— Já disse que você não vai a lugar nenhum, Alyssa. Você ainda está se recuperando e não pode fazer esforço. - Meu pai diz enquanto analisa alguns papéis com Turco.
Retiro minha blusa de frio, que usei para ir ao enterro de Charles e encaro bem o rosto dele de braços cruzados.
— Não estou pedindo permissão pai, eu estou lhe dizendo que vou e não há nada que me faça mudar de idéia. - Ele para o que estava fazendo e me olha, assim como Turco.
— Personalidade forte a sua. - Ele diz e meu pai revira os olhos quando sorrio.
— Você saiu da enfermaria não faz nem cinco dias, Alyssa. Como quer que eu a mande para uma missão tão arriscada como esta?
— Eu estou bem melhor, posso muito bem ajudar. Me deixe fazer isto.
— Tudo bem, mas me diga, como pensa em ajudar?
— Loren me contou que Ryan e Bryan estão com problemas em convencer os dinamarqueses em Munique. Posso ir até lá e ajudá-los, o que acha?
— Como pretende fazer isso? - Ele cruza os braços. — Seu irmão não está conseguindo, Alyssa. O que pode dizer a eles que os façam mudar de idéia?
— Tenho algo que eles gostariam de saber. - Turco e Raphael me olham intrigados.
— E o que seria? - Turco pergunta.
— Assunto confidencial. - Os dois erguem as sobrancelhas. — Mas, se me disser que posso ir, ficarei muito feliz em compartilhar essa informação com vocês. Então, troca feita? - Estendo minha mão para meu pai apertar.
Ele olha para Turco, depois pra mim e fica nessa por um tempo. Até que Turco o convence de que o certo era aceitar a troca. Por fim, ele pega minha mão e sela nosso acordo.
— Agora desembucha garota. - Turco diz.
Puxo a cadeira atrás de mim e me sento de frente pra eles.
— Quando a casa desabou, pensei que nela só estivéssemos Charles e eu, mas eu me enganei. - Eles franzem o cenho. — Junto conosco estava um dos homens que cuidava da segurança particular de Richard. Ele nos contou que foi escolhido pelo próprio para nos matar, pois Richard sabia que podia contar com ele.
— E o que ele disse? Onde ele está? - Meu pai pergunta.
— Ele está morto agora, morreu um pouco antes de Charles e eu perdemos as consciência. O que importa é que ele disse algo valioso para nós, que pode ajudar muito.
— O que ele contou?
— Ele disse que Richard não descumpriu apenas as clausulas do acordo da nossa família, mas as do dinamarqueses também. E que Paulo, o dono de tudo, tinha feito algo que é mais que suficiente para tirá-lo do posto que ele tem.
— E o que são?
— Primeiro, Richard teve a autorização de voos particulares bloqueada, ou seja, ele viajou a Madri ilegalmente. E segundo, antes de se casar com Isabel e matá-la, ele descobriu que Diana, a mulher que ajuda Paulo em tudo, tinha sido morta pelo próprio. Então ele está tentando não só convencer os republicanos, ele quer que os dois inimigos se unam para acabar com todos nós. - Meu pai e Turco arregalam os olhos. — E ele não está agindo sozinho nisso, o FBI está nas mãos dele, há algo que ele sabe sobre a corporação deles e não quer que ninguém mais saiba.
— E você sabe nos dizer o que é? - Meu pai pergunta.
— Pai, preste bem atenção ao que vou lhe dizer. Isso pode ser a chave pro final desta guerra entre máfias. - Ele assente, totalmente atento a mim. — A mamãe é a dona da máfia da Dinamarca. Ou seja, a mamãe por parte da família da vovó, é uma dinamarquesa, a única que restou desde o surgimento deste império. - Eles só não caem para trás surpresos pois estavam sentados, se não estariam no chão agora. — Ou seja, Paulo está comandando ilegalmente. E se tivermos como provar que a mamãe realmente é a dona de tudo, a máfia da Dinamarca estará nas nossas mãos.
— Como isso é possível?
