Capítulo 34 - Último Destino

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Travis

Não sei o que mais me surpreendeu: se foi chegar à entrada da mina e ver Lankher parado na frente dela, já com o elmo dourado na cabeça e sorrindo, ou se foi ver Szanghi, o mestre dos anões, parado ao meu lado, e no momento seguinte, já ao lado de Lankher, junto com Zelish e outro anão, velho e com um nariz largo e adunco.

E o mais interessante: Anne não pareceu surpresa: correu e abraçou Lankher com tanta força que os dois quase caíram, apenas continuaram de pé por causa de Zelish, que estava atrás deles, e meio que ficou estressado com aquilo.

Outra coisa inusitada: Anne não estava berrando; ela sussurrava para Lankher, mesmo que todos pudéssemos ouvir. Era algo muito estranho vindo dela.

- Você me deixou com saudade... - ela dizia, mas Lankher não parecia triste, como julgaria; estava feliz.

- Feliz aniversário, Fantasma de Três Tiros.

Ela o encarou com um olhar severo, mas logo começou a gargalhar, feliz como sempre fora. Lankher, após um tempo, soltou-se carinhosamente de Anne, e me abraçou. Por que estava tão feliz? Sim, ele havia adquirido a última Glout, mas... parecia feliz por outra coisa.

- Eu estava errado - lhe dizia, enquanto ele me apertava no abraço. - Você não precisava de mim, nem de Anne. Você é incrível.

- Não - me soltou, e sorriu. - Não sou incrível.

Ele e Anne sorriram, e acho que nós três estávamos de volta, finalmente. Szanghi abraçou Zelish e o outro anão, e falou algumas palavras, baixo demais para que as ouvisse.

- E então, Rievo? - disse, pensando nos homens que nos seguiam até ali. - Precisamos ir. Para onde iremos agora?

- Agora vamos matar o rei - afirmou, e aquelas palavras pesaram entre nós. - Sei que vocês estavam sendo seguidos. Vamos entrar na mina.

Olhei para Anne, como se perguntasse: como ele sabe de tudo isso? Anne compreendeu minha dúvida, e respondeu, em leitura labial: ele provavelmente veio do futuro. Antes que pudesse xingar Anne de maluca, minha maldição apitou, mais uma vez. Senti a garganta secar, e minhas mãos a arder, um segundo antes dos homens com machados aparecerem novamente.

- Vamos! - Zelish gritou. Sua voz fora feita para um intendente de um exército. Entramos na mina.

A entrada dava num estreito corredor, úmido e escuro, e logo comecei a suar. Era o último de todos, então seria o primeiro a ser morto, obviamente. Consegui trocar de lugar com o anão velho, o penúltimo. Infelizmente, Szanghi notou minha covardia.

- Garoto, deixaria mesmo que um idoso fosse morto em seu lugar? - Seu tom piorava minha situação. - Balshin, não deixe que esse jovem garoto se aproveite de você.

O anão, Balshin, empurrou-me para o lado, e passou em minha frente. Não poderia tirar as luvas e tocar em Zelish, muito menos em Szanghi, mas Balshin estava me estressando. Livrei-me desse pensamento, e deixei as luvas onde estavam, tendo que suportar a fome interna.

Corremos por um tempo que me pareceram Instares até chegarmos a um carrinho sobre um trilho enferrujado, com pedras preciosas e ouro incrustados nas paredes ao redor.

- Não caberemos aí, certamente - disse Szanghi, sua voz firme e diligentemente impávida.

- Podemos escalar aquela parede também - Lankher apontou para o canto, onde havia vários blocos fáceis de se escalar. Balshin pulou ali, e começou a subir rapidamente. Zelish e Szanghi o seguiram, resmungando de dor.

- A parede é áspera, minha mão está doendo! - resmungou Balshin.

- Continue, ou seremos todos mortos - retrucou Zelish, insípido como a chuva que caía lá fora.

1 - Terra de Sombras - A Revolta de OzitOnde histórias criam vida. Descubra agora