Capítulo 26 - Desafio do Labirinto: Parte 2

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Lankher


 O centro era grande, e tinha quatro saídas, ou no caso entradas. Cada uma em uma diagonal. Talvez houvessem quatro formas de se chegar ao meio, mas nada disso me era importante. Só queria pegar o escudo e a couraça dourados, e sair de lá o mais rápido possível.

Mas havia uma mulher no meio, meio que estragando o plano.

Ela tinha os cabelos cor de âmbar, um sorriso afetado, e seus olhos eram de uma cor curiosa: Eles eram brancos, e nas extremidades das pupílas, se tornavam cada vez mais escuros, até ficarem negros como café torrado. De longe, seus olhos pareciam a mistura da bandeira branca de Since com a escura do Dirígelo I. Ela parecia feliz em me ver.

— Meu primeiro desafiante! Depois de tanto tempo! — Sua voz era irritante. — como chegou até aqui sozinho?

— Sou um dos escolhidos de Sortbell — minha voz vacilava de dor. — Deixe-me levar a Glout 3, e partirei em paz.

Um dos? — a mulher riu. Parecia ser mais velha que aparentava quando ria. — Onde estão os outros?

Ignorei a pergunta, meu coração ardendo de ansiedade.

— Qual é seu nome?

Ela sorriu novamente, dessa vez ainda mais presunçosa que antes.

— Sou Malca, é claro. Você nunca me viu por Render, Rievo?

Quando ela disse aquilo, eu tinha quase certeza de tê-la visto lá, mesmo que não me lembrasse quando, nem onde. Era como os fantasmas das lendas: Eles sempre estavam lá, mas ninguém nunca os notava antes.

— Você pode sair da Glout?

Ela parou para limpar as unhas, despreocupada.

— Digamos que tenho meus truques.

Não sabia mais o que dizer, pois ela havia desconversado tão bem sobre o escudo e a couraça que havia quebrado totalmente o assunto. Fiquei em silêncio, até ela se virar e notar que eu ainda estava ali.

— E então, não vai pegar a Glout? É seu prêmio, vá busca-la.

Hesitante, olhei para o escudo e a couraça, ambos do outro lado do centro, atrás de Malca. Quase havia me esquecido de que estava no maldito labirinto, e que ainda deveriam ser 12 Instares. Anne já deveria estar longe.

Andei até lá, contornando Malca, que irradiava tanto calor que quase fez-me parar. Por que ela era tão quente? Se fosse mais uma bruxa com poderes de fogo, eu faria um altar aos meus geniais antepassados. Peguei o escudo e a couraça, e posicionei-me de frente para Malca, do lado oposto ao qual vim. Malca sorriu, pela quarta ou quinta vez.

— Agora, vamos te testar.

Ela pôs as mãos para baixo, e dois Cães surgiram do labirinto. Malca saiu correndo do centro, pelo terceiro caminho. Como pensei em segui-la, os Cães pularam em cima de mim, seu peso fazendo minhas costelas arderem. Peguei a couraça dourada da Glout, com detalhes de escamas e o pequeno símbolo das Glouts, e toquei-a em meu tórax.

Naquele momento eu parecia um cavaleiro que perdeu seu garanhão. Todo coberto por armaduras douradas, leves e poderosas, exalando supeioridade (não fosse pelos cachorros).

Empurrei o cachorro para cima, e ele saiu de cima de mim numa velocidade fascinante. Caiu de costas, mas seu amigo logo veio me interceptar. Fui empurrado bruscamente, batendo com a cabeça na parede. Pus a mão em minhas espadas nas costas, e Língua de Fogo foi a escolhida. Provavelmente fui o primeiro homem a brandí-la ao lado de seu irmão, o escudo dourado.

1 - Terra de Sombras - A Revolta de OzitOnde histórias criam vida. Descubra agora