Capítulo 19

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                           Edward

Sabem aquelas vezes em que dormimos tão bem que nem damos pelo tempo passar? Aquelas vezes em que dormimos como um bebé, ou no meu caso, como uma pedra mesmo. São essas manhãs que para mim são as piores, pois quando tenho de ficar acordado até tarde a trabalhar, durmo mal e é mais fácil acordar, porque já estou praticamente acordado, mas quando durmo bem, sair da cama pode ser a tarefa mais difícil de realizar durante o dia inteiro, nem mesmo ter de estar numa mesa de reuniões juntamente com o meu padrasto, os seus conselheiros e todos os membros do parlamento é um desafio tão grande quanto este.

Os meus dias também não têm sido assim muito interessantes. Desde que o Jeremy veio para ajudar, o meu padrasto reduziu-me bastante a carga de trabalho que tinha nos meus ombros, o que é uma maravilha.

Já estava acordado, deitado na cama e a encarar o teto branco acima de mim, como se estivesse à espera que ele me mostrasse todas as respostas para as minhas dúvidas.

Nos últimos dias a minha cabeça anda completamente desnorteada, os meus pensamentos sem rumo algum, ou melhor eles têm um rumo, mas o rumo que eu queria que eles tomassem não é propriamente ela.

Desde o dia em que a vi a tocar piano na sala de música, alguma coisa dentro de mim se acendeu, como se fosse algo que já havia esquecido há muito tempo. Durante aquele tempo, senti como se a tivesse visto verdadeiramente, sem ninguém ao redor ou com câmaras a apontar na nossa direção. Ela parecia tão serena, tão sensível, tão frágil, tão...

Não! Não posso!

Ela é uma atriz, é como ela! Quem me garante que eu não vou sair magoado, de novo!? Quem me garante que ela vai ser sincera comigo, que não me vai enganar como já fui enganado!? Como é que eu sei que posso confiar nela, sem que me partam o coração novamente!? Como é que eu vou conseguir aproximar-me dela, se neste momento é como se houvesse uma força, que me empurra para ela de cada vez que a vejo, mas há sempre aquela picada lá no fundo do meu ser, que me diz sempre para me afastar!?

Sim, definitivamente o teto não me vai ajudar a perceber isso.

Levantei-me, arrepiando-me com a brisa que entrava pela janela aberta.

Fui até à varanda e fiquei ali um bocado, apenas a apanhar o Sol da manhã e ver se espairecia. Começar logo pela manhã a remoer tudo sobre a Mia na minha cabeça não é nada bom.

Regressei para dentro do quarto, fui até à casa de banho e tomei um duche demorado.

Debaixo de água, continuei a remoer tudo outra vez. Eu não consigo explicar, mas existe mesmo alguma coisa que me empurra para a Mia, daquela vez em que nos encarámos de manhã, não consegui desviar o olhar dos seus olhos azuis, profundos poços, cheios de palavras que sei que ela gostava de dizer, mas que não pode, ou não quer.

Ao mesmo tempo que sou empurrado para ela, lembro-me constantemente da vez em que ficámos trancados na sala de música. Ver o seu olhar azul, eletrizante e superior, quando conseguiu abrir a porta. A forma como recuou quando eu me aproximei, e foi difícil não me sentir bem ao constatar que afinal surtia algum efeito nela. E, depois, consegui sentir o calor do seu corpo junto ao meu, quando ela caiu ao meu colo, encostada a mim. A minha pele arrepiou-se, mesmo por debaixo da roupa, espantei-me por ela conseguir fazer isso comigo, e a fragrância dos seus cabelos ainda está perfeitamente viva na minha mente.

Mudei a temperatura da água para gelada, para ver se me consigo focar nalguma coisa importante.

Desliguei a água e enrolei uma toalha à volta da minha cintura, enquanto me secava com outra e ia até ao closet tirar alguma coisa para vestir.

O Príncipe e a PopstarOnde histórias criam vida. Descubra agora