Capítulo 25

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Olhei para a minha mesa cabeceira, vendo as horas no relógio.

Quase onze da manhã, já era bastante tarde, mas ainda estava cheia de sono.

Ontem passei o resto do dia na cama. A Emma vinha trazer-me as refeições, ajudava-me a levantar caso precisasse, por causa das tonturas, passava tempo comigo a fazer-me companhia e antes de me deitar certificava-se que eu tomava um dos comprimidos que a enfermeira me dera para as dores.

Logo depois do jantar, foi a vez do meu tio e do meu primo de me visitarem.

Ambos estavam preocupadíssimos comigo, e o meu tio exigiu uma explicação detalhada do que tinha acontecido. Contei-lhe tudo como ele queria e logo vi a sua expressão ficar mais séria, os seus olhos olhavam-me mas não era aqui que eles estavam, mas sim no que tinha acontecido anos atrás com a minha mãe.

Algum tempo depois ele despediu-se e foi-se embora, enquanto o Zack se deixou estar mais tempo ao pé de mim. Ele deitou-se comigo e ficámos os dois em silêncio, sem dizer nada. Quando finalmente sentia o sono abraçar-me, o meu primo deixou-me e disse que no dia seguinte falávamos.

O sono veio, mas a vontade de dormir não.

Não deixava de remoer tudo na minha cabeça. O Edward, a Sophia, os ataques no reino, o que poderia ter acontecido à minha amiga caso eu não tivesse aparecido a tempo, o que ela vai ter de enfrentar daqui para a frente, o que o rei e a rainha deveriam estar a pensar de mim por saber desde o início o que se estava a passar e nunca ter dito nada a ninguém, o meu passado, as minhas recordações dolorosas, a rosa e o meu colar, o misterioso guardião do jardim secreto, o meu cartão perdido por aí...

Então sim, acho que é mais do que óbvio o porquê de eu não ter conseguido pregar olho esta noite.

Levantei-me devagar e sentei-me na cama. Hoje não chovia, mas olhando lá para fora era possível ver o céu nublado e cinzento, refletindo na perfeição o meu estado de espírito esta manhã, visto que me sentia mais deprimida do que queria estar.

Saí devagar da cama e fui até à casa de banho. Enchi a banheira e tirei o pijama, entrando nela assim que já tinha água suficiente. Deixei-me ser abraçada pela água quente cheia de espuma por algum tempo, saindo quando ela começou a arrefecer.

Enxuguei-me e vesti o roupão, voltando ao quarto.

- Mia, já estás de pé? Devias ter-me chamado, eu ajudava-te. - a Emma entrou no exato momento em que eu cruzei a porta da casa de banho, deixando a bandeja com comida em cima do banco em frente à minha cama e vindo rapidamente até mim, agarrando-me na mão e puxando-me com cuidado para me sentar com ela na cama.

- Eu apenas bati com a cabeça, não estou propriamente inválida! - tanta preocupação já me estava a deixar enervada, isso e ter de passar tanto tempo encerrada dentro destas quatro paredes, mas não podia ignorar as leves dores que sentia de vez em quando.

- Não, mas se a pancada tivesse sido pior podias ter ficado. - revirei os olhos, indo buscar a bandeja e começando a comer, estava esfomeada.

- Até agora ainda não consegui muito, mas já consegui ver alguns dos quartos dos empregados, e em nenhum deles achei o cartão, por isso já podemos riscar algumas opções da nossa lista de suspeitos. - ela disse enquanto eu bebia uma chávena de chá com mel.

- Certo... E sabes se ainda faltam muitos? - tinha de admitir que estava bastante curiosa para saber se havia mesmo alguém que tinha o meu cartão.

- Dos empregados ainda faltam alguns, ainda não vi os dos guardas e depois são os dos andares principais do palácio, e como não temos cá visitas sem contar contigo e com a tua família, os quartos que tenho de "revistar" resumem-se ao do teu tio, do teu primo e os do terceiro andar. - ao que parece ela tinha tudo controlado.

O Príncipe e a PopstarOnde histórias criam vida. Descubra agora