Capítulo 15

5K 294 303
                                    

                          Edward

Acordei extraordinariamente cedo hoje.

Para dizer a verdade não dormi grande coisa. Nestes últimos dias eu, o Louis e o Jeremy temos andado bastante ocupados. Estamos a acompanhar a construção de um novo hospital para pessoas com necessidades especiais. Segundo as últimas estatísticas que analisei juntamente com o meu padrasto, parece que o número de pessoas a precisar deles aumentou nalgumas famílias e alguns casos já existentes têm vindo a piorar. Sempre conseguimos garantir que a população tivesse acesso aos cuidados de que necessitava, e graças a Deus tudo tem corrido sempre bem, houve muitas melhorias, mas a situação complicou-se quando um dos hospitais da zona oeste do reino incendiou e os doentes tiveram de ser retirados à pressa do edifício, e transferidos para outras unidades clínicas. Foi uma verdadeira desgraça, alguns idosos que estavam internados à espera de tratamento não conseguiram escapar, houve médicos e enfermeiros que ainda tentaram ajudar algumas mulheres e crianças, mas mesmo assim muitos não tiveram tanta sorte como os que conseguiram escapar à fúria das chamas. Eu e o meu padrasto temos andado a ver e rever os planos do hospital, a confirmar as listas e a quantidade de materiais que serão necessários e a analisar várias propostas de orçamento. Fico grato ao Jeremy por ele ter vindo, senão todo o trabalho demoraria ainda mais tempo. Temos uma reunião hoje à tarde com os responsáveis da construção, sendo que hoje tenho a manhã livre.

Levantei-me da cama depressa demais, o que resultou numa tontura enorme e horrível. Deixei-me estar sentado durante alguns minutos, para recuperar os sentidos e recompor-me. Assim que me senti melhor levantei-me e caminhei até ao closet. Olhando para a figura no espelho, eu não via um príncipe, via uma criatura um pouco mais parecida com um zombie. Estava despenteado e com a camisa toda amarrotada, consequências de ter adormecido vestido, enfim, pelo menos não tinha olheiras profundas debaixo dos olhos.

Voltei para o quarto e olhei para a rua pela janela da varanda. O Sol ainda tinha um brilho alaranjado e quente, característico e deslumbrante, pintando as paredes do meu covil de um tom quente e doce. Fui até ao móvel onde era habitual deixar o meu relógio, mas ele não estava lá, e agora também não me lembro onde o deixei. Fui ver se o deixei na mesa cabeceira mas nada, então fui ver na minha secretária.

Procurei debaixo das folhas, dentro do copo das canetas, atrás de molduras, talvez estivesse caído no chão, mas nada. Fui ver então dentro das gavetas. Abri-as a todas, de um lado e de outro, mas quando cheguei à última gaveta do lado esquerdo, o meu coração falhou algumas batidas e o meu cérebro deixou de funcionar.

Estendi a mão até ao fundo da gaveta e agarrei no pequeno anel de ouro com um grande diamante no meio.

Aproximei-o de mim e fiquei ali a olhar, assombrado com o que acabara de encontrar.

Olívia...

Ali, com aquela aliança na mão, o único nome que me vinha à cabeça e que fazia com que o meu coração se apertasse, era o dela. Milhares de memórias vieram à minha cabeça no momento. Os seus olhos, os seus cabelos, o seu sorriso, os seus lábios...

Ainda com o objeto na mão, dirigi-me à varanda. Apertei o objeto na mão e fechei os olhos para tentar acalmar-me, para ver se a minha cabeça voltava ao sítio e se conseguia esquecer, sentir o calor do Sol da manhã no rosto, o vento a soprar as folhas das árvores e a despentear ainda mais o meu cabelo, ouvir a água a ser jorrada das fontes e os pássaros a cantar.

Não funcionou...

Agora, só conseguia pensar no que sentia de cada vez que a via, o meu coração disparava e era impossível conter um sorriso, lembro-me ainda mais de sentir os seus lábios sobre os meus, e em vez de ser o vento a despentear-me, as mãos dela encarregavam-se desse trabalho. O som do seu riso e da sua voz já chegaram a ser os mais maravilhosos e bonitos de se ouvir, mas agora só de ouvir o seu nome sinto-me a cair num abismo de dor e desilusão.

O Príncipe e a PopstarOnde histórias criam vida. Descubra agora