1 - Terra de Sombras - A Revolta de Ozit

Capítulo 19 - Desafio da Caverna

Lankher

Em algum lugar, seu sacrifício lembrará;

Todos os dias ruins, um dia passarão;

Os altos e baixos vêm do mesmo lugar;

Todas as partes do mundo foram feitas pelas mesmas mãos. "

...isso foi o que me inspirou a derrotar o príncipe. Cada verso me dava uma nova onda de energia corporal, que devolvia ao mundo em forma de ataques massivos. O por quê? Sequer tentava entender. Às vezes, era difícil entender como nossa própria mente funcionava.

Príncipes e princesas tinham uma fonte de poder quase tão poderosa quanto os Tronets: os Gerons. Eram várias joias que revigoravam a energia. Bastava uma delas na pulseira ou no colar. O príncipe Mick tinha o seu Geron incrustado em sua espada de ouro; e peguei a espada dele.

Pormenor, ficara sabendo que Travis sugara a alma de nada menos que 41 homens numa única crise. E não tinha engordado nenhum quilo. Um cara incrível.

Eu e Anne não fomos tão heroicos. Se não fossem Travis e o Homem dos Maremotos (acho que ele odeia esse nome), teríamos morrido na instare em que pisamos na canoa. Anne foi ainda pior que eu. Após ser incrível em Bar, ela estava muito cansada. E foi até bom Travis ter desmaiado e quase morrido de exaustão, pois Anne pôde recarregar as energias junto com ele.

Como eu havia dormido em Asterna e eles não, achei que seria justo eles descansarem o dia inteiro. Isso mesmo: saímos da encruzilhada maligna, andamos até Pealond, entramos numa das milhões de cavernas de lá, e descansamos por 13 Instares. Perdemos o nosso primeiro dia quase todo, e sobraram apenas três para a guerra total, contando a partir da primeira Instare do dia.

Passei meu tempo de vigia caçando e comendo. Encontrei vários coelhos (mesmo sendo péssimo com flechas) e decidi acender uma fogueira para prepara-los. Sandra havia me ensinado como limpar a carne e retirar a pele da caça em meio ao meu árduo treinamento, portanto sabia o que poderia comer.

Guardei alguns para os dois dorminhocos. Duas Instares antes, Anne já havia acordado.

- Oi - dissera, enquanto alisava a barra da camisa, e se levantava desajeitadamente. Nunca fora como as garotas bonitas de Render, sempre querendo estar lindas e nunca ouvindo dicas, apenas as delas mesmas: Anne era diferente, de uma forma graciosa (como seu próprio nome dizia). - Hum, coelhos! - seus olhos demoraram-se sobre a fogueira, e ela aproveitou para se esquentar. Drome era frio, ao contrário de sua terra vizinha.

- Deixe para Travis também - avisei. - Ele trabalhou mais que nós, e me salvou do general de Drome.

- E não dormiu na prisão de Asterna - ela acrescentou.

Encarei-a, sentindo que estava deixando algo passar. Precisava falar sobre Mathers, só podia ser isso.

- O que ele fazia com você?

Anne abaixou a cabeça logo que eu disse, como se previsse essa pergunta, mais cedo ou mais tarde. Ela balançou um pouco o corpo, e voltou a me encarar, seu olhar impiedoso como sempre. Mas não desviei os olhos.

- Me chamava de aberração. Dizia que eu era um fantasma. O que sobrou de Anne após Ascom matá-la.

Pior que eu imaginava.

- Ele tinha quantos anos?

- Acho que 12. Tinha vários amigos, e vários deles me chamavam de fantasma. Logo, esse era meu apelido na escola. Anne, a Fantasma.