda a minha vida. Meu pai que era da marinha fora transferido para Natal, RN, e nós teríamos que nos mudar. O que me faria ficar longe do Duda.

A despedida ficou gravada na minha memória. Eu abraçava o Duda chorando e pedia que ele me esperasse que um dia eu voltaria e nós poderíamos nos casar. Ele disse que me esperaria e eu acreditei.

 O tempo passou e eu esqueci do meu amor de infância, mas as lembranças que vivi com ele ainda embalavam meus sonhos.

Quando eu estava perto de completar 15 anos, meu pai morreu num assalto. Foi um duro golpe pra mim e minha mãe. Retornamos ao Rio de Janeiro, mas não voltamos a morar na Urca e sim na Tijuca. Minha mãe conseguiu uma bolsa de estudos numa das melhores escolas da cidade e foi assim que conheci as minhas melhores amigas: Jas e Vic.

Mas como eu disse, meus pais eram apaixonados demais e minha mãe não se reegueu depois da morte dele e veio a falecer dois anos depois com câncer. Ela não lutou, simplesmente se entregou e a doença não foi benevolente.

Caminhos Cruzados (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora