Capítulo 30 - Desafio da Mina

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Lankher



 Sentia falta de Ozit.

Sempre adorara o clima de lá. Inicialmente reclamava, pois era muito quente, e os mosquitos, muito chatos, mas considerava que, após experimentar o calor infernal de Ceroza, o frio da água de Drome e o estresse que senti em Aimo por causa das eternas chuvas (mesmo que tenham me salvado), Ozit parecia um local muito bom para se viver.

Exceto pelo enorme penhasco que conheci havia alguns Vultares, assim que saí da floresta de Vint. E já estava caindo dele.

Imediatamente obedeci a ordem de Sortbell: vi um botão azul no escudo, e sem pestanejar, apertei-o. O escudo pareceu ficar mais pesado, talvez mais de 100 quilos, e gritei em desespero. Seria meu fim. Mas quando o escudo bateu no chão, não aconteceu nada do que imaginei.

Imaginei que flutuaria de volta para cima, que quicaria até parar ou que saísse voando pelo território assolado. Mas o escudo quis me surpreender. Ele bateu no chão com um estrondo parecido com o de um trovão ecoando sobre a cabeça durante uma tempestade de chuva. E o baque altíssimo absorveu toda a queda: senti o escudo deixando-me sólido, e lá estava eu, intacto, sobre o escudo que explodira no chão, sem um arranhão.

— Uau — foi só o que consegui dizer, ainda com falta de ar.

Olhei para a batalha que acontecia. Alguns homens entravam nas cidades e as saqueavam, e imaginei como aquilo seria ruim para o pobre rei, tendo que lidar com a derrota, a falta de alimentos e ainda a soberania dos Sensatos.

E foi aí que me lembrei que, supostamente, eu seria o rei após Rick. Corri até lá.

Pus Língua de Fogo nas mãos, e corri até uma das casas, a que tinha mais invasores. Encontrei uma mulher a gritar no tapete da casa, enquanto vários homens de azul roubavam os vasos de prata e porcelana. Rapidamente corri até eles, e bati com o cabo da espada em suas nucas. Eles cambalearam.

Outros homens vieram me matar, mas estava preparado: esquivei de um dos golpes, e tentei cortar o agressor, que se esquivou, acertando um soco forte em meu rosto. Havia me esquecido que aqueles homens eram cavaleiros e assassinos de Aimo, e logo aquilo não me pareceu uma boa ideia. Tarde demais.

Pulei por cima do sofá, e tentei investir contra o menor deles, que infelizmente era tão bom quanto o resto. Ele me deu uma cotovelada, e bati com a cabeça no que descobri ser uma panela. Lutar dentro daquela casa era um desafio. Tudo lá parecia querer me matar.

Mas talvez pudesse usar a mobília a meu favor. Uma loucura era igual a um plano.

Peguei a panela. Os homens hesitaram por um momento, junto comigo. Após reunir certa coragem, joguei a panela na direção deles. Enquanto eles se preocupavam em se defender da panela, avancei ligeiramente. Bati neles com o escudo, e fui derrubado algumas vezes no chão, tendo que rolar para não ser morto. Esse era meu ponto fraco: não usava golpes de luta enquanto lutava com espadas. Eles sim.

Tinha uma armadura pesada que quebrava qualquer coisa. Por que não?

Levantei-me, decidido a não mais cair. Desviei por pouco de uma estocada grosseira, e chutei com força a canela de um deles, um ruivo: Ele gritou, pulando num pé só. Dois vieram em sua defesa, e apenas matei um deles, que errava feio em sua guarda. O outro me socou no rosto, e recuei. Porém, antes que ele pudesse investir um segundo golpe, empurrei sobre o homem ruivo, e os dois caíram.

A mulher se levantou, com os olhos brilhantes de líquido.

— Obrigada. — Virou o olhar, como se não tivesse mais nada comigo. Então saí.

1 - Terra de Sombras - A Revolta de OzitOnde histórias criam vida. Descubra agora