Capítulo 3

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Sangue.

Era tudo o que aquele tom de vermelho que estava à minha volta me fazia lembrar.

Choro desesperado, gritos ensurdecedores.

Eram os únicos sons que conseguia ouvir naquele lugar, fosse ele qual fosse.

De repente a sombra de alguém passa por mim, foi como se ela não me visse, era como se eu não existisse naquele espaço, eu era invisível.

Ouvi mais gritos e o choro parecia ter aumentado de intensidade.

Virei-me para o lugar de onde aqueles ruídos horríveis vinham e dirigi-me sem pressa alguma para lá.

À medida que me aproximava, as figuras ali presentes começaram a ficar mais nítidas: o choro e os gritos vinham de uma mulher que estava deitada no chão, abraçada ao próprio corpo, e a sombra que passara por mim estava agora a andar calmamente ao seu redor.

Era um homem.

Este dizia coisas que eu não conseguia entender e a mulher começou a chorar ainda mais.

O homem deu-lhe um pontapé com força nas costas. Dava para ver que a dor que a coitada sentia era tremenda.

Corri para lá para ajudá-la a recompor-se e para a afastar daquele monstro.

Mas de nada serviu, tal como eu disse, eu era invisível.

Eles não me viam, não ouviam as minhas súplicas para que aquilo acabasse, e também de nada valia tentar afastar o homem da mulher.

Eu era inútil...

Ajoelhei-me no chão, implorando mentalmente para que aquilo acabasse e tentando, em vão, conter as lágrimas que ameaçavam começar a cair.

O homem preparava-se para dar mais um golpe na sua vítima, e foi nesse momento que acordei.

Estava transpirada, a minha respiração muito acelerada, o meu coração batia com tanta força que parecia querer sair a correr do meu peito, e estava a chorar...

Só me dei conta disso quando olhei para a minha almofada e vi que estava molhada e toquei no meu rosto, também molhado.

Levantei-me e fui à casa de banho lavar a cara.

Voltei para a cama e fechei os olhos, para tentar voltar a adormecer.

E toca o despertador.

Só podem estar a brincar comigo!
Numa escala de um a dez, a minha vontade de atirar aquela coisa do inferno pela janela fora é vinte!

Saí de novo da cama e fui de novo para a casa de banho.

Tirei o meu pijama e liguei o chuveiro. Sentir a água quente é tão bom e tão mau ao mesmo tempo.
Dava para relaxar, mas fazia com que a minha vontade de voltar para a cama e dormir aumentasse bastante.

Assim que acabei, enxuguei-me e vesti uma roupa simples.

Nem sequei o cabelo, de qualquer maneira a Stacy teria mais facilidade em arranjá- lo molhado.

Fui para a cozinha e vi a Amanda começar a preparar as coisas para depois fazer o pequeno-almoço.

- Bom dia menina!

- Bom dia Amanda! - dei-lhe um beijo na bochecha.

- Pensei que o evento fosse mais tarde, ainda é muito cedo. - disse olhando para o relógio na parede.

- Sim eu sei, mas tenho de ir mais cedo para ter tempo de me arranjar e ainda quero rever a coreografia com os bailarinos mais uma vez, para sair tudo perfeito.

O Príncipe e a PopstarOnde histórias criam vida. Descubra agora