Bateram na porta 701 do Metropolitano.
Quase nunca bate na porta, lá. É porque o que a direção quer informar, ela informa ou através de professores, ou pelos alto-falantes espalhados pela escola – o mais comum, mas hoje bateram na porta, no meio da aula do Mauro.
Quando ele abriu era a coordenadora do outro lado, sorrido um animado feliz demais e segurando alguns papeis um pouco amaçados. 'Tem um minuto Mauro?'.
Mauro passou um exercício para a turma e logo saiu da sala.
- Qual o motivo de tanta alegria, Ligia?
Ela sorria extremamente demais:
- Acho que encontrei a reencarnação do Einstein.
Mauro encarou ela confusa. Então ela entregou a ele as folhas. Ele as examinou com cuidado: Eram provas. As provas para entrar no como bolsista do Metropolitano, difíceis. Sim. Tava gabaritada, todas as 100 questões estavam certas.
- Ele fez a prova em uma hora...
- De onde veio esse garoto?
- Da MSC.
- Deixa eu adivinhar... Foi a Cida?
Ela era como uma caça talentos, não, na verdade ela é professora de português, mas enfim. Ela tem contato com o Mauro desde que se formaram e depois de ter conseguida a bolsa para alguns alunos o diretor começou a fazer amizade com ela, e pede, que quando ela vê um "aluno potencial" que era para vir correndo contar.
E foi o que ela fez quando o mini Einstein entrou na MSC a nem um mês atrás.
Ligia só sorriu e assentiu.
- Onde ele ta?
- Na minha sala.
- Só vou terminar minha aula...
Na sala da Ligia sentava, aquele garoto meio tímido, na ponta do sofá. Tudo que ele queria era ficar na dele. Sem chamar toda essa droga de atenção que ele tava chamando. Isso não era do estilo dele, com certeza não! Simplesmente quiseram tirar ele da zona de conforto e jogar ele no meio de uma selva de patricinhas e playboys.
Claro que ele gabaritou as provas. Era uma prova fácil. Não era?
E agora ele tava ali, sentado num sofá mais confortável que sua cama da secretaria de uma escola tão cara que a mensalidade de um dos alunos pagaria todas as coisas que ele conquistou na vida. Seus olhos brilhavam azuis e encaravam insistentemente o relógio. Bem na hora se abriu a porta: Um homem alto e forte ficou parado lá no vão, encarando o menino, mas o mini Einstein não tirava os olhos do relógio. Era o Mauro, no vão da porta, ele ficou de frente para o novo aluno cobrindo toda sua visão para aquele relógio de parede, para que a sua atenção fosse toda dele, sorriu:
- E aí cara, tudo bem?
O garoto nem sequer olhou para ele, só assentiu. Então Mauro sentou do seu lado no sofá e chacoalhou os papeis que tinha na mão para chamar sua atenção, não funcionou:
- Soube que gabaritou as provas.
Ele não respondeu.
- São questões difíceis, sabia disso?
Mas ele continuou mudo. Louco para que o Mauro chegasse logo no ponto e que ele poderia vazar dali.
- Estávamos pensando em dar uma bolsa integral para você estudar aqui com a gente, o que você acha?
Ficar aqui um ano? Já tava sendo agoniante aquelas poucas horas que teve sentado no sofá, mas ele só deu de ombros, o que fez Mauro sorrir.
- Só precisaríamos que teu pai viesse aqui para te matricular e...
Ele imediatamente encarou o chão, e foi a primeira vez que Mauro ouviu sua voz:
- Ele não pode vir.
- Ahh, ufa. Já tava achando que você era mudo...
Mauro até que tentou quebrar o gelo com sua piadinha sem graça, mas o garoto nem sequer moveu a boca.
- Bom... Pode ser a sua mãe... – continuou Mauro.
- Ela também não pode vir. – Respondeu curto.
Mauro ficou meio que sem reação. E observou as atitudes do garoto. Encarava o chão, piscava sem parar e suas mãos inquietamente se acariciavam. Ou ele era extremamente tímido, ou algo na família o incomodava tanto ao ponto de ficar assim só em mencionar seus nomes.
- Então... Algum responsável?
Então ele rompeu seu olhar com o chão e vagamente a mirou até Mauro, foi a primeira vez que se olharam no olho:
- Pode ser a Cida?
Mauro ficou surpreso. Era difícil surpreender o Mauro.
- Bom a Cida é professora... Não sei se...
- Então não tem ninguém.
- Tem que ter alguém... Um tio? Irmão?
- Não tem. – O garoto levantou irritado – Posso ir agora?
Mauro suspirou, droga. Ele sabia o quão importante que era para a diretora a presença dele naquela escola. Então... Que abrem a primeira exceção:
- Se a Cida concordar...
Ele assentiu.
- Amanhã – continuou o Mauro – Vocês vêm, então? Para fazer a matrícula e tudo mais...
Ele assentiu de novo e quando colocou a mão na maçaneta Mauro o parou. Ele já tava do seu lado:
- Qual seu nome mesmo?
- Stevie.
***
oioi, pessoas!!
Tudo bem com vocês? ^^ /tempo que não uso esse emoticon :P
E, aí? o que acharam do Mauro? Meio intrometido demais? (calmaquepiora:X)
E o Stevie? Bichinho do mato? Pois é :P (calmaquepiora:X) HAHAHHA
bjsmil & até a próxima cena!!
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VRotegen [Hiatus]
Teen FictionTudo que o Stevie queria era ser normal. Normal e invisível. Mas ele tem um passado que o assombra todas as noites... 'Depois' que o pai é morto a tiro ele vai para a cidade grande a procura de um recomeço. Um recomeço que ele possa simplesmente s...