Monstra

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Os olhos arderam quando os raios de sol invadiram a sala.

A o corpo todo doía e a cabeça teimava em querer explodir. Ele pressionou o travesseiro na frente do rosto com a esperança daquela sensação horrível passar.

- Alguém apaga o sol? – a voz do Stevie saiu sufocada por causa do travesseiro e a mãe dele se obrigou a rir.

- Bom dia, para você também.

Não deu para ouvir seu suspiro, mas Stevie sentiu como se todas suas forças tivessem saído do seu corpo pela boca e deixou que as mãos que antes sufocassem seu rosto caíssem do seu lado.

Ele queria achar que a dor no corpo fosse culpa do colchão, mas quem ele queria enganar? Nunca tinha sentido algo assim em toda a vida, mesmo que nos últimos meses o chão tenha sido sua cama.

- Sabe que horas são? – Questionou a mãe, mas Stevie entendeu aquilo como um zumbido fraco.

- Eu acho que não to num bom dia... – murmurou enquanto sentia o sol invadindo seu pequeno esconderijo a medida que o travesseiro lentamente ia caindo do seu rosto. Revelando a mãe dele o fitando com um sorriso divertido.

- Isso se chama ressaca.

Claro, resultado de um fígado que teve que fazer hora extra no dia anterior. Stevie sabia disso, ele já tinha lido tudo sobre o assunto. Por causa da mulher na sua frente. Mas não imaginava que "fortes dores de cabeça" era a mesma coisa que sentir como se tivesse alguém batendo dentro do seu crânio. Também não suspeitava que "mal estar geral e dores no corpo" era sinônimo dos músculos todos pulsarem de sofrimento e qualquer movimento era um sacrifício.

Sentiu até compaixão pelos vampiros, com certeza era parecido a sensação que ele estava tendo com o contato daquela luz que ardia seus olhos claros. Ele sentou com dificuldade ignorando a risada brincalhona de sua mãe.

Chegou a sentir um pouco de raiva. Já esteve muitas vezes no lugar dela, mas não lembra de ter rido com tanta naturalidade assim. Entretanto, um meio sorriso surgiu no rosto do menino. Era impossível não sorrir para sua risada!

- Isso... – ela sentou onde o Stevie tava com a cabeça antes, usando o sofá como encosto. – Você deveria saber melhor que eu que esse barulho irritante é torturante.

Ela riu um pouco mais.

- Justamente. – o provocou, e mesmo que tenha sorrido como resposta a ignorou deixando que o corpo caísse em seu colo.

Só o toque de mãe era capaz de tirar toda aquela dor.

E ela sorriu enquanto ele fechava os olhos. O contato da mão dela na sua cabeça era revigorante. Como fazia carinho em seu cabelo bagunçado, brincando com os fios e penteando eles com as mãos.

- Se divertiu pelo menos? Valeu a pena a ressaca?

Um sorriso timidamente apaixonado se formou nos lábios do Stevie ao lembrar da Emmy.

- Ok – riu a mãe – Eu entendi. Quem é ela?

Ele abriu os olhos rápido fazendo o sol lembrar que a claridade ainda o incomodava muito, fazendo ele instantaneamente fechar os olhos de novo. Mesmo com o coração acelerando um pouco demais.

- Que? – soltou nesse processo.

- Quem é o motivo desse sorrisinho apaixonado?

Ele não conseguiu disfarçar as bochechas queimando para a mãe.

- Fala sério, mãe. Ninguém – mentiu.

- Ta bom... – fingiu ela acreditar.

Depois de um tempo de silencio, e o seu toque fazer ele voltar a relaxar. Ela puxou assunto de novo.

VRotegen [Hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora