Capitulo 36 O fim

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-O que?-Amanda perguntou incrédula a noite, no hotel luxuoso onde eles estavam, em Londres.-Você está me deixando?

-Estou.-Disse, sentado na ponta da cama. Não lhe agradava fazer isso, mas era absurdamente necessário.

-Por quê?-Perguntou atônita.

-Amanda, eu amo a Laís.-Disse, sério, e viu a compreensão invadir o rosto da loira.-Eu precisei de todo esse tempo pra descobrir que sentia falta dela. Não é justo pra nenhuma das duas eu continuar contigo, se é ela que eu quero.-Explicou, sério.

-Foi pra isso, essa viajem. Foi pra me tirar de lá.-Murmurou, entendendo.

-Foi pra que você não fosse atrás dela. Ela não tem nada a ver com isso. Ela não me pediu pra deixar você em nenhum momento. Foi uma decisão minha.

-Porque está fazendo isso? Você me amava.-Constatou, olhando pra frente.

-Porque é o único jeito de se fazer. "Adeus, eu não te amo mais."-Ele respirou fundo.-É a única maneira. Quando se ama não se diz adeus.

-Eu não acredito que você está fazendo isso.

-Mas eu estou. Eu perdi tempo demais revivendo o passado, revivendo algo morto, eu quase perdi a minha mulher.-Continuou, e seu rosto continuava sério.-Eu vou voltar pra casa. Vou deixar tudo pago, pra que você possa ficar aqui o tempo que precisar. Me perdoe.-Ela não conseguiu falar nada. Ele lhe deu um beijo na testa, e saiu.

Christopher chegou em casa na tarde seguinte. Chovia, havia raios, trovões. Mas ele estava feliz. Estava voltando pra Laís. Os problemas haviam acabado. Ele entrou na mansão pingando água, mas não se importou. Foi direto procurar a mulher. Mas ao chegar ao quarto do casal, não havia ninguém, só o frio.

Estranho. Laís costumava deixar Isadora na cama, quando fazia frio desse jeito. Ele resolveu se secar, e depois ir atrás dela. Ele abriu o enorme guarda-roupa, em busca de uma toalha seca. Pegou ela, e secou o rosto. Quando ia fechar a porta, olhou pro vazio onde ficavam as coisas de Isadora. Não havia nada ali.

Christopher não sabia por que, mas seu peito deu um salto doloroso ao ver que as roupas da menina não estavam ali. Ele abriu as gavetas da filha, mas não havia nada. Nem uma fralda, nem um vestido, nada.

As mãos dele estavam meio trêmulas quando ele abriu a porta onde ficavam as roupas de Laís. Lá tinha só um pouco mais da metade.

Christopher se afastou do guarda-roupa, com o rosto em choque. Ele ia atrás de Diego, quando olhou o berço da filha. Havia um envelope branco lá.

-Laís, não.-Murmurou, ao pegar o envelope, e ver seu nome com a escrita de Laís nele. Já sabia o que era. Seu coração sabia.

Christopher,

Estou deixando você livre. Nós dois sabemos que nosso casamento não tem mais futuro, não dava pra continuar do jeito que estava. Eu estou indo embora, agora. Fiz o que pude, mas não deu certo. Eu tentei segurar isso, mas dói demais. Tentei perdoar, mas não foi o suficiente pra deixar as coisas bem. Por favor, por favor, por tudo o que nós já vivemos, não venha atrás de mim. Não prolongue mais isso. Agora você pode assumir a Amanda, podem ser felizes, sem o empecilho que eu me tornei.

A dor de Christopher era tão grande, que chegava a sufocá-lo. Seus olhos ardiam. Até a hora que algo líquido escorreu de lá. Ele fez uma careta, e tocou o rosto, olhando a mão em seguida. Estava chorando.

-Laís.-Chamou, de novo, criando coragem pra ler o final da carta.

Me perdoe por Isadora. É cruel tirar ela de você, eu sei que é. Mas deixá-la ai e fugir, estava fora de cogitação. Eu sei que você vai ter outros filhos, e então ela não fará mais tanta falta. Perdoe-me por ser covarde, por não agüentar. Vou sentir sua falta, mas é melhor assim. Perdoe-me por tudo.

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