Capítulo 10

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Edward

- Edward! – ela chamou-me assim que passei por ela - O quê que se passa?

- Desculpa? – fiquei confuso com aquela pergunta vinda do nada.

- O quê que se passa? – repetiu a pergunta.

- Comigo não se passa nada. – disse como se fosse óbvio.

- Então porquê que me tratas assim? Porquê que mal falamos? Porquê que das poucas vezes que falamos, a tua voz sai como se estivesse sem vida?

- A minha voz sai sempre normal, mas talvez tu aches que sai diferente, porque como és cantora, és uma "especialista em vozes" – fiz aspas com os dedos nestas últimas palavras. Como assim a minha voz sai sem vida? Se eu quisesse falar com ela falava. A sério que me estou a sujeitar a isto?

- O quê?

- Sabes que mais? Não tenho tempo para isto, tenho mais que fazer. – virei-me e continuei a caminhar, ignorando-a. Isto é completamente ridículo, desde quando é que lhe devo satisfações sobre mim?

- Olha lá qual é o teu problema!? – ela disse nas minhas costas, com o tom de voz elevado demais para o meu gosto, será que ela tem noção de que está a falar com o seu futuro rei? Parei de andar e virei-me instantaneamente, indo na direção dela, com os punhos fechados com muita força ao lado do meu corpo, os dentes cerrados e com o olhar a fervilhar de raiva, mostrando que ela não tinha o direito de falar assim comigo. Ela fez o mesmo, caminhou na minha direção sem hesitação alguma, com postura determinada e com os olhos cheios de uma raiva que parecia crescer dentro dela. Caminhámos até estarmos a no máximo três passos de distância um do outro.

- O meu problema... - comecei, tentando soar o mais ameaçadoramente que conseguia – é que eu não consigo, nem quero sequer, suportar pessoas irritantes que se acham muito boas. Não consigo suportar aqueles que não conseguem entender como é preciso trabalhar imenso na vida. Não suporto pessoas que não têm a noção de como é importante saber a noção de responsabilidade e dever.

Ela ficou uns segundos calada, apenas a olhar para mim, tentando provavelmente digerir tudo o que lhe dissera. Tive vontade de lhe dizer "O que foi? O gato comeu-te a língua?".

Ela não pareceu ficar intimidada, ou então se estava com medo conseguiu escondê-lo muito bem, afinal ela é uma atriz, representar, enganar os outros, fingir ser o que não é para ter o que bem deseja, é o seu trabalho. Colocar uma máscara e usá-la da melhor maneira possível. Eu fazia o mesmo, usar uma máscara quando é necessário. Ao longo da minha vida, fui percebendo muitas coisas e entendendo que a vida está muito longe de ser um mar de rosas, que muitas vezes nem tudo é o que aparenta ser, afinal é como dizem: nem tudo o que brilha é ouro. Sei que existem muitas coisas e muitas pessoas à nossa volta que apenas estão lá para nos prejudicar, sem nós sabermos das suas reais intenções. É muito difícil confiarmos em alguém a cem por cento, pois muitas vezes são aqueles de quem mais gostamos que acabam por nos deixar com as maiores feridas, aquelas de que nos recordamos constantemente e aquelas em que o tempo parece ser o único que consegue fazer com que elas cicatrizem de uma vez por todas.

Faz parte de mim, aliás de todos os governantes, esconder as nossas emoções, permanecer impassíveis, indiferentes e imperturbáveis do lado de fora, quando na realidade podemos estar a sentir um furacão de sentimentos por dentro. Fiquei ali a olhá-la durante uns segundos, pois ela encarava-me sem dizer uma única palavra, apenas avaliando-me.

- Então, segundo Vossa Alteza Real, eu não trabalho, nem sou responsável, não sei o que é ter um dever, sou irritante e acho-me melhor do que as outras pessoas. É isso? – perguntou avançando um passo na minha direção, tentando mostrar-se imponente.

O Príncipe e a PopstarOnde histórias criam vida. Descubra agora