Capítulo 21

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Já estava quase pronta para descer para o pequeno-almoço, só precisava de me calçar e de encontrar os meus brincos.

Coloquei umas pequenas argolas de prata e uns ténis novos e limpos desta vez. Aproximei-me para dar uma olhada nas minhas rosas, apanhei algumas pétalas que estavam a querer cair e quando tirei uma que já estava mais estragada do arranjo, vi que o cartão que o Joseph tinha escrito para mim não estava ali. Olhei para o quarto rapidamente e não o encontrei, e também não me lembro onde o arrumei. Mas eu agora estou numa de perder tudo ou quê!?

Saí do quarto e fui para a sala de jantar.

Agora que estava de dia olhei de novo o caminho com atenção, agora que já havia mais luz nos corredores, talvez conseguisse ver o meu colar brilhar com mais facilidade.

Quando cheguei ao hall, olhei ao redor para ver se ele podia estar caído nalgum sítio, mas não o encontrei.

Pareceu-me ver alguma coisa brilhar atrás de um dos sofás, então praticamente corri até lá, mas tropecei pelo caminho e caí ao contrário em cima do sofá.

- Está tudo bem menina? - uma voz perguntou, e quando me sentei direita no sofá e acabei de tirar alguns dos meus cabelos da cara, encontrei o senhor John com uma cesta de pães nas mãos e uma expressão divertida na cara.

- Bom dia! Estou ótima, apenas perdi uma coisa...

- Foi o seu colar? - ele perguntou olhando para o meu pescoço.

- Como sabe? Por acaso viu-o!? - tinha a mão no pescoço no lugar onde as medalhinhas costumavam estar.

- Infelizmente não, apenas adivinhei pois não a tenho visto usá-lo.

O meu bom humor matinal estava a cair aos poucos.

- Tenho certeza de que o vai encontrar, ele não pode ter ganhado pernas e asas e ter fugido. - ele disse na brincadeira enquanto andava para a sala de jantar, para deixar os pães, e eu acompanhei-o.

- Espero que sim, mas num palácio tão grande como este vai ser como tentar encontrar uma agulha num palheiro! - disse levando as mãos ao alto, apontando para todo o lado.

- Bom, nada fica perdido para sempre.

Concordei com ele, e aquela frase ficou a voar na minha mente durante algum tempo. "Nada fica perdido para sempre". Lembrei-me do jardim secreto. Ele ainda está em bom estado, o que significa que alguém vai lá de vez em quando tratá-lo, mas quem? Será que é o senhor John? Nunca o vejo sem ser durante as horas das refeições, mas obviamente que ele pode ter outras coisas para fazer...

Assim que chegámos junto às portas, os guardas desejaram-nos os bons dias e deixaram-nos entrar.

Assim que entrei não consegui conter uma careta de desprezo assim que vi o Rixon sentado à mesa, falando calmamente com o rei, o meu tio e com a rainha.

Desejei-lhes os bons dias a todos e sentei-me no meu lugar.

Assim que o senhor John deixou a cestinha na mesa, fez uma vénia e retirou-se.

Eles estavam a falar de alguma coisa a que eu não prestava atenção, mas estavam muito sorridentes. Tenho a certeza de que se soubessem o que ele fez à Sophia não iriam achar tanta piada.

Olhei de relance para o lugar vazio ao lado do rei. O Edward ainda não tinha chegado.

Não conseguia tirar o que aconteceu ontem à noite da minha cabeça. O episódio da cozinha foi... inesperado. Eu estava a chorar pelos cantos antes de lá chegar, as imagens do meu pesadelo ainda pairavam na minha mente, mas depois de ele me abraçar e me ter pedido desculpa, senti-me incrivelmente melhor. Não sei como é que ele conseguiu, mas apenas com aquele gesto, a sua preocupação e a maneira como me tratou, fez com que eu esquecesse o que tinha acontecido durante algum tempo. Por um lado estou feliz por nos termos acertado, mas por outro tenho medo que tenha sido tudo imaginação minha, apenas um sonho. Temo que no momento em que ele passar por aquela porta e os nossos olhares se cruzarem, o Edward que me habituei a ver ainda lá esteja, e que a miragem de ontem à noite tenha desaparecido completamente.

O Príncipe e a PopstarOnde histórias criam vida. Descubra agora