Pai

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oioi gente!

Sei que teve Capítulo ontem, mas hoje é o aniversário do meu pai, 09/07. E essa cena é em homenagem a ele <3 Um pequeno presente para um dos homens mais importantes da minha vida!

Ele é minha estrelinha, a que tem o brilho mais forte e, (como Stevie) queria poder sentir uma última vez seu abraço. 

Espero que gostem da cena <3

bjsmil&até <3

***

Sábado.

Agora não tinha volta.

Nove e meia.

Sentia a água do chuveiro correndo pelo corpo anestesiando sua ansiedade, mesmo que o líquido saia num filete, a temperatura morna ainda esfriava seus pensamentos. Prometeu para si mesmo manter a calma hoje. Garantiu para a Taylor se mostrar confiante. E Helena ainda conseguiu arrancar uma juramento de se divertir.

Essa talvez seria um pouco mais difícil de cumprir.

Desligou o chuveiro, se enrolando na toalha e saindo do banheiro ainda molhado.

Tinha separado a roupa que a Taylor implorou de comprar nova só para essa ocasião, mesmo que Stevie tenha insistido que boa parte das roupas que ela já tinha dado ainda eram novas. Algumas ele ainda nem tinha usado. Mesmo assim ela sempre consegue o que quer, e foi assim que a calça jeans e a camisa branca foi parar na cama do quarto da mãe. Stevie achava a camisa com cara de social, que seria demais para a ocasião por mais que Taylor insistia que era uma Camisa Social Sport Slim, que todos os meninos usariam algo assim

Stevie preferia a T-shirt slim fit cinza. A rainha do estilo ainda tinha dado outro nome a ela. Longline ou algo assim.

A Jeans era um semi skinny escura. Estava feliz por aquela escolha, a Tay queria que ele usasse uma que mais parecia uma legging. Pelo menos Helena tinha ficado do lado dele desta vez. Ele vestiu a cueca e secou melhor as pernas antes de colocar o Jeans.

Colocou o gel na mesa ao lado do espelho. Também tinha sido insistência da Tay, ela ficou uma "aula" inteira com um praticamente tutorial ao vivo de como arrumar o cabelo para esse dia.

Quando estava terminando de passar a toalha no cabelo ouviu a porta da frente bater e não demorou muito para a mãe dele aparecer no vão da porta.

- Você veio cedo.

Ela sorriu para ele.

- Só de passagem. – Então entrou no quarto, em direção ao armário – Só vim buscar um... negócio.

O menino assentiu. Estava difícil lidar com ela, para variar. Não falavam direito a dias e Stevie nem tinha certeza porquê. Ela era como uma bomba relógio, ele nunca sabia como ou quando agir. Podia explodir a qualquer minuto. Tudo que ele não precisava hoje. Queria ir com a mente limpa, mas só de olhar para ela sentia um dor no peito.

- Você vai sair? – ela quebrou o silencio. Stevie ficou com receio do que responder, mas quando voltou a direção para a mãe de novo viu que ela tava sorrindo analisando ele lá do guarda roupa.

- Tem... Uma festa. – murmurou. O que fez a mãe abrir um sorriso ainda maior. Quase... Orgulhoso.

- Fico feliz que esteja se enturmando bem na nova escola.

Ele suspirou um "É" nervoso. Não tinha certeza se estava angustiado era pela temida festa em algumas horas ou pela conversa mais longa com sua mãe a semanas. Mesmo assim conseguiu lhe retribuir com um sorriso de lado, tímido.

- Não vou voltar tarde. – tratou de acrescentar rápido.

Ela se aproximou dele, despejando um beijo na sua testa o surpreendendo.

- Não faça nada que eu não faria.

Stevie soltou uma risada silenciosa. Sabia que esse era o aval da mãe que não precisaria voltar antes do sol nascer.