Ele está bem impressionado, posso ver isso em seus olhos, que brilham como a luz desta sala ou até mais.
— O homem nos contou que os papéis que podem comprovar isto estão na sala da mansão de Richard. Mas há um problema....- Raphael respira fundo.
— Só ele tem acesso a sala. - Assinto, entranhando o fato dele saber disto. — Nicole me ligou ontem e me contou que ele fez questão de apresentar a mansão para eles, como forma de testar sua lealdade. E parece que eles entraram em uma sala que somente ele tem acesso. Nicole e Simon até cogitam a idéia de que seja lá onde estão seus próximos passos.
— Precisamos conseguir uma forma de entrar nesta sala. - Falo e Turco assente. — Como vamos fazer isto?
— Estamos trabalhando nisto. Mas já adianto que não será nada fácil. Simon e Nicole podem demorar a conquistar a confiança dele. - Raphael diz, apreensivo.
— Há não ser que.....- Turco olha pra mim e sorri fraco.
— Que? - Eu e Raphael olhamos para ele e perguntamos em uníssono.
— Que Alyssa finja estar do lado dele. - Me surpreendo com esta idéia. — Você disse que queria ajudar. — Da de ombros.
— Isso seria loucura. Ele vai saber de cara que não estou lá para ajudá-lo.
— Isso vai depender de você. Estava pensando agora que poderíamos fazer algo para chamar a atenção dele para você. — Turco diz com uma mão no queixo.
Papai o olha sério, mas logo sua expressão muda e ele sorri para o amigo.
— Uma perda de memória falsa. - Ele estala os dedos quando diz. — Como está machucada, podemos apenas colocá-la no meio dos destroços da casa outra vez. Ele pode encontrá-la lá por coincidência.
— E como vamos chamar a atenção dele até mim? - Pergunto, achando tudo isso loucura. Mas não me importo com nada, desde que isso cause a morte dele.
— Simon e Nicole, claro, como não pensei nisto antes. - Turco diz. — Eles podem dizer para Richard que você ainda está viva.
— Ele vai perguntar como eles sabem disso. O que eles vão dizer?
— Estamos com um dos homens dele preso, certo? - Papai olha para Turco, que assente. — Vamos ter uma conversinha com ele. Tenho certeza que nosso amigo vai adorar nos ajudar. — Turco sorri.
— Vou agora mesmo adiantar o serviço e te encontro lá em baixo. - Meu pai assente e Turco sai.
— O que vão fazer? - Meu pai deixa a folha em cima da mesa e vem até mim, agachando na minha frente e segurando meu rosto com suas mãos.
— Não importa o que faremos, o que importa é que preciso que saiba que não concordo com sua decisão de entrar neste meio. Tenho medo que algo lhe aconteça Alyssa, mas como sei que é teimosa como sua mãe, minha opinião não fará você mudar de idéia. — Assinto, olhando em seus olhos. — Só peço que tome muito cuidado minha filha. Fiquei muito tempo longe de você para agora não poder estar ao seu lado. Errei muito no passado com você, Ryan e Bryan, mas aos poucos estou tentando consertar isto. Mas fica difícil quando os três são cabeças duras. - Rimos. Me levanto, assim como ele, e lhe dou um abraço apertado, sendo recebida pelos seus braços, que me apertam com bastante força. — Só quero que saiba que eu te amo muito e que nada, nem ninguém, vai me afastar de você outra vez minha menina.
— Eu sei pai. O senhor não sabe a falta que me fez e o quanto eu sofri sem tê-lo por perto, mas agora as coisas serão diferentes, porque tenho as pessoas que mais amo contigo.
— Sobre isso, preciso que saiba de uma coisa.
— O que? - Levanto minha cabeça, olhando sua expressão séria.
— Você e Bryan não são irmãos. Ele é filho de Richard.
— Como?
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La Máfia
Teen FictionO que fazer quando todos a sua volta estão em guerra? Entre o sentimento e a razão, sobrevive nesse jogo quem for inteligente. Máfias de todo o mundo entram em guerra, sangue de inocentes são derramados e muita gente é condenada por seus crimes. Fa...