Múmia- Camren

Senhorita Estrabão

Pov*Lauren

Acordei me sentindo estranha, também com o sonho que tive. A luz forte que entrava pela barraca sugeria que já devia estar tarde; certamente todos estariam chateados com meu atraso.

- POR ZEUS! ONDE EU ESTOU?! - gritei desesperada, sentindo o coração bater acelerado.

- No meu palácio! - disse aquela voz, peraí, dessa vez ela não estava na minha cabeça. Virei-me rapidamente e quase caí para trás, surpresa ao ver a figura imponente diante de mim. E não é que a bicha é maravilhosa mesmo!

- Q-quem é você? - perguntei gaguejando, sentindo um nó se formar na garganta.

- Você sabe quem eu sou. Meu nome é Karla Camila! E bem, sou a queridinha do meu tio, o faraó! Aliás, me chame apenas de Camila. - disse ela simplesmente, com um sorriso enigmático nos lábios. Bem patricinha essa múmia velha, hein?

- Mas você não era filha dele? - perguntei confusa, tentando entender a dinâmica daquele lugar estranho.

- Esses arqueólogos ridículos erraram! Ele é meu tio! - disse ela, e eu fechei a cara com o insulto, afinal, eu sou uma arqueóloga.

- Como faço para voltar para casa? - perguntei lhe encarando descaradamente

- Mas você acabou de chegar! - disse fazendo bico, e eu quase me derreti internamente diante da expressão infantil que ela assumiu por um instante.

- Eu quero ir para casa, Camila! - insisti suspirando e ela bufou

- Não tem mais como! - disse simplesmente, e foi a minha vez de bufar, sentindo uma onda de frustração tomar conta de mim.

- Meus pais vão me procurar... meus amigos... - expliquei desesperada, meus amigos eram a melhor parte da minha vida.. eu não podia ficar sem eles.

- Seus pais nem lembram que você existe agora, Lauren! E bem, seus amigos estão por aqui... pedi alguns guardas para que procurassem eles, porque se meu tio ver eles com essas roupas estranhas que vocês usam, ele vai querer prender ou até machucar seus amigos! - disse calma, e eu arregalei os olhos, horrorizada com a possibilidade.

- Então, se ele me ver assim, vai me machucar? - perguntei assustada, sentindo um arrepio percorrer minha espinha.

- Não, Lauren! Eu não deixaria! Agora, levante-se e venha comigo para que uma de minhas criadas tire suas medidas! - disse, e eu assenti desanimada, percebendo que precisava encontrar meus amigos para dar um jeito de voltar para casa.

Será que minha família se esqueceu mesmo de mim? Questionei mentalmente e segurei as lágrimas, sentindo um aperto no peito diante da solidão iminente. Não éramos próximos por conta da nossa compulsão por trabalho, por desvendar mistérios... mas eu sentiria falta, principalmente do meu pai, cujas palavras de encorajamento ecoavam na minha mente.

Levantei-me e segui-a até um local onde tinha uma mulher nos esperando.

- Essa é a Lauren! Ela vai morar aqui comigo e quero que a trate com respeito e educação! Ela agora é sua patroa também. - disse Camila, com uma autoridade que não passava despercebida, enquanto a mulher assentia rapidamente. Eu encarava Camila desconfiada, tentando decifrar seus verdadeiros motivos.

- Sim, senhorita Estrabão! - respondeu a mulher prontamente, demonstrando deferência à autoridade de Camila.

- Ótimo! Agora tire as medidas dela e faça alguns vestidos e sandálias de ouro o mais rápido possível! - ordenou Camila, com um tom de voz frio e imperativo, deixando claro que esperava obediência imediata.