capitulo 1 o noivado REVISADO

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13 ANOS DEPOIS

                                     

Laís se preparava para seu noivado numa manhã nublada de sábado. Os Stravinsky moravam em uma casa imperial, em uma área nobre de Moscou. A cerimônia que contaria com boa parte da mídia local e para muitas meninas seria a união do século. Mas pra Laís aquele seria apenas um dia a mais no seu martírio de vida.

Tudo ia de mal a pior na sua vida desde que colocou os pés naquela maldita casa. Era completamente infeliz desde então. Sentia falta dos pais que mal ligavam para ela devido as restrições da família na qual morava. Dos tios e avós. Hoje ao se olhar no espelho já não reconhecia a mulher que via.
Os cabelos tingidos para ganharem a mesma tonalidade das mulheres russas haviam acabado com o último traço que ela tinha do avô materno. A cabeleira loira e os olhos claros faziam que ela fosse confundida facilmente com uma autêntica russa. 
—Anda princesa. —Uma das criadas a avança sobre o corredor.
A única que ainda conseguia ser gentil com a pobre menina, já que boa parte das pessoas a tratavam como um cão. Florinda via perfeitamente o que as pessoas faziam com Laís. 

Fazia pouco mais de dois anos que os pais de seu futuro noivo haviam morrido. Laís viu um sopro de esperança ali, porem o irmão mais velho dos Stravinsky continuou a afirmar que mesmo depois da morte dos pais o contrato assinado por Antoni para casar a filha com seu irmão mais novo continuava.

A família que restou carregando o nome da família eram apenas três irmãos. Todos homens e com casamentos arranjados.
Iam Stravinsky era o mais velho. Bonito, inteligente e apaixonado pela esposa tinha Laís como uma irmã mais nova. Toda vez que estava na mansão se preocupava em saber como a menina estava.

Ao contrário dele, o irmão do meio Diego Stravinsky não era o mais sociável. Sempre muito quieto, conversava pouco. E segundo a memória de Laís podia contar nos dedos quantas vezes havia ouvido a voz dele. O grande problema da garota em si não era esse. O fato é que mesmo morando 13 anos na mesma casa que a família de seu noivo nunca havia posto os olhos nele. Já mais. 

—Eu não quero me casar Florinda. —A menina olhava tristonha pra empregada que tinha idade pra ser sua mãe. —Eu nem se quer o conheço! Que tipo de casamento é esse?

—Vocês não se conhecem, mas terão muito tempo pra isso!

—E se ele não gostar de mim? 
—Laís. —A mulher tinha um tom maternal que consolava a garota.

—Olhe pra você meu anjo, é linda! Eu sei que ele já mais iria  rejeitá -la.

—Você tenta me animar.

—A gentalha já está vestida? —Maitê era o pesadelo da pobre Laís. Prima dos meninos, morava com ele desde que seus pais a expulsaram de casa. Laís já mais soube o motivo, aliás, isso nem era importante. Não para ela, queria distancia mortal da moça de cabelos longos e carinha de anjo. —Você nunca vai pertencer a essa família! Você não tem ideia de como meu primo é, espero que ele te deteste. —Os olhos dela correram dos pés a cabeça de Laís e um sorriso debochado brotou nos lábios dela. —E olha, não será muito difícil! Olha pra você...
Florinda se irritava perfeitamente com o jeito desdenhoso que a menina tinha. Quase sempre conseguia fazer Laís chorar profundamente. Gostava de esfregar coisas na cara de Laís.

—Nos deixe terminar. —Florinda repreendeu a menina.
—Claro. —Maitê respondeu como se não houvesse feito nada e saiu do quarto.
—Porque ela faz isso? —Laís abraçou a mulher e escorou a cabeça em seu ombro.
—Eu não sei. —Florinda beijou os cabelos dela como uma forma de acalmá-la. —Mas não se preocupe com ela, você tem que ter o carinho apenas dele. Ela não importa.

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