Capítulo 4

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Raphael Schmutz

Sicília, Itália
Segunda-feira
18:30 PM

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— Não importa, Roger. Preciso que retirem ele de lá agora mesmo. - Viro a esquerda e caminho em direção a última porta do corredor.

— Como faremos isso senhor? O presídio está mais reforçado que antes, tem policiais em todos os cantos e para piorar a situação colocaram Jonathan na solitária.

Paro de andar e olho para o homem atrás de mim. De braços cruzados e de sobrancelhas erguidas dou de ombros e Roger revira os olhos.

— Dane-se! Preciso dele aqui com todos os outros homens. Vocês fizeram a burrice de deixar que eles caíssem nas mãos dos policias, agora conserte esta merda antes que as coisas piorem.

Volto a caminhar em direção a porta com Roger me acompanhando.

— Como faremos isso patrão?

— Não sei e não me importo. Isso é problema seu. Se vira!

Entro sala e fecho a porta antes que ele possa cogitar a idéia de entrar comigo.

Droga!

Como pude deixar o imbecil do Roger no comando pra enviar esses três idiotas para uma missão de grande risco? Ainda por cima para perder um dos meus melhores homens? Merda!

Caminho até a mesa de bebidas de frente para a janela e encho um copo com whisky. Sento em minha cadeira e tiro meu paletó, jogando-o em cima da mesa. Deito as costas no apoio da cadeira e fecho meu olhos, saboreando minha bebida.

São tantos problemas relacionados a Cosa Nostra que não consigo deixar meu mau humor invisível. É carregamento que não chega, são os melhores homens morrendo ou indo para a prisão, são casas de prostituição que estão pegando fogo, é lucro não chegando e dinheiro sumindo rapidamente. E para melhorar, ainda tenho que lidar com uma Laura nada feliz na minha cola.

Maravilha!

Abro meus olhos no instante em que batidas são direcionadas na porta.

— Entre. - Tiro o paletó de cima da mesa e o coloco em cima do braço da cadeira onde estou sentado.

— Desculpe atrapalhá-lo, mas o senhor tem uma visita o esperando.

Michelle, uma de minhas funcionárias, aparece na porta.

— E quem é? - Ponho o copo em cima da mesa.

— Loren, a mulher que está como informante na editora que sua mulher trabalha.

Respiro fundo. Mais estresse pra minha cabeça.

— Manda ela entrar. - Michelle assente e sai.

Segundos depois uma Loren nada feliz entra na minha sala.

— O que aconteceu desta vez?

— Laura me demitiu, Raphael. - Senta na cadeira a minha frente.

— O que você fez de errado? - Ela me olha mais brava ainda.

— Nada. Foi ela quem decidiu me mandar embora.

Cruzo os braços olhando sua cara de cínica ao mentir justo para mim.

— Está me achando com cara de idiota, Loren? Acha que não conheço minha mulher? - Ela se mexe desconfortável. — Sei muito bem que Laura jamais a demitiria sem motivos. Então não me faça me arrepender de ter te colocado na cola dela e me diz o que você fez de errado.

— Dei em cima dos funcionários. - Reviro meus olhos para tamanha burrice. — Não tenho culpa se lá trabalham homens bonitos.

— Não tem culpa? Droga, Loren!

Levanto da cadeira com meu copo na mão e viro o líquido de uma vez, tentando relaxar.

— Vai descontar sua raiva em mim agora?

Jogo o copo na parede e Loren se assusta ao ver o estrago dos vidros no chão.

— Vou. Porque você é uma idiota! Eu só pedi que você ficasse de olho na minha mulher porque a droga da máfia australiana está querendo a droga da minha cabeça. Não era nada demais, era só ficar de olho. Será que você não consegue fazer nada do que peço?

Loren se levanta e caminha em minha direção e me abraça.

— Relaxa irmão, eu irei dar um jeito. Não se esqueça que Michael também corre grandes riscos. Não irei deixar nada acontecer com eles, nada!

Respiro fundo retribuindo ao abraço.

— De seu jeito Loren, mas não deixe Laura sem sua proteção. A minha família é mais importante que esse seu desejo por sexo.

Loren assente saindo do abraço.

— Irei conversar com ela, pedir desculpas, uma nova chance, não sei. Mas vou tentar.

— Acho bom, porque se algo acontecer com eles, eu arranco sua cabeça com minhas próprias mãos.

— Somos irmãos Raphael. Seria capaz de me matar?

— Somos irmãos na máfia. Mas pela minha família eu não hesitaria em te matar.

— Bom saber que conto com sua lealdade. - Ironiza.

— Quando o assunto é meus filhos e minha mulher, nossa lealdade morre no mesmo instante.

Loren levanta as mãos em rendição e sai sorrindo da sala. Encho outro copo novamente e me sento em minha cadeira outra vez.

Ponho o copo em cima da mesa após beber um pouco da bebida e abro o envelope que Roger deixou hoje em minha mesa pela manhã. Retiro de dentro uma pasta com a sigla M.A e me surpreendo ao ver uma foto de Denise, irmã de Turco, chefe da máfia  colombiana. Ela está amarrada e amordaçada em uma cadeira, com os olhos abertos e cheios de lágrimas, com o corpo todo machucado e ensanguentado.

Jogo a pasta em cima da mesa e levanto da cadeira. Abro a porta da minha sala e grito por Roger, que aparece minutos depois.

— O que aconteceu chefe? - Ofegante, ele apóia as mãos nos joelhos para respirar.

— Ligue para Turco agora, é sobre Denise.

— O que aconteceu com ela? - Pergunta em alerta.

Roger sempre gostou de Denise, eles já até tiveram um caso que durou dois anos, mas Turco descobriu e mandou a irmã para a Colômbia com ele. Claro que antes ele deu um grande aviso a Roger de nunca mais tocar na sua irmã.

Roger não deixou a situação passar batido. Ele foi até a Colômbia e pediu a mulher em casamento na frente de Turco. Porém, ameaçada pelo irmão, Denise negou o pedido e Roger voltou para a Itália. Até hoje ele a ama, mesmo negando e dizendo que não quer mais saber dela.

— A máfia australiana acabou de mandar uma foto dela amordaçada e toda machucada. Liga pra ele agora e diz que nos encontramos em Munique em quatro dias.

Entro na sala sem esperar por sua resposta e pego meu celular e a chave do meu carro. Preciso voltar para Chicago e garantir que Laura e nossos filhos estejam bem longe quando as coisas pioraram.

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Cosa Nostra: Uma sociedade criminosa, mais conhecida pelo nome máfia.

Irmã: Confidente e leal ao chefe da máfia.

*Não sei se o termo "irmã" existe. O livro é fictício e eu decidi por este termo para dar um "cargo" as mulheres que entram neste caminho.*

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