Capítulo 2

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Edward


Estou esgotado.

Já são quase duas da manhã e eu ainda estou acordado a ver estes papeis.

Por mim ia já dormir.
Sei que este cenário se repetirá, afinal um dia substituírei o meu padrasto e assumirei o trono.

Sim, padrasto. Eu e a minha irmã somos filhos do antigo rei e da rainha.
Infelizmente o meu pai morreu de doença à alguns anos atrás e a minha mãe voltou a casar.

Ser príncipe não é fácil, mas tenho de cumprir com o meu dever.
Estou tão cansado, sinto o meu corpo dormente e as pálpebras super pesadas...

•••

Acordei com os raios de sol a baterem- me na cara. Não podias esperar mais uns minutos?
Levantei-me da secretária e estiquei o corpo.
Nota para mim: não voltar a adormecer na secretária.

Começo a ouvir vozes atrás da porta até que o ruído diminui e alguém lhe bate.

- Entre.

- Bom dia! - era a minha irmã - Ed! Porquê que ainda não estás pronto?! - perguntou olhando para mim como se fosse um fantasma.

- Pronto para o quê exatamente?

- Lembras-te que o evento de caridade do reino é hoje certo?

O evento!

- Não, esqueci-me! - disse levando as mãos à cabeça.

- Porquê que te esqueceste disso?

- Porque, ontem à noite, enquanto tu estiveste a ver não sei quantos episódios de "Game of Thrones", eu estive a fazer uma marotona intensiva de "Os Ficheiros Secretos do Rei" - disse de maneira irônica.

Ela olhou-me confusa.

- Certo, eu explico: é uma série em que eu fico acordado até tarde a ver e rever documentos importantes.

- Certo, entendi, mas agora tens de te preparar, estás mais parecido com um sapo do que com um príncipe.

- Não exageres, não estou assim tão mal. - olhei-me no espelho e vi que tinha profundas olheiras, estava todo despenteado e a camisa estava amarrotada. Sim, eu era a imagem do cansaço.

- Talvez esteja um pouco mal.

- Só um pouco?

- Tens tanta piada que eu até me esqueci de rir. - disse-lhe ironicamente e esta deitou-me a língua de fora. - Vá agora vou preparar-me, vejo-te na sala de jantar.

- Ok até já.

Assim que ela saiu do quarto, tirei o meu relógio e fui para a casa de banho. Despi-me e liguei o chuveiro, deixando a água quente limpar a minha mente e relaxar os meus músculos.

Assim que terminei, sequei-me e vesti-me e coloquei o meu relógio de novo no pulso. Saí do quarto e dirigi-me para a sala de jantar.

Assim que entrei dei um olá à minha irmã, um beijo na bochecha da minha mãe e cumprimentei o meu padrasto.

- Então Edward, conseguiste ver os papeis que te dei?

- Sim, estão no meu quarto, depois entrego-lhos. - disse enquanto enchia o meu copo com sumo e barrei a minha torrada com geleia.

- Desculpa ter-te dado tanto trabalho, mas estava muito ocupado e não teria tempo para os ver.

- Não,  está tudo bem, também não tinha nada de importante para fazer por isso mais valia ocupar o meu tempo com algo útil. - disse dando uma dentada na torrada - Além disso, tenho de me habituar, um dia essa e outras responsabilidades serão minhas.

O meu padrasto e a minha mãe olharam um para o outro e sorriram para mim.

- O teu pai teria orgulho em ti. - aquelas palavras deixaram-me desprevenido fazendo com que eu me engasgasse com o sumo. - Pelo menos eu tenho.

Ouvir o meu padrasto dizer aquilo foi estranho. Eu adoro-o, afinal ele é a única figura paterna presente na minha vida, mas não sei porquê não consigo chamá-lo pai.

- Obrigado. - agradeci ainda meio atrapalhado.

Continuei a comer e lancei um olhar discreto na direção da minha mãe e do meu padrasto. Ambos sorriam um para o outro.
Fico contente que depois da morte do meu pai a minha mãe tenha se apaixonado e casado novamente.
Sei que há pessoas que depois de perderem o companheiro ou companheira voltam a casar mas nunca voltam a ser totalmente felizes pois não conseguem esquecer a pessoa amada.
Tenho a certeza de que a minha mãe não esqueceu o meu pai mas ainda bem que está feliz com outra pessoa.

- Majestades, Altezas - disse um criado ao entrar na sala e fazendo-nos uma vênia - está na hora de ir para o evento.

- Obrigada. - a minha mãe agradeceu e o homem retirou-se.

Saímos da sala e andamos pelos corredores para sairmos do palácio.

- Vamos, rápido!

- Calma Sophia, o evento não vai ganhar pernas e asas e fugir. - gracejou a minha mãe. A Sophia estava muito entusiasmada porque a sua artista favorita, Mia Collins, irá atuar hoje no evento.

- Sinceramente não percebo porquê que estás tão anciosa, ela é apenas uma rapariga que vai para cima de um palco, faz umas danças e de certeza que não deve cantar, deve fazer playback.

- Cala-te! Tu não entendes! Ela é talentosa e famosa, é uma estrela. Ela viaja por todo o mundo, atua para multidões em estádios enormes, faz filmes que rendem milhões no cinema, conhece atores e outras personalidades famosas...

- De certeza que nos filmes usa duplos.

- Não usa nada!

- Como é que sabes? - perguntei-lhe erguendo a sobrancelha.

- Ela disse numa entrevista que não gosta de usar duplos, prefere ser ela a fazer tudo para deixar as cenas mais reais.

- Ela pode ter dito isso só para ficar bem em frente às câmeras.

Ela estava pronta para protestar mas a minha mãe interrompeu a nossa discussão assim que chegamos ao carro que nos levaria ao nosso destino.

- Já chega, parecem duas crianças!

Entrámos no carro e seguimos viagem.

- Espero poder conhecê-la!

- Quando o concerto acabar podes ir ter com ela ao camarim. - disse a minha mãe animando ainda mais a minha irmã. Se isto continua assim, ainda vai aparecer nas notícias que a família real morreu devido à explosão do veículo onde se encontravam.

Eu limitei-me a revirar os olhos. Tenho a certeza de que logo a noite a Sophia não irá parar de falar em como a Mia deve ser incrível.

Será um longo dia.

O Príncipe e a PopstarOnde histórias criam vida. Descubra agora