Capítulo 21 - Esperança

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Travis



 Pelo menos estávamos em Drome quando decidi voltar para casa. Desta forma, não tive que rastejar até Casa do Mar.

Andei por provavelmente 4 longas Instares até chegar à minha cidade natal, na parte mais ao sul, a rica. Após ser preso e solto, senti-me diferente, como se tivesse partido de minha casa, e agora que estava de volta, ela não soava a mesma. De qualquer maneira, porém, não estava em Ceroza, o Reino da Loucura, apelido que atribuí logo que saí daquele deserto com um trono.

Agora que caminhava serenamente, repensava sobre o que havia acontecido para que saísse no meio da missão. Sim, havia bebido da cachoeira na explosão, e entrado em um transe quando saí, mas precisava pensar mais para lembrar...

Após ter saído da caverna pela primeira vez por sua abertura no cume, enquanto ainda havia uma batalha acontecendo, vislumbrei brevemente a noite: céu fosco, clima semiárido, sendo sonorizado por alguns lobos logo acima de mim, a uivar para a lua cheia que às vezes era coberta por nuvens. Tive medo, mas não me tocaram. Sua pelagem era amarela, e seus olhos brilhavam com o dourado que deles radiava. A partir do momento em que desci, tudo tornara-se uma ilusão.

Me vi a salvar meus dois companheiros; vi meu próprio corpo pegando a espada dourada da Glout e fazendo-a explodir em chamas de repente, empurrando todos para fora da cachoeira; vi a mim e aos vários Artons saindo da caverna por cima, grande parte sobre aquela cachoeira maldita; e, por fim, encontrei-me discutindo seriamente com Anne por vários Ontares, após tê-la socorrido, tirando-lhe água do estômago. Logo que a salvara, já estava brigando com ela. Ela parecia estar com medo de mim.

Havia entrado num transe, lembrei a mim mesmo, alguém causou essa discórdia...

— Senhor das Trevas! — berrei, antes de estar no centro da parte rica, apenas envolvido por barracas de peixe fresco, quase vazias. — Como toma minha mente e me faz agir contra minha vontade? Dê-me revelações!

Um Vultare após dizer aquilo, um pássaro preto-acinzentado passara voando, muito distante, no céu, e logo associei-o ao Dirígelo mais forte. Estava sendo vigiado.

Logo corri; corri o mais rápido que minhas pernas conseguiam acelerar, até que meus passos soaram automáticos e minhas canelas queimaram pelo esforço. Perdi o equilíbrio numa certa parte, caindo e rolando duramente alguns metros. Não ralei-me graças ao chão da rua, feito com paralelepípedos grossos e unidos uns aos outros. Olhei para trás, e vi que havia corrido cerca de 300 metros, tão rápido que agora uma tonteira me ameaçava.

Não adianta correr, alertou uma voz, fria como Drome. Você quer revelações? Tudo bem, Travis Meaner. Seja bem-vindo.

Primeiramente, nada aconteceu. Cheguei a pensar que imaginava coisas, que o Senhor das Trevas não estivesse ali, e que não houvesse voz nenhuma a me receber... mas então o tempo pareceu parar. As poucas pessoas da parte rica presentes pararam abruptamente de comprar peixes, e olharam para o norte, na direção do Mar de Port. Não havia nada para se ver ali além do muito chão que antecedia suas águas. Quero dizer, além disso e dos duzentos homens da parte pobre que pareciam invadir as outras, como um exército o faria.

É assim que me recebem, pensei, surpreso com a cena.

Os poucos ricos dali da feira dispararam para longe, de repente esquecidos de suas fortunas, mas me recusava a sair dali. Estava tremendamente cansado, rendido. Não sentia tanto medo, mesmo que soubesse que não tinha chance contra tantos homens, mesmo coberto de adagas.

1 - Terra de Sombras - A Revolta de OzitOnde histórias criam vida. Descubra agora