Confissões na Laje

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- Helena? O que você está fazendo aí? – Sorriu. Mesmo que um meio sorriso triste.

Ela estava sentada na beira da laje com as pernas balançando no ar. Ela deu de ombros. Soltou um mesmo meio sorriso para os cabelos dourados.

- Fugindo. E você?

Ele acabou rindo sem graça.

- Acho que também.

- Então vamos fugir juntos. – ela sinalizou para ele o caminho para subir ao seu esconderijo. Era um meio teto de um deposito abandonado, a escada faltava alguns degraus, mas nada tão mal que não fosse recompensada pela vista que atingiu o Stevie assim que subisse o último degrau.

Dava para ver quase todo o Veemente dali.

Era lindo! Fez ele quase esquecer de porque chegou ali.

- É lindo né?

Stevie ainda estava boquiaberto da imagem.

- Incrível. – ele desviou seu olhar de Veemente para observar a ruiva, nunca a tinha visto com um semblante tão sério, tão estranho não ver seu sorriso que iluminava qualquer um – É um ótimo lugar para fugir.

- Eu gosto de vir aqui – murmurou a Helena para a paisagem enquanto que Stevie sentava de seu lado – essa vista me faz esquecer...

Stevie assentiu entendendo completamente aquele sentimento.

- Ta fugindo do que? – perguntou os olhos azuis depois de um tempo de silencio.

Helena sorriu pensativa.

- Da minha irmã.

Stevie respirou fundo para a coincidência.

- Sei como se sente – murmurou, sem nem perceber que tinha falado aquilo em voz alta.

- Achei que fosse filho único.

- Mais ou menos – engoliu em seco com medo de ter falado demais – é por parte de pai.

Helena sorriu para mais essa coincidência, sentiu que podia desabafar com o menino dos olhos azuis. Helena tinha duas irmãs, a Natyh era por parte de mãe e pai, mas logo que a Helena nasceu começou as brigas e não demorou muito para se separarem. Quando Helena tinha 5 anos ele casou de novo e a mulher logo engravidou da irmã mais nova. A mãe e a irmã mais velha da ruiva nunca aceitaram essa "traição" do pai, a nova família era como uma troca. Na cabeça da Natyh não era possível amar as filhas do casamento passado, mas isso nunca foi verdade. Pelo menos não para a Helena.

Para a ruiva a Sorah veio para acrescentar e não dividir elas.

Faz uns 3 anos que ela vive com o pai.

Que a Helena abandonou a mãe e a irmã farta das brigas das duas.

A vida com a Natyh e a dona Soraya era próxima ao inferno, as duas com gênio forte vivem em pé de guerra. Uma montanha russa de emoções que era demais para a Helena. Primeiro eram xingamentos, gritos. Uma era burra. Outra era puta. Chegavam a jogar coisas no chão, quebrar espelhos, bater em paredes. A Natyh aparecia algumas vezes com roxos pelo corpo.

As vezes a menina se escondia no banheiro com o fone no máximo torcendo para que a briga acabasse logo. Helena era invisível naquela casa. Helena sempre foi invisível. As ameaças de morte que mais assustavam a menina, ou uma ia matar a outra ou iam se matar, por mais que muitas vezes esperou o pior como a vez que a Natyh se jogou na frente de um carro ou a vez que a dona Soraya tomou quase uma cartela inteira de rivotril.

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