Um Munoz agradecendo uma Campbell?

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- Senhor, Munoz?

Stevie tirou rapidamente os fones e encarou a secretária. Era estranho ainda ser chamado assim, ainda mais por uma mulher que podia ter o dobro de sua idade. Ela tinha um sorriso caloroso de mãe, parecia que o brilho dos olhos dela abrasassem as dúvidas do Stevie, mesmo que ele ainda respirava pesado.

- Seu Robins está te esperando, você me acompanha? – ele desligou o tablete e rapidamente jogou dentro da mochila ao mesmo tempo que levantava e seguia a mulher.

Ela levou ele até um corredor e depois até uma porta grande, onde bateu antes de abrir. Fazendo os olhos de Robins voltarem a direção dos dois, ele o observou quando a secretária deu lugar para o menino entrar e logo saiu fechando a porta e deixando eles sozinhos.

- Stevie.

O menino engoliu em seco e tossiu de leve. Ele não tinha ideia do que esperar, e esse tipo de situação o aterrorizava. Por isso se concentrou em observar o mais velho. Era um homem de meia idade, por mais que já deixava visível sua barba branca que contrastavam a pele escura. Estava muito bem vestido, com o terno perfeitamente passado.

- Sente-se – Robins indicou a cabeira na frente da mesa. Stevie murmurou um "licença" e obedeceu o mais velho que tirou o óculos e olhou fundo os olhos azuis do menino – Quantos anos você tem?

Stevie respirou fundo, ele não tinha idade para trabalhar 8 horas, seu chefe, ou... Sei lá, ex-chefe tinha aberto uma exceção por conhecer brevemente sua história. Ele não podia dedurá-lo assim, ainda mais depois daquela conversa.

- 17.

Robins assentiu sem acreditar.

- E quando você mentiu... – murmurou pegando alguns papéis na gaveta enquanto Stevie tentava disfarçar seu semblante confuso – Agora ou na matricula?

Ele jogou os papéis de Mauro na mesa na sua frente. Eram relatórios, não só o que Mauro fez, mas outros que ele nem tinha conhecimento, a matricula, as aulas extras. Todos os seus passos no Metropolitano estavam nas mãos do Robins já. Ele não gostava de pessoas vasculhando sua vida. O que mais ele saberia dele?

- Como você...?

Robins sorriu. Sabia exatamente porque o menino mentiu sua idade, e achou um ato leal ao seu superior.

- Tenho contatos no Metropolitano.

Stevie fechou a cara. Claro...

- Mauro? – murmurou sem esconder a irritação. Ele sabia que não deveria estar falando assim, nem que devesse estar com o semblante fechado. Podia estar jogando a oportunidade da vida direto pela janela entreaberta da sala do Robins. Mas ele não conseguia conter, ouvir a razão com os nervos a flor da pele não era seu forte mesmo.

Robins riu surpreso.

- Dedé. Na verdade. – ele se apoiou na mesa – Gosta de números, Stevie?

Ele só assentiu. Ainda estava se sentindo exposto, com a privacidade abalada. Dedé podia fazer isso? Até uma cópia do seu próprio relatório que entregou no sábado para Mauro já estava ali na mesa.

- Ouvi dizer que é um bom aluno.

Na verdade, Robins nunca ouviu tantos elogios vindo do velho amigo professor de matemática. O velho já sabia que o minieinstain era o assunto preferido entre os mestres daquela escola.

Entretanto, Stevie continuou mudo. Então Robins decidiu trocar de tática.

- Você... Trabalhou em algum lugar antes da Ymmporta? – Robins não conseguiu fugir de uma pergunta clássica, achava impossível pela idade precoce do menino. Claro que Ymmporta deve ter sido seu primeiro emprego. Já fazia anos que não fazia entrevistas então se sentia um pouco enferrujado por mais que Stevie tenha sido sua mais inusitada, com certeza.

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