O que Stevie Ama

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A casinha deles fedia a álcool. Por mais que Stevie já tivesse acostumado tinha os mesmos sentimentos cada vez que entrava lá. Dava raiva. Ele chutou umas garrafas que estavam enfileiradas no canto da porta, duas delas quebraram. Como foram parar naquela situação? Aonde deu tudo errado? Onde ele errou?

Ele tava trabalhando. Tava até conseguindo uma bolsa numa escola legal. Mesmo assim ele tem que voltar para casa e encarar aquela realidade. Aquilo que assustava ele. Pois é. Não admitia, mas assustava.

Assustava o fato de que parecia só piorar. Tudo tava indo para um caminho sem o controle dele, como se a única coisa que ele ainda amasse na vida podia escapar tão facilmente.

Ele revirou a casa toda. Não que demorasse muito para contestar que ela não tava em nenhum dos dois cômodos.

Provavelmente só ia voltar de noite... De novo.

Ele jogou o tênis em algum canto na casa e sentou no sofá rasgado.

Tava cansado. Tinha acabado de chegar do trabalho, deve ter carregado umas 300 caixas hoje. Deitou devagar temendo fechar os olhos. Ele não podia dormir. Ele tinha que fazer umas 100 aplicações ainda. Numas camisas que ele pegou lá, para ganhar mais uma graninha. O dinheiro dele mal dava para pagar o aluguel, se não quisesse ficar comendo um pacote de pão a semana toda tinha que se mexer.

Mais a tentação foi maior que ele.

E ele acabou dormindo ali, jogado. Quase meia noite.

E era quase quatro horas da manhã quando ele acordou de novo. Com a porta da frente batendo. Claro, a mãe dele. Ela deve ter esquecido da chave. Levantou meio sonolento e abriu a porta.

- Esqueceu a chave de novo?

Nem precisava de chave aquela casa. Bastava um chute e ela caía. Mesmo assim Stevie fazia questão de trancar. Pelo menos o luxo de poder morar numa casa trancada ele poderia se dar...

A mãe dele não respondeu. Simplesmente caiu em seus braços. Como esperado. E arrotou meio sem jeito. Então, como num ritual, ele a levou para dentro. Deu um banho nela, fez um chá e a colocou na cama.

Era sempre assim. Já virou rotina.

Quando ele achou que se mudando para a cidade grande ela ia mudar? Ele fazia tudo no maior silencio, e ela aceitava toda ajuda dele quase dormindo. Quando vomitava. Ele limpava. Quando caia, ele a ajudava a levantar. Tudo sem som. Como se nada estivesse realmente acontecendo. Mas hoje, antes dele sair do quarto dela, um pouco depois que desligou a luz ela sorriu e meio que sentou na cama:

- Como foi lá no Metropolitano, meu filho? – ela enrolou um pouco a língua, mas ele já achou incrível ela ter lembrado que ele tinha falado de manhã que ia passar lá pra fazer uma prova, isso era um bom sinal, não é?

Ele quase, quase sorriu.

Depois pensou um pouco. Deixou que a pergunta ficasse assim no ar por alguns minutos. Ela quase que teve que a repetir.

- Não passei. Vou continuar estudando lá na MSC.

Onde ele tava com a cabeça?

Estudar no Metropolitano... Aquele lugar não tinha nada a ver com ele. Não. Em hipótese nenhuma que ele ia ir para lá. Pois é. E tava decidido.

- Não precisa se preocupar com a escola, ta mãe... 


***

oioi pessoinhas lindas <3

tudo bem com vocês?

quero saber a opinião de vocês, então não esqueçam daquela estrelinha e do comentáriozinho <3

bjsmil & até a próxima cena <3


VRotegen [Hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora