Capítulo 37

3.9K 232 203
                                    


Edward

- Edward... - não senti quando a Mia se ajoelhou à minha frente e me pegou nas mãos. A única coisa que conseguia sentir era o chão a fugir-me debaixo dos pés. Todo o meu mundo acabara de ruir em menos de cinco minutos.

Mas além de tudo isso, sentia raiva, ódio, dor, tristeza, mágoa.

Sede de vingança...

Os seus lábios tocaram na minha testa e ela sentou-se ao meu lado, em silêncio, e apenas nesses segundos deixei de pensar em tudo, parei de pensar que estava encarcerado numa masmorra, na minha própria casa. Parei de pensar no que se passava lá fora, parei de pensar no estado lamentável em que tudo estava, nas pessoas que aqui estavam comigo, deixei de pensar em tudo.

Queria fugir, desaparecer por completo...

Mas não podia, de maneira nenhuma. Ainda tentei lançar um olhar à minha irmã, mas tinha a certeza de que ela não devia estar melhor do que eu. O relógio no meu pulso, aquilo que além do nome, do sangue e do título me ligou ao meu pai, era na verdade o objeto que ajudou a causar a sua morte.

Tinha de ficar aqui, tinha de arranjar uma maneira de sair daqui, de tirar todos daqui, de os proteger, de a proteger.

Olhei de relance para a rapariga sentada na nossa cela, ao canto. Sentia raiva dela, pensar que debaixo do nosso teto havia uma traidora, que teve um papel de importância nisto tudo, pois foi graças a ela que os homens do Miller conseguiram invadir o palácio.

Mas depois de ouvir a história dela, de como aquele homem desprezível a tinha chantageado e obrigado a fazer tudo o que fez, tive compaixão dela, mas isso não podia alterar o que já estava feito, e mesmo que ela tenha agido sem más intenções e por medo, tinha de ser punida, era a lei.

Quando vi a maneira como a Mia se levantou e a abraçou, enquanto falava calmamente com ela, não pude deixar de reparar no quão parecida ela era com a minha mãe, parecida com uma rainha. Ela tinha conseguido ser justa ao julgar a Emma pelo que fizera, mas ao mesmo tempo demonstrara compaixão para com ela.

- Temos de arranjar uma maneira de sair daqui. – levantei-me rapidamente, deixando a Mia ao meu lado

- Sim, mas como? – o Jeremy também se levantou, aproximando-se.

- Tenho uma ideia.

Comecei a fazer barulho, de maneira a puder atrair a atenção do homem que o Miller tinha deixado para trás.

- Estás doido!? O quê que estás a fazer!?

Ignorei os protestos do Jeremy e apenas continuei com a minha tarefa. Ao fim de pouco tempo, o homem veio na minha direção, irritado e com a sua arma apontada para mim, pronta a disparar. Com mais agilidade do que alguma vez pensei ter, baixei o cano da arma. Agarrei no homem pela roupa e puxei-o diversas vezes contra as grades da cela. No começo foi mais complicado, pois naturalmente ele oferecia resistência, mas ao fim de algumas vezes, ele começou a perder a força, e quando já achei ser suficiente, larguei-o, observando o seu corpo inconsciente cair no chão à minha frente.

Tentei procurar nos bolsos se ele tinha as chaves das celas, mas não as encontrei, como é óbvio, o Miller não seria idiota ao ponto de deixar as chaves tão perto de nós, o único sítio onde ele confiaria que elas estariam seguras era com ele próprio.

Desisti da ideia de tentar achar as chaves e passei para uma solução mais simples e rápida. Agarrei na arma que tinha caído no chão juntamente com o corpo do homem, e com um tiro, parti a fechadura e abri a cela.

O Príncipe e a PopstarOnde histórias criam vida. Descubra agora