Ela desviou o olhar e caminhou para fora do quarto enquanto que os olhos azuis voltaram a mirar o espelho e seu reflexo nele. Ajeitou um pouco mais o gel no cabelo, como Taylor tinha ensinado. Mas a mãe dele parou no vão da porta de novo, o observando por mais um curto tempo. Seu suspiro feliz chamou a atenção de Stevie.

- Você está igual ao seu pai.

Ela não esperou reação ao menino, deixando ele sozinho com aquela bomba.

As palavras ecoaram na cabeça dele.

Igual ao seu pai. Se pegou pensando o que seria isso, se ele lembrava do pai certo. Do mesmo que sua mãe tava falando, porque quando se olhou no espelho não conseguia ver nada dele ali.

Esse era um dos seus maiores medos, de pouco a pouco esquecer de como ele era. Do som de sua voz. Da sua risada. Muitas lembranças eram só como fleches. Cenas. Apenas cenas.

Engoliu a dor que queimava seu peito cada vez que pensava nele. Era inevitável, não era algo que ele queria. Queria lembrar dele com alegria, com paz. Mas sua imagem era sempre ligada ao dia mais trágico de sua vida.

Como seriam as coisas se ele ainda estivesse ali?

Era impossível não pensar.

Que tudo seria mais fácil.

Tudo podia ser diferente.

Se não estivesse assistindo TV, se tivesse atendido aquela porta antes de ele aparecer. Talvez desse tempo de fugir. Ninguém machucaria uma criança... Não? Quem tinha que estar escondido era o pai, não ele.

Como ele queria poder mudar as coisas.

Ele fechou os olhos com força.

Orgulho. Esse era outro pensamento que sempre vinha na cabeça dele quando pensava no pai. Desde pequeno lutou para ser o motivo do orgulho dele, aquele sorriso admirado ele ainda lembrava bem, ele sorriu por entre os olhos vermelhos quando lembrou do brilho de seu olhar. O sorriso que o confortava. Deixar o velho satisfeito era sua missão de vida da infância.

Ele queria poder abraçar ele uma última vez. Sentir seu cheiro de café com tabaco. Queria ouvir sua voz mesmo que fosse brigando, queria até mesmo sua mão batendo forte na mesa, como fazia sempre que tava bravo.

Então finalmente vem, o último sentimento que o atinge quando pensa no pai.

Vazio.

Não só o vazio obvio da falta de sua presença, mas o vazio de conseguir sobreviver sem ele. De muitas vezes só se pegar pensando nele quando lhe era conveniente. Quando estava com medo. Quando estava triste.

Porque não pensava nele quando tava rindo? Porque só nos momentos ruins ele aparecia? Como se fosse algum tipo de desculpa de ficar triste, como se todas suas tristezas fossem ligadas a ele mesmo que muitas vezes não tinham nada aver. Nos momentos mais impróprios. Como agora.

Parou.

Limpou uma teimosa lagrima que tinha insistido em cair.

Droga.

Fungou.

Não conseguiu evitar de sentir a culpa no peito. Fraco.

Quem ele queria enganar? Queria chorar só porque alguém comentou no seu pai? Bobagem. Aquilo era uma desculpa. Nãoé? Estava era nervoso pela festa. Eram sentimentos confusos. Confusos e doloridos. Respirou fundo e esfregou os olhos. Talvez fosse uma mistura dos dois, saudades era o que não era. Saudades você sente o tempo todo. Stevie não pensava mais no pai dele o tempo todo.

Se culpava por isso também.

Se culpava por muita coisa.

Por isso parou de se culpar quando olhou o espelho de novo. Ajeitou o cabelo sem esboçar um sorriso, mesmo assim estava confiante.

Colocou a camisa cinza.

Antes de sair se olhou no espelho mais uma vez. Desta vez não viu um Stevie em seu reflexo. Também não viu seu pai. Ele estava olhando para uma projeção do Logan.

Mesmo assim, gostou do que viu.  

VRotegen [Hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora