Capítulo 7

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 Fomos caminhando de braço dado ao longo daqueles imensos corredores, como se fossemos duas grandes amigas que se conhecem desde sempre a caminhar pelo centro comercial.

- Ainda falta muito para chegarmos à sala de jantar? - já estava a ficar com fome e também não sabia que era assim tão longe.

- Não, já estamos quase a chegar.

Continuámos a caminhar em direção à sala de jantar, mas agora aceleramos o passo.

Pouco tempo depois avistei portas duplas e um guarda de cada lado. Assim que nos aproximámos os guardas fizeram uma curta vénia e abriram as portas, dando-nos passagem.

Não perdi nem um segundo, os meus olhos percorreram todo o espaço. Era uma grande sala, com várias mesas circulares dispostas ao longo da sua extensão. O chão era num azulejo de tom delicado e leve e parecia tão limpo que quase se podia comer nele. Algumas janelas estavam abertas, deixando uma maravilhosa e refrescante brisa entrar no local, fazendo com que as cortinas, as toalhas de mesa e as flores mais altas dos centros de mesa que estavam mais próximas dançassem ao som da silenciosa melodia do vento.

Por vezes essa é a minha canção preferida. É como se fosse uma das melodias que a Natureza nos oferece de livre e espontânea vontade. Tanto pode ser uma suave e doce brisa numa tarde de verão, quando estamos alegres e felizes, como se pode transformar num vendaval num dia de tempestade no inverno, quando nos sentimos zangados ou angustiados.

Os enormes lustres pendiam do teto sobre as nossas cabeças, que era suportado por grandes colunas de mármore cuidadosamente trabalhado nos cantos do local.

Numa mesa no centro da sala e um pouco mais afastada das outras, estava o rei sentado, com o meu tio à sua direita, seguido pelo meu primo. Do lado esquerdo estava o príncipe, com a rainha ao seu lado e duas cadeiras vazias, que em breve seriam ocupadas por mim e pela princesa, que praticamente me estava a arrastar até ali.

- Demoraram meninas. Está tudo bem? - a rainha perguntou-nos enquanto a Sophia se sentava ao seu lado e eu na última cadeira disponível, mesmo entre ela e o Zack.

Olhem que conveniente.

- Sim, tudo. Peço desculpa, a culpa é minha. Fiquei um bocado para trás e a Sophia ficou comigo. Se tivesse ficado sozinha tenho a certeza que demoraria muito mais tempo para chegar aqui. - disse olhando para todos.

- Não faz mal. - a rainha lançou-me um sorriso tranquilizador quando voltei os olhos na sua direção.

Retribuí o sorriso e desviei a minha atenção dela e voltei-a para a mesa. No centro estava uma linda jarra com flores frescas de vários tipos. De certeza que vieram daqui dos jardins. Conseguia distinguir algumas túlipas, lírios e muitas rosinhas brancas. Os copos eram de cristal, os talheres eram de uma prata brilhante e os pratos de uma linda e delicada porcelana.

Parei de olhar assim para a mesa, ainda iam pensar que nunca vi uma colher na vida.

Ao mesmo tempo que levantei os olhos, estes cruzaram-se com um par de esmeraldas.

Encarámo-nos por três segundos no máximo, pois ele virou logo a cara e voltou a prestar atenção à conversa entre o meu tio e o rei. Aqueles olhos... aquela expressão... porquê? Porquê  que ele olha assim para mim? Porquê  que quando ele dirigiu a palavra a mim, a sua voz saiu tão fria, tão monótona, tão... sem vida? Com a Sophia foi tão fácil, uma pequena troca de palavras e um par de sorrisos e demo-nos logo bem. Já com ele, parece haver um abismo entre nós, um vazio enorme, que me incomoda de uma maneira que eu não consigo explicar.

Saí da minha bolha quando ouvi o som de portas a serem abertas. Por cima do ombro, avistei um empregado aproximar-se da nossa mesa com um carrinho, onde trazia uma terrina que deitava um cheiro delicioso. Ele fez uma vénia e pediu licença ao rei para pegar no seu prato e servi-lo, fazendo o mesmo com o príncipe, a rainha e por aí adiante até chegar a mim.

O Príncipe e a PopstarOnde histórias criam vida. Descubra agora